Tá aí, se tem uma festa que não celebro é o tal do Natal. De criança, sim, toda aquela alienaçãozinha do bom velhinho que botaria meu presente numa meia caso tivesse sido boazinha. Como eu cresci e aos poucos fui me tornando um ser inteligente e racional, percebi que não concordo com a maior parte do festejo. E olha que se fosse por vontade minha, seria a primeira a armar a árvore natalina, primeiro, porque deve ser divertidíssimo estourar o cartão de crédito e os pés na busca do presente, para depois se estressar e estressar todo mundo para que a ceia saia perfeita. E isso, tampouco entendo. Não é só juntar a família para comer? A tal da ceia, hum...nunca consegue ser perfeita. Sempre vem aquele parente "bacana", que só vai na sua casa para comer o tal chester (num calor de 35 graus). A minha mãe, ela é muito gente boa. Vive se preocupando em servir e a agradar a todos, inclusive os sapos que os parentes desagradáveis trazem. Mas ela tem um problema irritante que é implicar com a roupa do meu pai, que tenta, coitado, disfarçar a idade que tem. E aí começa aquele bafafá para o meu pai tirar o boné, que esconde a 7 chaves a tal calvice. E é ridículo ter que escutar as discussões que sucedem. Pô, o cara é feliz assim, e o natal não é tempo de felicidade?
Tudo bem, agora estou praticamente casada, longe do Brasil e com a família do meu namorado. A história poderia ser diferente, mas não é. O histerismo coletivo continua: minha sogra que reclama que faz tudo sozinha, a cunhada folgada que só quer ser servida e grita com todo mundo se as coisas nõ saem do jeito dela, a outra cunhada que te faz sentir um lixo porque recebeu de você um presente que ela não considera de luxo.
Por isso, cada vez que escuto essas frases com votos de felicidade - transformando esses demônios em recém anjos após a meia-noite, sinto uma tremenda vontade de vomitar, porque este não é o espírito que devíamos ter. Sou agnóstica, portanto, não deveria me importar com essas coisas. Mas tenho uma espiritualidade - que parte de um vínculo moral, que me impede de desfrutar de tudo isso. Acho imoral ser parte dessa estratégia consumista que me obriga a sentir a necessidade de comprar e receber um presente; de ter que gastar dinheiro para comprar uma roupa para agradar, inclusive, às pessoas que não gosto. Trata-se de um ritual macabro, impiedoso que por mais desconfortável que seja, faz você acreditar que isso é legal. Mas não amiga, isso não é legal, pois te asseguro que me sinto vergonha alheia ao ver esse milhão de baratas tontas abarrotadas com suas sacolas de marcas passando ao lado de uma mãe com três filhos sentados no chão, pedindo esmola e comendo o que acharam no lixo do Mc Donald´s.
Por isso, com o Luis decidimos que, a partir de hoje, todos os natais passaremos na rua, com moradores de rua. Nossa ambição não é levar paz e felicidade, porque não acredito que quem vive miseravelmente num mundo tão superficial, consiga não se deixar atingir pelas superficialidades. Queremos levar às suas vidas um pouco de amor e companhia, não porque somos bonzinhos, mas porque para nós, este é o verdadeiro significado do natal.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
O que você quer ser quando crescer?
Embora sentisse certo prazer em torturar meus coleguinhas com severos castigos por errar um cálculo qualquer, nunca tive vontade de ser professora. Dizia que dava muito trabalho. A verdade é desde pequena, nunca tive muita paciência para explicar. Prefiro aprender que ensinar, sabe? Mas isso descobri muitos anos depois...
- Michele, o que você quer ser quando crescer?
- Feirante.
- Mas por que feirante, filha?
Não sabia. Achava a profissão divertida, pois nela você conhecia gente a todo momento. Na feira se fazia amigos, se comia deliciosos pasteis japonês, cocadas, frutas... e era todo um evento social. Só quem é de São Paulo, sabe o que uma feira representa. Passaram-se alguns anos, e lá veio a pergunta novamente:
- Mi, o que você vai ser quando crescer?
- Coletor de lixo.
- Mas filha, por quê?
Porque achava o máximo recolher o lixo alheio! Ficava olhando aqueles homens rindo, correndo atrás de um caminhão, livres. Mas nem sempre quis ser coletora de lixo. Fui mudando de gosto, todos sem qualquer ambição, mas essa não era a minha preocupação. Também quis ser pastora de igreja evangélica, atendente no Mc Donald´s, até coveira quis ser.
Cresci e ainda tenho sonhos insanos para a minha vida. Da mesma forma que continuo tirando o sono da minha mae, que me acha um caso perdido. Mas é que gosto da vida assim, fresca, colorida e ruidosa como as feiras; boêmia, livre e sempre com coisas a reciclar como o lixo. Posso assegurar que nesses 31 anos, minhas escolhas não poderiam ter sido melhores. Palavra!
Amo essa música.
- Michele, o que você quer ser quando crescer?
- Feirante.
- Mas por que feirante, filha?
Não sabia. Achava a profissão divertida, pois nela você conhecia gente a todo momento. Na feira se fazia amigos, se comia deliciosos pasteis japonês, cocadas, frutas... e era todo um evento social. Só quem é de São Paulo, sabe o que uma feira representa. Passaram-se alguns anos, e lá veio a pergunta novamente:
- Mi, o que você vai ser quando crescer?
- Coletor de lixo.
- Mas filha, por quê?
Porque achava o máximo recolher o lixo alheio! Ficava olhando aqueles homens rindo, correndo atrás de um caminhão, livres. Mas nem sempre quis ser coletora de lixo. Fui mudando de gosto, todos sem qualquer ambição, mas essa não era a minha preocupação. Também quis ser pastora de igreja evangélica, atendente no Mc Donald´s, até coveira quis ser.
Cresci e ainda tenho sonhos insanos para a minha vida. Da mesma forma que continuo tirando o sono da minha mae, que me acha um caso perdido. Mas é que gosto da vida assim, fresca, colorida e ruidosa como as feiras; boêmia, livre e sempre com coisas a reciclar como o lixo. Posso assegurar que nesses 31 anos, minhas escolhas não poderiam ter sido melhores. Palavra!
Amo essa música.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Tentativa de slow life
Cheguei à conclusão de que estou envelhecendo da pior forma possível. Como feito porco para engorde e igual que um suíno, não faço nada todo o dia, além de mastigar e ingerir. Mentira, trabalho bastante, com o detalhe de que passo o dia inteiro sentada. reconheço que o sedentarismo combinado com a gula não faz bem. Por outro lado, durmo pouco. E quando durmo, sonho que trabalho. A solução radical foi trocar os croissants por maçãs com cereais e mel - horrível, mas estou tentando. Dentro das mudanças radicais inclui canalizar o meu estresse: não brigar com o Luis porque a roupa dele está completamente espalhada pelo chão, não me importar se alguém mais veloz que eu rouba o meu assento no metrô quando tenho o pé cheio de bolhas e não ter taquicardias ao ver meu recibo de pagamento e a fatura do cartão de crédito e chegar à fatal conclusão de que trabalho para nada.
Ontem acordei cedo. Para começar o dia, botei música hindu na cozinha, enquanto comia minhas maçãs com cereais e mel. Depois, fui caminhar na praça, sem o Ipod - para escutar o canto dos passarinhos. Voltei pra casa e estava tão animada com a ideia do slow life que decidi ir à praça novamente, mas desta vez, com o cachorro. Como o Sasha - o cachorro... antes de seguir, um esclarecimento: segundo o Luis, Sasha é o apelido de Nicolás em Russo, uma espécie de Chico para os nossos Franciscos. Esclareço isso, porque sempre pensam que o Sasha é uma fêmea, coitado. Continuando... como o Sasha está velhinho e fica ansioso para fazer pipi, mal abri a porta da entrada do prédio para dar aquela mijada caprichada na porta da vizinha, quando ela recém havia lavado. Pedi desculpas, disse que ela tinha razão e até me dispus a limpar o xixi, mas a velha desgraçada não parava de berrar, juntando plateia na porta de casa, uma vergonha. Respirei fundo, tentei usar as técnicas de respiração que li no wikipédia, mas nada. Me senti tão ultrajada que abri a boca, ali mesmo, na frente de todo mundo mais o cachorro. O porteiro, coitado, sensibilizado foi lá jogar água com sabão pra ver se a desgraçada da velha calava aquele trombone que ela chama de boca. Contei para o Luis a incompreensão cometida contra mim e Sasha e num momento repentino, saí do transe. Como não havia juntado o cocô dos gatos - tenho dois, inclusive, uma está com problemas gastrointestinais, largando uma merda tão fétida que você pensa em se atirar pela janela. Juntei a bosta. Guardei num saquinho e ordenei que ninguém tocasse na minha merda. E assim passei o dia coletando merda com a ajuda do Luis. Agora a pouco, na calada da noite, peguei toda a bosta que tinha, e lambuzei a porta da véia, hahaha.
Filha da puta, agora quero ver você gritar, berrar, espernear para eu escutar, rir e me deliciar com o seu histerismo demoníaco, vaca do caralho!
PS: O mijão é esse aí da foto =)
Ontem acordei cedo. Para começar o dia, botei música hindu na cozinha, enquanto comia minhas maçãs com cereais e mel. Depois, fui caminhar na praça, sem o Ipod - para escutar o canto dos passarinhos. Voltei pra casa e estava tão animada com a ideia do slow life que decidi ir à praça novamente, mas desta vez, com o cachorro. Como o Sasha - o cachorro... antes de seguir, um esclarecimento: segundo o Luis, Sasha é o apelido de Nicolás em Russo, uma espécie de Chico para os nossos Franciscos. Esclareço isso, porque sempre pensam que o Sasha é uma fêmea, coitado. Continuando... como o Sasha está velhinho e fica ansioso para fazer pipi, mal abri a porta da entrada do prédio para dar aquela mijada caprichada na porta da vizinha, quando ela recém havia lavado. Pedi desculpas, disse que ela tinha razão e até me dispus a limpar o xixi, mas a velha desgraçada não parava de berrar, juntando plateia na porta de casa, uma vergonha. Respirei fundo, tentei usar as técnicas de respiração que li no wikipédia, mas nada. Me senti tão ultrajada que abri a boca, ali mesmo, na frente de todo mundo mais o cachorro. O porteiro, coitado, sensibilizado foi lá jogar água com sabão pra ver se a desgraçada da velha calava aquele trombone que ela chama de boca. Contei para o Luis a incompreensão cometida contra mim e Sasha e num momento repentino, saí do transe. Como não havia juntado o cocô dos gatos - tenho dois, inclusive, uma está com problemas gastrointestinais, largando uma merda tão fétida que você pensa em se atirar pela janela. Juntei a bosta. Guardei num saquinho e ordenei que ninguém tocasse na minha merda. E assim passei o dia coletando merda com a ajuda do Luis. Agora a pouco, na calada da noite, peguei toda a bosta que tinha, e lambuzei a porta da véia, hahaha.
Filha da puta, agora quero ver você gritar, berrar, espernear para eu escutar, rir e me deliciar com o seu histerismo demoníaco, vaca do caralho!
PS: O mijão é esse aí da foto =)
domingo, 28 de novembro de 2010
Baixa produtividade
Tenho que admitir que exitem situações que me deixam com a consciência pesada: não estudar quando devo, deixar cerveja no copo e não escrever no meu blog. E olha que isso aqui não é pra sustentar ego não. É a minha terapia de grupo, onde descarrego meus demônios, e em troca, recebo conselhos e palavras amigas.
Mas minha gente, ao contrário do resto do planeta, fim de ano para mim é barra. Primeiro, porque estou destruída de tanta canseira. Segundo porque tem o pacote: aniversário+natal+ano novo que não tolero e terceiro, porque estou longe de casa há muito mais de uma simples semana e muito próxima ao meu amor...mas isso é tema para outro dia.
Mas para que não se preocupem - devido aos meus últimos posts e o meu chá de sumiço, estou bem, e ainda não me internaram no hospício.
Só é uma fase, aquela em que não vem nada interessante na cabeça, só idiotices.
Mas enquanto isso, estou lendo muitos blogs de amigos - que estão cada vez melhores!
Fica a ideia das sugestões, que aliás, são sempre muito bem vindas. Beijos da magra!
Mas minha gente, ao contrário do resto do planeta, fim de ano para mim é barra. Primeiro, porque estou destruída de tanta canseira. Segundo porque tem o pacote: aniversário+natal+ano novo que não tolero e terceiro, porque estou longe de casa há muito mais de uma simples semana e muito próxima ao meu amor...mas isso é tema para outro dia.
Mas para que não se preocupem - devido aos meus últimos posts e o meu chá de sumiço, estou bem, e ainda não me internaram no hospício.
Só é uma fase, aquela em que não vem nada interessante na cabeça, só idiotices.
Mas enquanto isso, estou lendo muitos blogs de amigos - que estão cada vez melhores!
Fica a ideia das sugestões, que aliás, são sempre muito bem vindas. Beijos da magra!
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
A vida não é um comercial de margarina
Sempre quis acreditar que para ser feliz não é necessário ter alguém do lado. Menos ainda, seguir o velho roteiro pré-fabricado que impõe o sucesso profissional, o casamento e os filhos como a melhor receita para viver uma publicidade da margarina Qualy.
Com os anos, reconheci que é difícil lutar contra esse sistema machista, que arrasta com ele milhares de mulheres inteligentes, modernas e que, mesmo não necessitando de alguém para se sentir completa, terminam sendo convencidas do contrário. E nós mulheres realmente nos frustramos quando não encontramos o tal garoto propaganda para a tal publicidade de margarina.
Hoje tenho 30 anos. Falta pouco para os 31. É terrível isso, mas sinto que passei do tempo de casar, de ter filhos, de ter uma casa com jardim e um cachorro que pula em mim enquanto sustento uma enorme jarra de suco de laranja. Isso, porque a minha relação, que dura há 6 anos, não está dando certo. Então fica aquele ranço de frustração, as perguntas de onde estão as falhas e a incerteza da possibilidade de recomeçar com outro cara, tudo de novo, o ciclo.
No meu caso, começou perfeito. Conheci um homem inteligente, honesto, amoroso e fiel. Me convenci sobre as vantagens de uma relação a dois, dessa outra metade a quem serviria uma tremenda jarra de suco, ali na cozinha, com o café da manhã, o cachorro, as crianças. Me entorpeci com os milhares de planos rotineiros, como a cor da parede da casa, a educação dos filhos e os últimos anos da minha vida ao lado do homem que escolhi para ser meu companheiro. Levei anos trabalhando duro para me convencer de que necessitava desse roteiro sem muita originalidade, até estar completamente adoutrinada. E é isso que me causa pena, pena de mim mesma, porque eu e meu companheiro nos amamos, mas vemos que juntos não damos certo. Então, queremos dar a volta por cima. Mas recomeçar como, de que jeito? Confesso que recomeçar um projeto de vida que inclui uma nova pessoa, com novos hábitos, gostos, jeito de ser, não é tão simples como iniciar uma vida em uma nova casa, reiniciar um projeto com um novo profissional, retomar a tese com um orientador diferente. É quase insuportável recomeçar quando uma vez você achou que estava tudo encaixado, justo e moldado.
Agora fica aquele medo bobo, aquela insegurança que te deprime, que te bota pra baixo. Fiquei desanimada, sinto que falhei, falhamos e pra que planejar tanto se certamente não vai dar certo?
Eu sei, é possível sim seguir a diante, com um cara mais bonito, mais inteligente, mais amoroso. Pode ser. Mas dar o primeiro passo quando você reconhece que a vida nunca será um comercial de margarina, é o maior de todos os desafios.
Com os anos, reconheci que é difícil lutar contra esse sistema machista, que arrasta com ele milhares de mulheres inteligentes, modernas e que, mesmo não necessitando de alguém para se sentir completa, terminam sendo convencidas do contrário. E nós mulheres realmente nos frustramos quando não encontramos o tal garoto propaganda para a tal publicidade de margarina.
Hoje tenho 30 anos. Falta pouco para os 31. É terrível isso, mas sinto que passei do tempo de casar, de ter filhos, de ter uma casa com jardim e um cachorro que pula em mim enquanto sustento uma enorme jarra de suco de laranja. Isso, porque a minha relação, que dura há 6 anos, não está dando certo. Então fica aquele ranço de frustração, as perguntas de onde estão as falhas e a incerteza da possibilidade de recomeçar com outro cara, tudo de novo, o ciclo.
No meu caso, começou perfeito. Conheci um homem inteligente, honesto, amoroso e fiel. Me convenci sobre as vantagens de uma relação a dois, dessa outra metade a quem serviria uma tremenda jarra de suco, ali na cozinha, com o café da manhã, o cachorro, as crianças. Me entorpeci com os milhares de planos rotineiros, como a cor da parede da casa, a educação dos filhos e os últimos anos da minha vida ao lado do homem que escolhi para ser meu companheiro. Levei anos trabalhando duro para me convencer de que necessitava desse roteiro sem muita originalidade, até estar completamente adoutrinada. E é isso que me causa pena, pena de mim mesma, porque eu e meu companheiro nos amamos, mas vemos que juntos não damos certo. Então, queremos dar a volta por cima. Mas recomeçar como, de que jeito? Confesso que recomeçar um projeto de vida que inclui uma nova pessoa, com novos hábitos, gostos, jeito de ser, não é tão simples como iniciar uma vida em uma nova casa, reiniciar um projeto com um novo profissional, retomar a tese com um orientador diferente. É quase insuportável recomeçar quando uma vez você achou que estava tudo encaixado, justo e moldado.
Agora fica aquele medo bobo, aquela insegurança que te deprime, que te bota pra baixo. Fiquei desanimada, sinto que falhei, falhamos e pra que planejar tanto se certamente não vai dar certo?
Eu sei, é possível sim seguir a diante, com um cara mais bonito, mais inteligente, mais amoroso. Pode ser. Mas dar o primeiro passo quando você reconhece que a vida nunca será um comercial de margarina, é o maior de todos os desafios.
Marcadores:
A vida não é um comercial de margarina
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
É nóis na segunda fase do Top Blog 2010
Valeu galera! Ontem foi uma comemoração que só: eu, Luis, minha sogra e os gatos. Todo mundo naqueeeela expectativa.
Continuem votando. Se ganho a "moto", vendo pra pagar as dívidas e visitar a família no fim do ano.
A causa é nobre...então, ajuda aê.
Beijosssssssssssssssssssssssss
Continuem votando. Se ganho a "moto", vendo pra pagar as dívidas e visitar a família no fim do ano.
A causa é nobre...então, ajuda aê.
Beijosssssssssssssssssssssssss
Marcadores:
É nóis na segunda fase do Top Blog 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Horóscopo da semana: Inferno Astral
Não sou adepta à astrologia não, mas quando vi o meu signo estampado no final da revista, fiquei curiosa. Por que não dar uma espiada? Afinal, o que de tão ruim pode trazer algumas previsões? Pensei.
Logo de cara, me chamou a atenção que para Sagitário - meu signo, Júpiter estivesse em trânsito por estar em conjunção com Vênus (???) Se o trauma de infância me permite, recordo que conjunção é um elemento gramatical de uma estrutura sintática ou morfológica de uma Língua. Misturado com Astronomia, juro, senti um terrível inferno semântico explodindo na minha cabeça. Com a Geografia, eu era mais dada, e recordo que esses dois planetas estão bemmm longe um do outro, inclusive, bemmm separados pelo cordão de asteróides entre Marte e Júpiter. Então, mais confusa ainda, fiquei com a indagação sobre a coerência entre conjunção, dois planetas distantes entre si, meu signo e o inferno astral.
Ignorando a geografia espacial e a sintática morfologicamente complicada das conjunções, só entendi a asneira que li na revista ontem à noite, após 95% das urnas apuradas.
O inferno astral chegou um pouco atrasado, mas apareceu, exibindo sua perna manca, língua presa, bunda enorme e com uma musiquinha idiota de fundo chamada Florentina.
Até este exato momento, não pude superar os deputados que escolhemos para nos representar no Congresso. Quanto à presidência, não colocando a direita no poder, estou feliz. É um avanço. Mas Tiririca e ex BBB como Deputado Federal, é a prova de que somos completamente imbecis.
Sinceramente, deixarei meus livros sobre Política e Desenvolvimento Humano de lado e começarei a dar mais valor ao Horóscopo. Sem dúvida, este último é mais previsível e certeiro.
Logo de cara, me chamou a atenção que para Sagitário - meu signo, Júpiter estivesse em trânsito por estar em conjunção com Vênus (???) Se o trauma de infância me permite, recordo que conjunção é um elemento gramatical de uma estrutura sintática ou morfológica de uma Língua. Misturado com Astronomia, juro, senti um terrível inferno semântico explodindo na minha cabeça. Com a Geografia, eu era mais dada, e recordo que esses dois planetas estão bemmm longe um do outro, inclusive, bemmm separados pelo cordão de asteróides entre Marte e Júpiter. Então, mais confusa ainda, fiquei com a indagação sobre a coerência entre conjunção, dois planetas distantes entre si, meu signo e o inferno astral.
Ignorando a geografia espacial e a sintática morfologicamente complicada das conjunções, só entendi a asneira que li na revista ontem à noite, após 95% das urnas apuradas.
O inferno astral chegou um pouco atrasado, mas apareceu, exibindo sua perna manca, língua presa, bunda enorme e com uma musiquinha idiota de fundo chamada Florentina.
Até este exato momento, não pude superar os deputados que escolhemos para nos representar no Congresso. Quanto à presidência, não colocando a direita no poder, estou feliz. É um avanço. Mas Tiririca e ex BBB como Deputado Federal, é a prova de que somos completamente imbecis.
Sinceramente, deixarei meus livros sobre Política e Desenvolvimento Humano de lado e começarei a dar mais valor ao Horóscopo. Sem dúvida, este último é mais previsível e certeiro.
Marcadores:
Horóscopo da semana: Inferno Astral
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Golpe baixo - a vulnerabilidade das mulheres ante uma antiga paixão
Ao contrário da maioria das mães que não apoiam suas filhas com seus respectivos namorados, minha - além de não fazê-lo, tem o dom de plantar sementinhas do mal em mim.
Hum... sei não se esse seu namorado argentino te ama tanto assim. Amor a gente percebe nas pequenas coisas. Veja sua viagem ao Brasil por exemplo, homem que ama não deixa sua namorada viajar sozinha...
Tento explicar que meu namorado estuda Veterinária, curso muito difícil e que demanda muito estudo e que eu entendo quando ele não pode me acompanhar. carrera fácil. Por eso, no siempre puede acompañarme.
Rapaz bom moço não deixa sua namorada viajar so-zi-nha, principalmente se ele sabe que ela tem fobia de aviões...
Sua desconfiança sobre minhas decisões não está relacionada apenas aos temas sentimentais. Ela acha que foi uma péssima escolha o fato de ter estudado Comunicação Social - que para ela, é curso para comunista, homossexual, vagabundo e maconheiro. Claro, o fato de morar em Buenos Aires faz parte das minhas rebeldias bizarras.
Só você mesmo para morar em um lugar onde seu salário vale a metade aqui no Brasil.
Não demorou muito para que sua nova preocupação estivesse enfocada na minha solteirice. Para ela, é um tremendo absurdo estar chegar aos 30 anos sem uma aliança de casamento, morar com o namorado que não trabalha e só estuda. Então, todas as vezes que viajo para visitá-la, espero sem resultado um sentimento de piedade para comigo. Prova do que digo foi a última reuniãozinha que fizemos na casa dela com os meus amigos, pouco antes de retornar à Argentina. Como fazia um tempão que não nos víamoss, saltaram diversos assuntos, incluindo o casamento de fulana ou beltrano. "A Mariana teve uma menina", " o Matias já comprou o apartamento dele e se casa no próximo ano".
Como se esperasse o melhor momento para anunciar uma notícia bomba, minha mãe com a xícara de chá na mão falou claro e pausadamente:
Meninos, a Michele não voltará para a Argentina.
Como assim manhê? Que história é essa?
A revelação me deixou atorduada. Mal podia pensar, tamanho era os gritos dos meus amigos de "viva!"
Você não vai voltar porque tenho um ótimo pretexto para você ficar.
Manhê, posso saber que pretexto é esse?
Silêncio.
A danada conseguiu a atenção das 12 pessoas que sustentavam suas tacinhas de chá nas mãos.
O motivo se chama Marcelo. Marcelo Henrique Júnior.
Flash back...Marcelo Henrique foi o primeiro grande amor sério que tive aos 18 anos. Na verdade, era um baita de amor platônico que durou 3 anos e que nunca deu em nada. Primero porque ele nunca se interessou por mim e segundo, graças à implicância da minha mãe que considerava o rapaz um vagabundo e mal elemento (por ter cabelos longos).
Mãe! Oque você está inventando desta vez? O Marcelo está nos Estados Unidos!
Estava. Semana passada encontrei com a mãe dele no MSN e trocamos telefone. Depois ele pessoalmente me telefonou, perguntando quando você viria ao Brasil, porque ele queria te ver. Olha que estive olhando o Orkut dele e te digo que está bem lindão. Está alto, forte, estiloso e cortou aquele cabelo. Filha, ele é piloto da TAM! E ficou super entusiasmado quando falei que você gostava dele...
Ficou? Jura? Ai ai ai, escutaram meninas, lindão, forte, alto, lindão, é piloto! Nossa, lembro de como ele era lindo. Agora então...O que mais ele disse? O que ele falou quando contou que eu gostava dele? Conta manhê, não enrola!
Minhas amigas, que conheciam a odisseia "Marcelo Henrique" sabiam que o golpe baixo da minha mãe surtiria efeito. Poxa, estive 3 anos interessada no cara! Enquanto nos perguntávamos que roupa usaria no grande encontro, meu irmão grita "Miiiiiiiiii, Luis no telefone".
Alguns segundos de silêncio e o plano da minha mãezinha foi por água abaixo.
Mãezinha, você sabe que eu te amo, né?!
Mãezinha, você sabe que eu te amo, né?!
domingo, 5 de setembro de 2010
Quando descobri que não sou uma mulher normal
Não faz muito tempo que descobri a minha anormalidade. Para ser exata, isso ocorreu há 5 minutos, mais precisamente na mesa de um café onde estou sentada neste momento.
Por exemplo aqui, nesta mesa de café estilo parisiense, cheio de gente velha sem o que fazer num domingo à tarde. Não é normal que eu, uma jovem de 30 anos, gaste meu tempo tomando café mocca - sendo que eu detesto café. Justo ao meu lado está um demonstrador recheado de bolos e tortas de chocolate, merengues, doces de todos os tipos e texturas. Olho para eles e sinto nojo. Odeio chocolate e seus derivados e tenho um forte repúdio pelo açúcar. Isso é comum?
Me incomoda o fato de não descarregar a minha ira - fruto da TPM, em uma caixa de bombons ou juntar um grupo de amigas num fim de semana para fazer tortas de limão. Sinceramente, prefiro descarregar a tensão numa mesa de bar, sozinha, escrevendo qualquer estupidez. Ou, assistir a filmes que me botam pra refletir sobre a miséria humana, e sendo mais estravagante, permanecer sentada na mesa de um café, para gastar dinheiro em uma bebida que não consumo.
Confesso que me dá inveja o grupo de meninas eufóricas que entram no local dando gritinhos histéricos só porque vão comer um imenso pedaço de chocolate maciço. Como também invejo as mulheres que sonham com o seu casamento, seu príncipe encantado e aniversário de 15 anos da filha, mesmo que tudo isso seja tão blasé.
É minha gente, descobri que gostaria de ser uma baita mulherzinha convencional. Isso sim é ser feliz!
Por exemplo aqui, nesta mesa de café estilo parisiense, cheio de gente velha sem o que fazer num domingo à tarde. Não é normal que eu, uma jovem de 30 anos, gaste meu tempo tomando café mocca - sendo que eu detesto café. Justo ao meu lado está um demonstrador recheado de bolos e tortas de chocolate, merengues, doces de todos os tipos e texturas. Olho para eles e sinto nojo. Odeio chocolate e seus derivados e tenho um forte repúdio pelo açúcar. Isso é comum?
Me incomoda o fato de não descarregar a minha ira - fruto da TPM, em uma caixa de bombons ou juntar um grupo de amigas num fim de semana para fazer tortas de limão. Sinceramente, prefiro descarregar a tensão numa mesa de bar, sozinha, escrevendo qualquer estupidez. Ou, assistir a filmes que me botam pra refletir sobre a miséria humana, e sendo mais estravagante, permanecer sentada na mesa de um café, para gastar dinheiro em uma bebida que não consumo.
Confesso que me dá inveja o grupo de meninas eufóricas que entram no local dando gritinhos histéricos só porque vão comer um imenso pedaço de chocolate maciço. Como também invejo as mulheres que sonham com o seu casamento, seu príncipe encantado e aniversário de 15 anos da filha, mesmo que tudo isso seja tão blasé.
É minha gente, descobri que gostaria de ser uma baita mulherzinha convencional. Isso sim é ser feliz!
Marcadores:
Quando descobri que não sou uma mulher normal
domingo, 29 de agosto de 2010
A última dança
Não importa o que passou; ficou para trás.
Quero apenas congelar este momento, fixar meus olhos no céu escurecido e deixar a luz que emana de cima tingir os meus olhos que carregam lágrimas antigas.
E daí, me deixar levar por essa felicidade maiúscula, que tenta me guiar nessa imensidão da noite que hoje é tão nossa.
Quero que guie meus passos.
Que me ensine a dançar essa música conhecida de nós dois.
Quero te mostrar as minhas cores desbotadas,
Mas bem intensionadas,
Que esperaram tanto por você.
E é com essa vivacidade que quero que se lembre de mim dentro de alguns anos.
Eternizada, como um quadro de Monet.
O tempo está esgotando, mas não tenho pressa.
Tudo que desejo é unir minha alma à sua,
E morrer nos teus braços para ali permanecer,
Sem importar em que parte do mundo despertarei.
Porque já cumpri com a minha promessa,
Que era ter dançado com você esta canção.
Que tanto ensaiei com o meu peito e que agora meu amor, dedico a você.
Quero apenas congelar este momento, fixar meus olhos no céu escurecido e deixar a luz que emana de cima tingir os meus olhos que carregam lágrimas antigas.
E daí, me deixar levar por essa felicidade maiúscula, que tenta me guiar nessa imensidão da noite que hoje é tão nossa.
Quero que guie meus passos.
Que me ensine a dançar essa música conhecida de nós dois.
Quero te mostrar as minhas cores desbotadas,
Mas bem intensionadas,
Que esperaram tanto por você.
E é com essa vivacidade que quero que se lembre de mim dentro de alguns anos.
Eternizada, como um quadro de Monet.
O tempo está esgotando, mas não tenho pressa.
Tudo que desejo é unir minha alma à sua,
E morrer nos teus braços para ali permanecer,
Sem importar em que parte do mundo despertarei.
Porque já cumpri com a minha promessa,
Que era ter dançado com você esta canção.
Que tanto ensaiei com o meu peito e que agora meu amor, dedico a você.
( Michele Mitsue )
Esta música foi uma das fontes de inspiração para este post:
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Quando perdemos um grande amor ...
A minha história é a sua história. Também é a do vizinho, a do carinha que entrega jornais em Bangladesh, de todo mundo.
Diria que sofrer de amor é uma experiência igual que tomar cerveja. Mesmo sabendo que é amargo, você ainda acaba provando. Ninguém escapa dessa regra.
Aconteceu comigo. Demorei em descobrir que era amor. Pior ainda, que era grande. Tanto que quando dei por mim ele já havia partido. Para sempre. Passei alguns anos supondo uma série de coisas inúteis do tipo... se eu tivesse dito, se eu tivesse feito, que só serviram me fazer sentir péssima. Não fiz nada, ele nunca soube e perdemos a nossa oportunidade.
E quando falo de amor, não me importa a dimensão. Para mim foi amor e pronto. Aliás, por que o amor tem que ser medido pelo tempo e não por sua intensidade?
Um dia li seu Facebook. Estava namorando firme. Me senti estranha, dolorida, como se tivesse levado um golpe na boca do estômago; tive sensação de putez também; não pegava bem me sentir triste porque meu ex namorado decidiu tocar a vida dele, e eu, com um namorado ao meu lado. Foi terrível descobrir que ele ainda me importava, mesmo depois de tanto tempo.
Passaram-se os anos. Muitos. Até hoje sonho com ele. Desperto no meio da noite sofrida com essa mexida no passado. Olho para o lado e está o meu atual amor, que dorme um sono profundo e ingênuo. Eu o amo, não há dúvidas, mas não posso evitar a lembrança do outro, o quanto sofri e amei. Bandidamente acordo apaixonada pelo meu ex, passando o dia com música romântica e suspiros. Chego em casa e está o meu namorado. Estamos brigados. Mas não por meus sonhos, por uma bobagem qualquer. Olho para ele, inquieta, perdida, me sentindo uma completa louca, masoquista e biscate. Sinto culpa.
Precisei de muitos anos de auto análise para descobrir que um amor, sem importantar a dimensão - repito, a gente não esquece nunca. Se ele foi grande é complicado e se você o perdeu sem que ele soubesse dos seus verdadeiros sentimentos, é impossível fazer de conta que isso é coisa do passado.
Perder um amor é como perder parte de si. São anos para cicatrizar a ferida. E é assim que acontece, ante qualquer informação trivial sobre a vida dele é um abalo sísmico na minha, na sua. Aí bate aquela tristeza estranha, a sensação de putez, os se....e chega uma hora que parece que acabou, até retomar o ciclo e voltar tudo de novo.
Por isso, ao ver uma amiga lendo um best seller outro dia, de título "o que você deve fazer para conseguir um namorado", tentei convencê-la que no amor não se deve usar táticas. A melhor jogada que você pode fazer por si é ser você mesma. Ser verdadeira nos seus sentimentos e ex-pres-sá-los!!! Acho que é a forma de se viver a vida por completo, sem esse medinho adolescente de fazer o que é "errado". Ser você mesmo não está mal e dizer que ama é a melhor terapia do mundo, por mais que não dê certo depois.
Então nega, tá esperando o quê? Liga pro bofe e diga a ele (ela) o quanto você o (a) ama. Deixe de esperar e faça as coisas acontecerem, antes que você perca uma oportunidade preciosa na sua vida...
Vai por mim, e depois me conte como foi.
Diria que sofrer de amor é uma experiência igual que tomar cerveja. Mesmo sabendo que é amargo, você ainda acaba provando. Ninguém escapa dessa regra.
Aconteceu comigo. Demorei em descobrir que era amor. Pior ainda, que era grande. Tanto que quando dei por mim ele já havia partido. Para sempre. Passei alguns anos supondo uma série de coisas inúteis do tipo... se eu tivesse dito, se eu tivesse feito, que só serviram me fazer sentir péssima. Não fiz nada, ele nunca soube e perdemos a nossa oportunidade.
E quando falo de amor, não me importa a dimensão. Para mim foi amor e pronto. Aliás, por que o amor tem que ser medido pelo tempo e não por sua intensidade?
Um dia li seu Facebook. Estava namorando firme. Me senti estranha, dolorida, como se tivesse levado um golpe na boca do estômago; tive sensação de putez também; não pegava bem me sentir triste porque meu ex namorado decidiu tocar a vida dele, e eu, com um namorado ao meu lado. Foi terrível descobrir que ele ainda me importava, mesmo depois de tanto tempo.
Passaram-se os anos. Muitos. Até hoje sonho com ele. Desperto no meio da noite sofrida com essa mexida no passado. Olho para o lado e está o meu atual amor, que dorme um sono profundo e ingênuo. Eu o amo, não há dúvidas, mas não posso evitar a lembrança do outro, o quanto sofri e amei. Bandidamente acordo apaixonada pelo meu ex, passando o dia com música romântica e suspiros. Chego em casa e está o meu namorado. Estamos brigados. Mas não por meus sonhos, por uma bobagem qualquer. Olho para ele, inquieta, perdida, me sentindo uma completa louca, masoquista e biscate. Sinto culpa.
Precisei de muitos anos de auto análise para descobrir que um amor, sem importantar a dimensão - repito, a gente não esquece nunca. Se ele foi grande é complicado e se você o perdeu sem que ele soubesse dos seus verdadeiros sentimentos, é impossível fazer de conta que isso é coisa do passado.
Perder um amor é como perder parte de si. São anos para cicatrizar a ferida. E é assim que acontece, ante qualquer informação trivial sobre a vida dele é um abalo sísmico na minha, na sua. Aí bate aquela tristeza estranha, a sensação de putez, os se....e chega uma hora que parece que acabou, até retomar o ciclo e voltar tudo de novo.
Por isso, ao ver uma amiga lendo um best seller outro dia, de título "o que você deve fazer para conseguir um namorado", tentei convencê-la que no amor não se deve usar táticas. A melhor jogada que você pode fazer por si é ser você mesma. Ser verdadeira nos seus sentimentos e ex-pres-sá-los!!! Acho que é a forma de se viver a vida por completo, sem esse medinho adolescente de fazer o que é "errado". Ser você mesmo não está mal e dizer que ama é a melhor terapia do mundo, por mais que não dê certo depois.
Então nega, tá esperando o quê? Liga pro bofe e diga a ele (ela) o quanto você o (a) ama. Deixe de esperar e faça as coisas acontecerem, antes que você perca uma oportunidade preciosa na sua vida...
Vai por mim, e depois me conte como foi.
sábado, 21 de agosto de 2010
Não se reprima!
Entrando na onda do slow life, tomei o cuidado de analisar os sapos que tragamos nesta vida...calados! E contabilizando os que lembrava, me espantei quando vi a quantidade de desaforos que vim absorvendo ao longo desses 30 anos. Convertendo tudo isso ao estresse, cabelos brancos, rugas e substâncias terríveis que aumentam meus fios desbotados, as linhas de expressão indevidas e a diminuição dos meus anos neste mundinho caótico (e que amo), decidi mudar radicalmente a minha filosofia.
Claro amiga (o), pois você já se perguntou pra que reprimir seus pensamentoss, quando na verdade você deveria expressá-los com toda a liberdade que a polícia e a religião não permitem?
Por exemplo, hoje, 21 de Agosto. É um sábado, noite cálida de céu estrelado. São 22h:33 e estou escrevendo um texto para gente que nem sei se gosta do que escrevo. E se estou aqui, sentada nesta cadeira de assento rasgado pelo gato, num sábado à noite, significa que estou sozinha, o que é verdade. E se estou sozinha, é porque o desgraçado do meu namorado decidiu me deixar aqui, com minha dor de estômago e a cadeira rasgada para ir a um aniversário de uma amiguinha da faculdade.
Devido à educação repressora e religiosamente correta que recebi dos meus pais só disse ah tah, você é quem sabe. Queria que estivesse aqui comigo, que assistíssemos um capítulo de Lost, assim não ficaria sozinha em casa me contorcendo de dor...imagine se eu morro! Ao invés de escuta aqui ô seu merda, se me deixar sozinha num sábado à noite, com dor de estômago para soprar velinhas com a tonga da sua amiga de faculdade, juro que a minha vingança será maligna e você vai se arrepender de ter saído desta casa! Assim de simples, sem reprimir aquilo que realmente queria dizer.
Por isso, quero aproveitar este post para lançar a campanha do Não se Reprima!
Sabe aquele amigo invejoso que vive bota defeito em tudo? Gente que canta Florentina e quer se eleger a deputado? Ou aquele colega de trabalho que fala de boca cheia e lança partículas de baba e comida em cima de você? Vamos, deixem sua mensagem aqui no blog, onde o lance é mandar todo mundo pra puta que pariu!
Eu começo! Luissss, vai se fodê seu cagão desgraçado!
PS: Não acredito no êxito da minha campanha, o que me deixa ainda mais frustrada...sendo assim, bando de covardes, vão se lascar!
Claro amiga (o), pois você já se perguntou pra que reprimir seus pensamentoss, quando na verdade você deveria expressá-los com toda a liberdade que a polícia e a religião não permitem?
Por exemplo, hoje, 21 de Agosto. É um sábado, noite cálida de céu estrelado. São 22h:33 e estou escrevendo um texto para gente que nem sei se gosta do que escrevo. E se estou aqui, sentada nesta cadeira de assento rasgado pelo gato, num sábado à noite, significa que estou sozinha, o que é verdade. E se estou sozinha, é porque o desgraçado do meu namorado decidiu me deixar aqui, com minha dor de estômago e a cadeira rasgada para ir a um aniversário de uma amiguinha da faculdade.
Devido à educação repressora e religiosamente correta que recebi dos meus pais só disse ah tah, você é quem sabe. Queria que estivesse aqui comigo, que assistíssemos um capítulo de Lost, assim não ficaria sozinha em casa me contorcendo de dor...imagine se eu morro! Ao invés de escuta aqui ô seu merda, se me deixar sozinha num sábado à noite, com dor de estômago para soprar velinhas com a tonga da sua amiga de faculdade, juro que a minha vingança será maligna e você vai se arrepender de ter saído desta casa! Assim de simples, sem reprimir aquilo que realmente queria dizer.
Por isso, quero aproveitar este post para lançar a campanha do Não se Reprima!
Sabe aquele amigo invejoso que vive bota defeito em tudo? Gente que canta Florentina e quer se eleger a deputado? Ou aquele colega de trabalho que fala de boca cheia e lança partículas de baba e comida em cima de você? Vamos, deixem sua mensagem aqui no blog, onde o lance é mandar todo mundo pra puta que pariu!
Eu começo! Luissss, vai se fodê seu cagão desgraçado!
PS: Não acredito no êxito da minha campanha, o que me deixa ainda mais frustrada...sendo assim, bando de covardes, vão se lascar!
domingo, 15 de agosto de 2010
O dia em que vi o Ricky Martin no metrô
Como todas as miseráveis e impiedosas manhãs, estava no metrô me questionando sobre o porquê de eu não ter nascido com a cara da Adriana Lima ou o fato de não me casado com um jogador de futebol (rico e não assassino de preferência). Assim, acho que seria poupada de ter que acordar cedo todos os dias para enfrentar um frio miserável e viajar por quase uma hora rumo ao que considero o meu fracasso profissional: a empresa para a qual trabalho. Teria me atirado pela janela do trem com esse pensamento positivo logo cedo, se não fosse pela cara conhecida que avistei bem na minha frente...
Estava ali, pomposamente sentado, parecendo um príncipe vindo de um sonho distante. Lógico que não era o nosso gostosíssimo cantor portoriquenho gay Ricky Martin. Se leu até aqui pensando que o mesmo estaria dentro de um metrô às 8 da manhã de uma sexta-feira, em Buenos Aires, você só pode estar pirando. Mas não fique desiludida (o). O sósia, que bocejava diante à minha pessoa, era tão lindo quanto o cantor de EeeeeEPA, e não aparentava curtir homens. Não pela forma como me olhava.
Dizem que as coisas que acontecem na infância afeta, inclusive, sua vida adulta. Eu acredito nisso, porque sempre escutei os meninos dizerem que eu era feia e não seria naquele instante, diante do Ricky hetero, que mudaria de ideia. Enquanto ele me olhava comendo com os olhos, eu imaginava seguramente deve estar espantado com o meu cabelo multicolor, tinta desbotada, raíz preta e branca, lamentável. Ou, deve estar sentindo nojo dessas duas espinhas, quase bromélias, enfeitando a minha bochecha esquerda. Enquanto eu pensava nessas possibilidades, para o meu desespero, o moço decidiu olhar para o outro lado. Fiquei intrigadíssima! Ué, até agora gostava e só por causa de algum pontinho com pus vai deixar de me encarar? Não, não daríamos certo mesmo, esse carinha aí, só porque é um gato, acha que todo mundo tem que ser lindo também, superficial... muito superficial. Vivam os feios, esses sim têm personalidade minha gente!
O jogo inverteu. Naquele instante eu já não conseguia deixar de observá-lo. O mais dramático é que o cara não tinha nenhum cravo, unha comida, nada que pudesse me decepcionar. Era completamente lindo, gostoso, um tesão. Queria ser o objeto de desejo daquele infeliz. E infeliz eu oras, que comecei a fazer de tudo para chamar a sua atenção: tossi, tossi mais alto e mais alto ainda, sem efeito. Comecei a arrumar freneticamente os cabelos, jogá-los, fazer coque para virar o rosto num ângulo sexy, nada! O metrô inteiro me encarava com pena, porque o idiota sequer uma olhadinha dava. Nem de soslaio.
Saí do meu assento e fiquei em pé, encarando-o com o resto de dignidade que me restava. Faltava pouco para eu descer. Meti na cabeça que ele devia me olhar e eu tinha que cumprir a missão. Orgulho feminino ferido, pensei. Quando cruzava a porta de saída, arrasada pela derrota, olho para trás e o vejo cravar seus olhos em mim. Maldito, miserável, filho da putinha, vai ser gostoso assim nos infernos! Subi a escada rolante olhando para ele, quando se abriu pra mim mostrando aquela boca carnuda cheia de dentes, impecavelmente branquinhos. Indignada, fiz-lhe uma banana com os braços, as portas se fecharam e perdi a reação do meu Ricky Martin cover. Uma pena, pois adoraria ver aquela carinha linda completamente indignada ou, ao menos, devolvendo-me um sorriso, nem que fosse pra me dizer "sua babaca!".
Assim é o amor. Indigno, ridículo e cruel.
Estava ali, pomposamente sentado, parecendo um príncipe vindo de um sonho distante. Lógico que não era o nosso gostosíssimo cantor portoriquenho gay Ricky Martin. Se leu até aqui pensando que o mesmo estaria dentro de um metrô às 8 da manhã de uma sexta-feira, em Buenos Aires, você só pode estar pirando. Mas não fique desiludida (o). O sósia, que bocejava diante à minha pessoa, era tão lindo quanto o cantor de EeeeeEPA, e não aparentava curtir homens. Não pela forma como me olhava.
Dizem que as coisas que acontecem na infância afeta, inclusive, sua vida adulta. Eu acredito nisso, porque sempre escutei os meninos dizerem que eu era feia e não seria naquele instante, diante do Ricky hetero, que mudaria de ideia. Enquanto ele me olhava comendo com os olhos, eu imaginava seguramente deve estar espantado com o meu cabelo multicolor, tinta desbotada, raíz preta e branca, lamentável. Ou, deve estar sentindo nojo dessas duas espinhas, quase bromélias, enfeitando a minha bochecha esquerda. Enquanto eu pensava nessas possibilidades, para o meu desespero, o moço decidiu olhar para o outro lado. Fiquei intrigadíssima! Ué, até agora gostava e só por causa de algum pontinho com pus vai deixar de me encarar? Não, não daríamos certo mesmo, esse carinha aí, só porque é um gato, acha que todo mundo tem que ser lindo também, superficial... muito superficial. Vivam os feios, esses sim têm personalidade minha gente!
O jogo inverteu. Naquele instante eu já não conseguia deixar de observá-lo. O mais dramático é que o cara não tinha nenhum cravo, unha comida, nada que pudesse me decepcionar. Era completamente lindo, gostoso, um tesão. Queria ser o objeto de desejo daquele infeliz. E infeliz eu oras, que comecei a fazer de tudo para chamar a sua atenção: tossi, tossi mais alto e mais alto ainda, sem efeito. Comecei a arrumar freneticamente os cabelos, jogá-los, fazer coque para virar o rosto num ângulo sexy, nada! O metrô inteiro me encarava com pena, porque o idiota sequer uma olhadinha dava. Nem de soslaio.
Saí do meu assento e fiquei em pé, encarando-o com o resto de dignidade que me restava. Faltava pouco para eu descer. Meti na cabeça que ele devia me olhar e eu tinha que cumprir a missão. Orgulho feminino ferido, pensei. Quando cruzava a porta de saída, arrasada pela derrota, olho para trás e o vejo cravar seus olhos em mim. Maldito, miserável, filho da putinha, vai ser gostoso assim nos infernos! Subi a escada rolante olhando para ele, quando se abriu pra mim mostrando aquela boca carnuda cheia de dentes, impecavelmente branquinhos. Indignada, fiz-lhe uma banana com os braços, as portas se fecharam e perdi a reação do meu Ricky Martin cover. Uma pena, pois adoraria ver aquela carinha linda completamente indignada ou, ao menos, devolvendo-me um sorriso, nem que fosse pra me dizer "sua babaca!".
Assim é o amor. Indigno, ridículo e cruel.
Marcadores:
O dia em que vi o Ricky Martin no metrô
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Que mulher gosta de homem pobre?
Papinho informal no café da tarde pra tentar animar o Luis, que está em época de provas. Aliás, quando é que ele não está em época de provas? Então, ele comenta que já não aguenta mais estudar e me pergunta o que eu acharia se ele largasse a faculdade e se dedicasse ao mundo dos taxistas.
Te deixo, é óbvio. Minha sinceridade, bem taxativa e espontânea, causou um grande desconforto no meu parceiro. Fez bico, se juntou entre seus livros e ali ficou, todo amoado. Como sou bicho terrível, fui atrás.
É isso mesmo meu bem, veja lá se sou pra casar com taxista! Nada contra a categoria, mas...voilà, não domino 5 idiomas para ser mantida por um taxista. Saiu da cozinha com uma cara de "não acredito no que estou ouvindo". Voltei a repetir a minha ameaça, mas agora, com uma pergunta inquietante pra ele. Por que você acha que investi minha a juventude em você...?
Hipócrita é quem discordar de mim. Estou longe de ser classista, prova disso são meus estudos que são orientados para melhorar a condição social do planeta. Tampouco vou dizer que nós mulheres não devemos nos apaixonar e casar com homens de poucos recursos, não é isso. Mas que mulher não busca amarrar seu burro numa sombra farta e fresca?
Quando me apaixonei pelo Luis, o que mais me atraiu a ele foi seu jeitão filantrópico, socilista e bom moço. Claro, sua super inteligência, ser bem nascido, o fato de ter estudado em um excelente colégio, viajado a alguns países interessantes, ter uma ampla bagagem cultural, somou muito na hora de escolhê-lo como meu parceiro. Então, significa que você se apaixonou por mim interessada nos meus atributos?
Não, não foi bem assim.
Expliquei ao meu namorado que toda mulher escolhe seu parceiro observando alguns potenciais que a fará ter uma vida estável. Isso é biológico, vem desde os nossos ancestrais. As fêmeas escolhem os parceiros que lhe darão melhores crias; machos que poderão cuidar de sua família. Aqueles que podem prover uma boa casa, comida e segurança serão os melhores sucedidos na procriação, expliquei com todo o meu orgulho de bióloga que tenta provar que mesmo nunca tendo atuado na área, sabe alguma coisa.
Não funcionou muito não. O moço ficou ofendido mesmo, alegando que mesmo com toda a teoria seletiva, aquilo não era amor.
Homens! Por que sempre tão incompreensíveis?
Te deixo, é óbvio. Minha sinceridade, bem taxativa e espontânea, causou um grande desconforto no meu parceiro. Fez bico, se juntou entre seus livros e ali ficou, todo amoado. Como sou bicho terrível, fui atrás.
É isso mesmo meu bem, veja lá se sou pra casar com taxista! Nada contra a categoria, mas...voilà, não domino 5 idiomas para ser mantida por um taxista. Saiu da cozinha com uma cara de "não acredito no que estou ouvindo". Voltei a repetir a minha ameaça, mas agora, com uma pergunta inquietante pra ele. Por que você acha que investi minha a juventude em você...?
Hipócrita é quem discordar de mim. Estou longe de ser classista, prova disso são meus estudos que são orientados para melhorar a condição social do planeta. Tampouco vou dizer que nós mulheres não devemos nos apaixonar e casar com homens de poucos recursos, não é isso. Mas que mulher não busca amarrar seu burro numa sombra farta e fresca?
Quando me apaixonei pelo Luis, o que mais me atraiu a ele foi seu jeitão filantrópico, socilista e bom moço. Claro, sua super inteligência, ser bem nascido, o fato de ter estudado em um excelente colégio, viajado a alguns países interessantes, ter uma ampla bagagem cultural, somou muito na hora de escolhê-lo como meu parceiro. Então, significa que você se apaixonou por mim interessada nos meus atributos?
Não, não foi bem assim.
Expliquei ao meu namorado que toda mulher escolhe seu parceiro observando alguns potenciais que a fará ter uma vida estável. Isso é biológico, vem desde os nossos ancestrais. As fêmeas escolhem os parceiros que lhe darão melhores crias; machos que poderão cuidar de sua família. Aqueles que podem prover uma boa casa, comida e segurança serão os melhores sucedidos na procriação, expliquei com todo o meu orgulho de bióloga que tenta provar que mesmo nunca tendo atuado na área, sabe alguma coisa.
Não funcionou muito não. O moço ficou ofendido mesmo, alegando que mesmo com toda a teoria seletiva, aquilo não era amor.
Homens! Por que sempre tão incompreensíveis?
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Descansando a carcaça
Após dias duríssimos, estressantes, regados a antibióticos e visitas inesperadas de ambulâncias com médicos e injeções em mãos, afrontei as estatísticas de um recém pós aumento e ascensão laboral e tomei uns dias de férias, afinal, ninguém é de ferro. Fui literalmente ao cu do mundo. Interior mesmo, com direito a ficar engarrafada no trânsito pelo cavalo que empacou ou porque dois singelos caipiras desdentados decidiram que o cruzamento era o lugar certo pra botar o papo em dia...
Se não fosse a terceira vez que chorava naquela cama, numa tentativa frustrada de clemência à médica que segurava a benzetacil na mão, estaria contente. Coisa boa a tal da licença médica. Dia de semana, após um feriado prolongado, ficar em casa por causa de uma gripinha seria uma ótima desculpa para botar o Godard em dia. Mas não, ele continuaria a me esperar como um bom francês no meu computador, porque, novamente, não era um mísero resfriado. Coisa séria, levei corticoide na bunda, com direito a ambulância ficar de plantão na frente do prédio em caso de urgência. Daria tudo para estar no escritório aquele dia, justamente porque a última vez que vi a cara do meu chefe foi quando ele escreveu a cifra da minha felicidade no papelzinho que ocupava um cantinho insignificante de sua mesa. Maldita garganta, amígdalas, febre. Já havia caído doente naquele mês três vezes.
Cheguei à casa de meus pais no fim de um sábado chuvoso.Veio minha irmã, pai e sobrinha me buscar na rodoviária. O amor da família é um santo remédio, e eu já me sentia praticamente curada do estresse, da dor de corpo e qualquer outra coisa ruim que habita em mim quando habito Buenos Aires.
Revi amigos, fui tia em tempo integral. Roubei milho na estrada, comi feito besta e até falar com o R puxado falei, sem remorso de haver nascido na cidade grande e preconceituosa com os sotaques como São Paulo é. Tomei banho de sol, fui na horta do seu Olando comprar couve e mandioca e andei de bicicleta com a minha irmã, onde passamos vários minutos tentando focar a nossa cara suada, o pôr-do-sol e o cemitério que descansava em paz logo ao fundo para publicar no Orkut.
Posso dizer que me recuperei a tal ponto de não querer mais voltar de onde vim. Abandonar o aumento, a ascensão, o namorado, a pós graduação, a cidade cool, o meu futuro, tudo. Queria ficar atirada feito bicho preguiça na rede e me preocupar apenas com o jantar. Ganhar dinheiro pra quê, se não posso desfrutá-lo como gostaria. Viver mesmo, vivem as pessoas do interior, entre o verde intenso e o canto dos passarinhos. Mas ilusão bucólica durou pouco. O meu eu capitalista foi mais forte e, mesmo chorando, sofrendo feito condenada, voltei pra cidade grande estrangeira.
Não foi difícil cair na dura realidade. A falta de educação, sorriso e cordialidade eram mais que um cartaz de "boas vindas". Era a minha realidade, não definitiva, mas era a vida que eu escolhi viver por enquanto.
Vi a cara do Luis, ansioso, já sabendo a tempestade que vinha pela frente - sofro muito com a readaptação. Abraço afetuoso, cambaleante, me aconcheguei entre seus braços e seu casaco e cachecol espalhafatoso. Ele me ajudou com as malas, pedimos o taxi, disse algo a ele e eis que surgiu uma louca que começou a gritar qualquer coisa sobre trabalho, ditadura e me ameaçando me atirou um saco gigante nas minhas costas. Se não fosse papeis o conteúdo daquele saco e a intervenção jediaca do Luis, a louca teria destruído a minha coluna. Enquanto ela berrava que eu não a faria trabalhar de forma alguma, refletia a ironia que é a minha vida. Enfim, em casa, pensei, já me preparando para uma recaída.
Se não fosse a terceira vez que chorava naquela cama, numa tentativa frustrada de clemência à médica que segurava a benzetacil na mão, estaria contente. Coisa boa a tal da licença médica. Dia de semana, após um feriado prolongado, ficar em casa por causa de uma gripinha seria uma ótima desculpa para botar o Godard em dia. Mas não, ele continuaria a me esperar como um bom francês no meu computador, porque, novamente, não era um mísero resfriado. Coisa séria, levei corticoide na bunda, com direito a ambulância ficar de plantão na frente do prédio em caso de urgência. Daria tudo para estar no escritório aquele dia, justamente porque a última vez que vi a cara do meu chefe foi quando ele escreveu a cifra da minha felicidade no papelzinho que ocupava um cantinho insignificante de sua mesa. Maldita garganta, amígdalas, febre. Já havia caído doente naquele mês três vezes.
Cheguei à casa de meus pais no fim de um sábado chuvoso.Veio minha irmã, pai e sobrinha me buscar na rodoviária. O amor da família é um santo remédio, e eu já me sentia praticamente curada do estresse, da dor de corpo e qualquer outra coisa ruim que habita em mim quando habito Buenos Aires.
Revi amigos, fui tia em tempo integral. Roubei milho na estrada, comi feito besta e até falar com o R puxado falei, sem remorso de haver nascido na cidade grande e preconceituosa com os sotaques como São Paulo é. Tomei banho de sol, fui na horta do seu Olando comprar couve e mandioca e andei de bicicleta com a minha irmã, onde passamos vários minutos tentando focar a nossa cara suada, o pôr-do-sol e o cemitério que descansava em paz logo ao fundo para publicar no Orkut.
Posso dizer que me recuperei a tal ponto de não querer mais voltar de onde vim. Abandonar o aumento, a ascensão, o namorado, a pós graduação, a cidade cool, o meu futuro, tudo. Queria ficar atirada feito bicho preguiça na rede e me preocupar apenas com o jantar. Ganhar dinheiro pra quê, se não posso desfrutá-lo como gostaria. Viver mesmo, vivem as pessoas do interior, entre o verde intenso e o canto dos passarinhos. Mas ilusão bucólica durou pouco. O meu eu capitalista foi mais forte e, mesmo chorando, sofrendo feito condenada, voltei pra cidade grande estrangeira.
Não foi difícil cair na dura realidade. A falta de educação, sorriso e cordialidade eram mais que um cartaz de "boas vindas". Era a minha realidade, não definitiva, mas era a vida que eu escolhi viver por enquanto.
Vi a cara do Luis, ansioso, já sabendo a tempestade que vinha pela frente - sofro muito com a readaptação. Abraço afetuoso, cambaleante, me aconcheguei entre seus braços e seu casaco e cachecol espalhafatoso. Ele me ajudou com as malas, pedimos o taxi, disse algo a ele e eis que surgiu uma louca que começou a gritar qualquer coisa sobre trabalho, ditadura e me ameaçando me atirou um saco gigante nas minhas costas. Se não fosse papeis o conteúdo daquele saco e a intervenção jediaca do Luis, a louca teria destruído a minha coluna. Enquanto ela berrava que eu não a faria trabalhar de forma alguma, refletia a ironia que é a minha vida. Enfim, em casa, pensei, já me preparando para uma recaída.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Odeio ver um argentino feliz!
Tá certo! Em algumas oportunidades eu os defendi, assumo. Mas é que, até então, jamais havia passado uma Copa do Mundo perto deles, no país deles. Mas depois de ontem, tudo mudou.
Com o final da partida, tive que aturar comentários do tipo fomos melhor que o Brasil, cadê os jogadores brasileiros, que marcaram só 2 gols na Coreia do Norte?
Enfim, a tão famosa arrogância argentina estava lá, encurralando a única brasileira naquele escritório cheio de argentinos felizes.
No primeiro jogo, até pensei "quanta humildade". Cheguei a cogitar que por muitos anos, fomos injustos com os nossos vizinhos. Há, quanta ingenuidade a minha...
Estava lá na minha mesa, tranquila e rezando para que a Coreia fizesse um gol. Mas os coreanos jogavam tão mal, que tomaram 4 boladas na rede, para a infelicidade deles e a minha, que tinha que aturar os festejos e as comparações com o Brasil. Que mania chata essa, de sempre querer se comparar com a gente, pensei enquanto esvaziava com ruído o ar que inflava as minhas bochechas.
Éramos uns 30 assistindo ao jogo. Por compromisso, tinha que ver, né. Além de tudo, eles ainda esperavam que eu torcesse para eles! Agora você mora aqui, tem que torcer pra gente, diziam com ar de deboche. É ruim hein! A cada gol, felicidade ia aumentando, as provocações crescendo, até que não aguentei mais o desaforo. Fui na minha bolsa, tirei a camiseta oficial da seleção que ganhei na minha última viagem ao Brasil e atirei a coitada em cima deles.
Quem sabe tocando a nossa camiseta, vocês tem alguma sorte e um dia chegam a ter a quantidade de copas ganhas como a gente. Igualmente, o talento é intransferível. Mas a esperança é a última que morre!
Houve gritos, protestos e até uma idiota, que nem olhando para o telão estava, disse aos berros que eu não tinha códigos. Não minha filha, com gente chata eu não tenho e com argentino (in)feliz, ainda menos, pensei, claro. Afinal eu era uma e eles trinta. Eu é que não queria ser atirada pela janela daquele décimo andar e morrer sem ver o Brasil estar melhor classificado que eles, há!
Com o final da partida, tive que aturar comentários do tipo fomos melhor que o Brasil, cadê os jogadores brasileiros, que marcaram só 2 gols na Coreia do Norte?
Enfim, a tão famosa arrogância argentina estava lá, encurralando a única brasileira naquele escritório cheio de argentinos felizes.
No primeiro jogo, até pensei "quanta humildade". Cheguei a cogitar que por muitos anos, fomos injustos com os nossos vizinhos. Há, quanta ingenuidade a minha...
Estava lá na minha mesa, tranquila e rezando para que a Coreia fizesse um gol. Mas os coreanos jogavam tão mal, que tomaram 4 boladas na rede, para a infelicidade deles e a minha, que tinha que aturar os festejos e as comparações com o Brasil. Que mania chata essa, de sempre querer se comparar com a gente, pensei enquanto esvaziava com ruído o ar que inflava as minhas bochechas.
Éramos uns 30 assistindo ao jogo. Por compromisso, tinha que ver, né. Além de tudo, eles ainda esperavam que eu torcesse para eles! Agora você mora aqui, tem que torcer pra gente, diziam com ar de deboche. É ruim hein! A cada gol, felicidade ia aumentando, as provocações crescendo, até que não aguentei mais o desaforo. Fui na minha bolsa, tirei a camiseta oficial da seleção que ganhei na minha última viagem ao Brasil e atirei a coitada em cima deles.
Quem sabe tocando a nossa camiseta, vocês tem alguma sorte e um dia chegam a ter a quantidade de copas ganhas como a gente. Igualmente, o talento é intransferível. Mas a esperança é a última que morre!
Houve gritos, protestos e até uma idiota, que nem olhando para o telão estava, disse aos berros que eu não tinha códigos. Não minha filha, com gente chata eu não tenho e com argentino (in)feliz, ainda menos, pensei, claro. Afinal eu era uma e eles trinta. Eu é que não queria ser atirada pela janela daquele décimo andar e morrer sem ver o Brasil estar melhor classificado que eles, há!
sábado, 12 de junho de 2010
A verdade sobre o dia dos namorados
O dia está frio, nublado e você está sendo bombardeada por publicidades com casais apaixonados, que se beijam melosamente através de uma musiquinha irritante - que em qualquer outro dia do ano te faria levantar da sala, ligar o computador e mandar um email pornográfico a seus amigos. Mas hoje é diferente. Hoje não é um dia qualquer, é o dia dos namorados e você se sente no dever de se torturar com o fato de não ter ninguém para te abraçar, beijar ou presentear. Definitivamente, é a data perfeita para você se sentir um lixo, uma excluída e uma encalhada. Está morrendo de inveja das amigas que tem um jantar romântico marcado, uma camisa polo para dar de presente. Nem adianta olhar no seu celularzinho minha filha, seu ficante não vai te faz uma proposta de última hora. Você está perdida...
Mulheres! E aos homens também! Que coisa mais blasé ser vítima do consumismo. É óbvio que esta maldita data é para fomentar o comércio - tantos dos casais enamorados, quanto dos solteiros, pois os últimos, deprimidos, vão consumir horrores de chocolates, lencinhos de papel, filmes de comédia romântica e velas para o coitado do Santo Antônio, outra vítima do sistema. Tá certo, você vai dizer "tá falando isso, porque tem namorado". Sim, estou falando isso porque tenho namorado e pior, duas datas para "comemorar" (a do Brasil e a do resto do mundo, que inclui a Argentina). Então minha filha (o), sou doutora no assunto e digo com toda a autoridade que você é um felizardo e que nós, os "apaixonados", somos as verdadeiras vítimas.
Pensemos por outro ângulo: você já imaginou o saco que é comprar um adidas star wars com o motivo do mestre Yoda? ou ter que procurar um jogo "superbacana" para a Playstation? ou uma calsa que não lhe aperte as bolas? (e como é que você vai saber isso se não tem bolas?). E você marmanjão, sabe a merda que é enfrentar uma fila infinita para pagar apenas o presentinho da namorada, para depois ela te dizer que você errou no tamanho, na cor, na textura, na marca, que a este preço ela renovaria o guarda-roupa inteiro....Sabe? Não, não sabe.
Sinceramente, não sei o que acontece, mas quando se trata do dia dos namorados, parece que todo mundo enxerga a realidade sob a perspectiva do O Boticário ou das Lojas Marisa, com aquelas publicidades cheias de dengo. E a realidade não é provida de tantos amores não minha senhora (ou senhor). A realidade tem chulé, deixa as cuecas jogadas debaixo da cama e mesmo vivendo com você há mais de 3 anos, te pergunta se ao invés de ir ao restaurante italiano, se o delivery do Burger King não estaria de bom tamanho!
Tem, tem coisas boas sim. Mas elas não acontecem apenas no dia 12 de junho. Se o amor, se o cara (ou mina) que está ao seu lado for pra valer, as cenas boticarianas ou lojasmarisiana ocorrem em ocasiões menos esperadas, que é o que dá o verdadeiro charme na relação. Mas vai por mim, tudo tem a sua fase. A fase de estar sozinho, que defino de auto-conhecimento, depois a de conhecer alguém bacana - sem o compromisso de que ela seja a pessoa certa, e finalmente a fase de estar com a pessoa certa - que vai fazer você duvidar, delirar, até concluir que acertou no bingo. E a partir daí, é desfrutar as coisas bacanas que uma relação a dois proporciona, sem esquecer lógico, que as brigas, os desentendimentos, as diferenças de opinião também fazem parte dela.
Então, se está sozinha (o), deixe de lado essa melancolia toda. Aproveite a fase em que está. Liga para os amigos, abram uma cerveja bem gelada e festejem a vida por si só. O comércio cervejeiro agradece e eu também, pois não aguento mais ler essas mensagens de gente encalhada pelo Orkut, Facebook, Twit...
Mulheres! E aos homens também! Que coisa mais blasé ser vítima do consumismo. É óbvio que esta maldita data é para fomentar o comércio - tantos dos casais enamorados, quanto dos solteiros, pois os últimos, deprimidos, vão consumir horrores de chocolates, lencinhos de papel, filmes de comédia romântica e velas para o coitado do Santo Antônio, outra vítima do sistema. Tá certo, você vai dizer "tá falando isso, porque tem namorado". Sim, estou falando isso porque tenho namorado e pior, duas datas para "comemorar" (a do Brasil e a do resto do mundo, que inclui a Argentina). Então minha filha (o), sou doutora no assunto e digo com toda a autoridade que você é um felizardo e que nós, os "apaixonados", somos as verdadeiras vítimas.
Pensemos por outro ângulo: você já imaginou o saco que é comprar um adidas star wars com o motivo do mestre Yoda? ou ter que procurar um jogo "superbacana" para a Playstation? ou uma calsa que não lhe aperte as bolas? (e como é que você vai saber isso se não tem bolas?). E você marmanjão, sabe a merda que é enfrentar uma fila infinita para pagar apenas o presentinho da namorada, para depois ela te dizer que você errou no tamanho, na cor, na textura, na marca, que a este preço ela renovaria o guarda-roupa inteiro....Sabe? Não, não sabe.
Sinceramente, não sei o que acontece, mas quando se trata do dia dos namorados, parece que todo mundo enxerga a realidade sob a perspectiva do O Boticário ou das Lojas Marisa, com aquelas publicidades cheias de dengo. E a realidade não é provida de tantos amores não minha senhora (ou senhor). A realidade tem chulé, deixa as cuecas jogadas debaixo da cama e mesmo vivendo com você há mais de 3 anos, te pergunta se ao invés de ir ao restaurante italiano, se o delivery do Burger King não estaria de bom tamanho!
Tem, tem coisas boas sim. Mas elas não acontecem apenas no dia 12 de junho. Se o amor, se o cara (ou mina) que está ao seu lado for pra valer, as cenas boticarianas ou lojasmarisiana ocorrem em ocasiões menos esperadas, que é o que dá o verdadeiro charme na relação. Mas vai por mim, tudo tem a sua fase. A fase de estar sozinho, que defino de auto-conhecimento, depois a de conhecer alguém bacana - sem o compromisso de que ela seja a pessoa certa, e finalmente a fase de estar com a pessoa certa - que vai fazer você duvidar, delirar, até concluir que acertou no bingo. E a partir daí, é desfrutar as coisas bacanas que uma relação a dois proporciona, sem esquecer lógico, que as brigas, os desentendimentos, as diferenças de opinião também fazem parte dela.
Então, se está sozinha (o), deixe de lado essa melancolia toda. Aproveite a fase em que está. Liga para os amigos, abram uma cerveja bem gelada e festejem a vida por si só. O comércio cervejeiro agradece e eu também, pois não aguento mais ler essas mensagens de gente encalhada pelo Orkut, Facebook, Twit...
Marcadores:
A verdade sobre o dia dos namorados
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Déjà vu - o que passou, ficou para trás
Não preciso dizer que trabalhei demais, cansei pra caramba e que essa viagem foi muito emotiva. Tá certo, estressante, afinal, não é todo dia que você volta às suas origens, se depara com suas amigas de infância 15 anos mais velhas, casadas ou com filhos, (enquanto você é uma pessoa sem residência fixa, acredita que o amor é passageiro e um filho está completamente fora da sua inconstante realidade). Algumas coisas que vi foram surpreendentes (para bem e para mal). O saldo disso tudo é que pela primeira vez fiquei muito feliz por voltar a Buenos Aires: enfim, em casa.
Pode ser que a mistura de calmante, dramamim e vinho vagabundo servido no avião tenha gerado certa confusão no meu eu interior: fiquei radiante quando o comandante do voo 1428, das Aerolíneas Argentinas, disse "bienvenido a todos a la ciudad de Buenos Aires...". Estava de volta. Isso significava de volta ao mau humor, aos metrôs que nunca funcionam e à comida sem graça da minha sogra. Mas, apesar disso, estava sinceramente feliz. Senti um profundo sentimento de gratidão pelo céu azul que me recepcionava, juntamente com os belos edifícios de arquiterura francesa que se extendiam pela avenida Libertador. Era como se fosse a minha primeira vez em Buenos Aires. Meus olhos registravam cada detalhe, cada movimento de gente. O país estava comemorando o seu bicentenário e o feriado prolongado (de 4 dias) dava um tom de felicidade no semblante dos argentinos, deixando-os completamente irresistíveis.
- El pueblo está feliz, disse o taxista, querendo puxar conversa.
- É mesmo?
- Sim. O povo argentino está feliz com sua presidenta. (Agora imaginem que estão lendo através de uma tecla SAP)
Opa, opa, opa. Para tudo! Comecei a ficar preocupada. Havia apenas uma semana que tinha deixado o país, e nessa ocasião o povo odiava a Cristina Fernandez. Freneticamente, comecei a procurar na minha bolsa que tipo de calmante a minha sogra havia me dado, pois eu só podia estar ficando maluca (ou muito dopada), oras bolas, o povo feliz com a senhora Kirchner?
- Mas o que aconteceu que o povo está sentindo esse amor súbito pela presidenta?
- Aumentaram os empregos, a pobreza está diminuindo. Se ela se candidatasse hoje, ela ganharia.
Ufa, fiquei parcialmente despreocupada. Eu não estava louca, o taxista sim, certamente havia injetado ou cheirado qualquer merda aquele dia.
- Mas meu senhor, nós sabemos que as coisas não mudam de uma semana para outra. Há uma semana vi muita pobreza, crise, inflação. Isso é jogada política, pelo bicentenário.
A discussão não foi muito longe, quando descobri que o tiozinho era peronista...
Enquanto o taxi se deslizava pelas belas ruas de Belgrano, não podia deixar de recordar o que vi em São Paulo. Eu estava confusa, a viagem me causou um grande desconforto moral. Sentimento parecido quando visitei a casa do Luis pela primeira vez. Apertada, fui indicada ao banheiro. Tudo muito bonito, organizado e por sorte, com o sanitário inclinado - odeio quando faço xixi em casa alheia e descubro que o sanitário é daqueles retos, cuja urina cai diretamente na água. Isso me inibe e ao invés de despejar todo o conteúdo de uma vez só, fico emitindo rajadas, o que piora a sonorização e o meu período de angústia. Mas como disse, o sanitário do Luis era inclinado e não fazia ruídos. Mas como comigo nada é de graça, percebi que eles não tinham a lixeirinha para jogar o papel. Eu é que não ia jogar na privada, imaginem só se eu entupisse o negócio dos outros, muito desagradável. O que fiz? Como uma boa dama, dobrei o papel bem dobradinho, tendo o cuidado de encapá-lo com outra camada de papel, colocando-o na caixa de escovas de cabelo da minha futura sogra. Mas é certo que fiquei com dor na consciência, então, para a segunda mijada, juntei o novo com o antigo e os guardei no bolso. Na primeira oportunidade os atirei no lixo da rua. Claro que muito depois, descobri que o sanitário do Luis - além de inclinadinho, estava apto para receber papéis de qualquer grossor. Maldiçãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao!
De volta a São Paulo, meu desconforto moral se deu pela pobreza que vi no bairro em que nasci e cresci. Sou filha da periferia paulistana, bairro de classe trabalhadora, que no meu imaginário infantil era sim, o melhor lugar do mundo para se viver! Tudo bem que em duas oportunidades, indo na padaria de manhã, vi dois homens mortos a balaços (esclareço, um morto para cada ocasião). Mas fora isso, era um lugar super tranquilo para brincar na rua, fazer amigos e soltar pipa. Foi nesse mesmo lugar que pintei a rua durante algumas copas e fiz muitas bandeirinhas nela para a festa junina, pulei corda, me apaixonei e dancei minha primeira música lenta. Aliás, estudei 8 anos na mesma escola e é óbvio que tinha um carinho muito especial por tudo aquilo. Mas, certa vez, meu pai disse que aquele lugar era uma merda e fomos morar no Paraná, porque era mais seguro e tinha uma melhor qualidade de vida.
Claro que morando no interior foi difícil me adaptar às músicas, às saídas, à cultura local. Acabei me acostumando, fazendo novos amigos, mas sempre ostentando uma nostalgia caetana por Sampa. Retornei poucas vezes à cidade, com tempo insuficiente para fazer uma análise crítica.
Como dessa vez teria tempo para percorrer o Cangaíba, queria visitar a padaria - cujo no seu percurso havia encontrado os dois defuntos assassinados; os lojistas onde compravam meu material escolar; o farmacêutico que eu praguejava quando tinha que tomar uma benzetacil na bunda; a cabelereira que cortava meus cabelos, enfim, o povo o bairro. Alguns visitei, conversei e outros até se lembravam de mim. Comi o pão vanderleia, que na minha infância era o melhor pão do mundo - não sei se eu romantizei demais ou se o padeiro errou a mão naquele dia, mas que pãozinho ruim! Visitei o japonês careiro, que vendia material escolar, coitado. Estava viúdo, completamente paralizado do lado esquerdo e sozinho. Dava para notar sua solidão de longe e que tentava se virar como dava. A cabelereira havia morrido de câncer e o farmacêutico, deixado São Paulo. Fui rever o colégio em que estudei. No caminho, um homem e um menino de no máximo 11 anos, ambos cheirando cola. Passei pela rua da casa em que praticamente nasci e vivi até meus 12 anos, e lá uma imagem muito chocante: uns 4 adolescentes, novinhos, sentados na porta de uma creche cheirando lança perfume.
A copa está próxima, a festa junina também. Não havia ruas pintadas, nem bandeirinhas coloridas. Só casas cheias de grade, gente encerrada e gente jovem, muito jovem na rua se drogando. As bonitas casas que havia na minha rua, agora eram ruínas. Não havia mais os pipas, as cordas, as cantigas, os risos das crianças, nada. Apenas um cenário desolado e ameaçador. Fiquei profundamente chocada e aliviada por não estar mais ali. Triste, pois era um dos lugares mais especiais da minha vida e que agora nada mais eram que um amontoado de gente com suas casas velhas, feias, cobertas por grades.
Reencontrei as minhas amigas de infância. Foi estranho, pois eu não era eu quando as conheci e nem quando fui embora. Quando pensamos no passado, acreditamos que vamos encontrar tudo como deixamos, besteira! Eu mudei, elas mudaram, a cidade mudou. A reunião que foi agradável, também foi esquisita. Tínhamos tanto para contar e saber, mas era como estar conversando com gente estranha. Passaram-se muitos anos, é certo. O que nos unia naquela tarde de sábado era o passado, nada mais; os colegas que casaram, os que morreram, os que conseguiram estudar. Uma das minhas amigas teve um bebê recentemente, e essa sim é uma vencedora, passou por uns bocados na vida e agora está lá, com sua família formada. Estou muito orgulhosa e feliz por ela, mesmo!
Talvez essa viagem foi uma oportunidade para eu valorizar o que sou e o que conquistei até então. Mesmo sendo uma experiência demasiada forte, foi uma análise indispensável de uma Michele que viveu há 15 anos atrás e esta Michele de hoje. Houve evolução, sendo assim, o saldo foi positivo. Lamento por muitos que não tiveram a mesma que a minha. Me sinto uma filha do rigor, comparada com tantas almas perdidas daquela selva de pedras, e prefiro tentar não perder a doce lembrança das imagens que tenho guardadas da minha infància, embora, com o que vi ache isso difícil.
Pela primeira vez, em quase 3 anos, finalmente senti que Buenos Aires era a minha casa, o meu lugar por mais provisório que seja. Realmente estou orgulhosa de mim, mesmo não tendo me casado, sem filhos, sem casa própria. Adquiri muito conhecimento e continuo nessa busca, sem cansar, obtendo resultados que, talvez, jamais pensaria lograr. Hoje, sou muito melhor do que fui ontem, é isso o que realmente importa.
O que passou, valeu, mas já é passado.
Pode ser que a mistura de calmante, dramamim e vinho vagabundo servido no avião tenha gerado certa confusão no meu eu interior: fiquei radiante quando o comandante do voo 1428, das Aerolíneas Argentinas, disse "bienvenido a todos a la ciudad de Buenos Aires...". Estava de volta. Isso significava de volta ao mau humor, aos metrôs que nunca funcionam e à comida sem graça da minha sogra. Mas, apesar disso, estava sinceramente feliz. Senti um profundo sentimento de gratidão pelo céu azul que me recepcionava, juntamente com os belos edifícios de arquiterura francesa que se extendiam pela avenida Libertador. Era como se fosse a minha primeira vez em Buenos Aires. Meus olhos registravam cada detalhe, cada movimento de gente. O país estava comemorando o seu bicentenário e o feriado prolongado (de 4 dias) dava um tom de felicidade no semblante dos argentinos, deixando-os completamente irresistíveis.
- El pueblo está feliz, disse o taxista, querendo puxar conversa.
- É mesmo?
- Sim. O povo argentino está feliz com sua presidenta. (Agora imaginem que estão lendo através de uma tecla SAP)
Opa, opa, opa. Para tudo! Comecei a ficar preocupada. Havia apenas uma semana que tinha deixado o país, e nessa ocasião o povo odiava a Cristina Fernandez. Freneticamente, comecei a procurar na minha bolsa que tipo de calmante a minha sogra havia me dado, pois eu só podia estar ficando maluca (ou muito dopada), oras bolas, o povo feliz com a senhora Kirchner?
- Mas o que aconteceu que o povo está sentindo esse amor súbito pela presidenta?
- Aumentaram os empregos, a pobreza está diminuindo. Se ela se candidatasse hoje, ela ganharia.
Ufa, fiquei parcialmente despreocupada. Eu não estava louca, o taxista sim, certamente havia injetado ou cheirado qualquer merda aquele dia.
- Mas meu senhor, nós sabemos que as coisas não mudam de uma semana para outra. Há uma semana vi muita pobreza, crise, inflação. Isso é jogada política, pelo bicentenário.
A discussão não foi muito longe, quando descobri que o tiozinho era peronista...
Enquanto o taxi se deslizava pelas belas ruas de Belgrano, não podia deixar de recordar o que vi em São Paulo. Eu estava confusa, a viagem me causou um grande desconforto moral. Sentimento parecido quando visitei a casa do Luis pela primeira vez. Apertada, fui indicada ao banheiro. Tudo muito bonito, organizado e por sorte, com o sanitário inclinado - odeio quando faço xixi em casa alheia e descubro que o sanitário é daqueles retos, cuja urina cai diretamente na água. Isso me inibe e ao invés de despejar todo o conteúdo de uma vez só, fico emitindo rajadas, o que piora a sonorização e o meu período de angústia. Mas como disse, o sanitário do Luis era inclinado e não fazia ruídos. Mas como comigo nada é de graça, percebi que eles não tinham a lixeirinha para jogar o papel. Eu é que não ia jogar na privada, imaginem só se eu entupisse o negócio dos outros, muito desagradável. O que fiz? Como uma boa dama, dobrei o papel bem dobradinho, tendo o cuidado de encapá-lo com outra camada de papel, colocando-o na caixa de escovas de cabelo da minha futura sogra. Mas é certo que fiquei com dor na consciência, então, para a segunda mijada, juntei o novo com o antigo e os guardei no bolso. Na primeira oportunidade os atirei no lixo da rua. Claro que muito depois, descobri que o sanitário do Luis - além de inclinadinho, estava apto para receber papéis de qualquer grossor. Maldiçãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao!
De volta a São Paulo, meu desconforto moral se deu pela pobreza que vi no bairro em que nasci e cresci. Sou filha da periferia paulistana, bairro de classe trabalhadora, que no meu imaginário infantil era sim, o melhor lugar do mundo para se viver! Tudo bem que em duas oportunidades, indo na padaria de manhã, vi dois homens mortos a balaços (esclareço, um morto para cada ocasião). Mas fora isso, era um lugar super tranquilo para brincar na rua, fazer amigos e soltar pipa. Foi nesse mesmo lugar que pintei a rua durante algumas copas e fiz muitas bandeirinhas nela para a festa junina, pulei corda, me apaixonei e dancei minha primeira música lenta. Aliás, estudei 8 anos na mesma escola e é óbvio que tinha um carinho muito especial por tudo aquilo. Mas, certa vez, meu pai disse que aquele lugar era uma merda e fomos morar no Paraná, porque era mais seguro e tinha uma melhor qualidade de vida.
Claro que morando no interior foi difícil me adaptar às músicas, às saídas, à cultura local. Acabei me acostumando, fazendo novos amigos, mas sempre ostentando uma nostalgia caetana por Sampa. Retornei poucas vezes à cidade, com tempo insuficiente para fazer uma análise crítica.
Como dessa vez teria tempo para percorrer o Cangaíba, queria visitar a padaria - cujo no seu percurso havia encontrado os dois defuntos assassinados; os lojistas onde compravam meu material escolar; o farmacêutico que eu praguejava quando tinha que tomar uma benzetacil na bunda; a cabelereira que cortava meus cabelos, enfim, o povo o bairro. Alguns visitei, conversei e outros até se lembravam de mim. Comi o pão vanderleia, que na minha infância era o melhor pão do mundo - não sei se eu romantizei demais ou se o padeiro errou a mão naquele dia, mas que pãozinho ruim! Visitei o japonês careiro, que vendia material escolar, coitado. Estava viúdo, completamente paralizado do lado esquerdo e sozinho. Dava para notar sua solidão de longe e que tentava se virar como dava. A cabelereira havia morrido de câncer e o farmacêutico, deixado São Paulo. Fui rever o colégio em que estudei. No caminho, um homem e um menino de no máximo 11 anos, ambos cheirando cola. Passei pela rua da casa em que praticamente nasci e vivi até meus 12 anos, e lá uma imagem muito chocante: uns 4 adolescentes, novinhos, sentados na porta de uma creche cheirando lança perfume.
A copa está próxima, a festa junina também. Não havia ruas pintadas, nem bandeirinhas coloridas. Só casas cheias de grade, gente encerrada e gente jovem, muito jovem na rua se drogando. As bonitas casas que havia na minha rua, agora eram ruínas. Não havia mais os pipas, as cordas, as cantigas, os risos das crianças, nada. Apenas um cenário desolado e ameaçador. Fiquei profundamente chocada e aliviada por não estar mais ali. Triste, pois era um dos lugares mais especiais da minha vida e que agora nada mais eram que um amontoado de gente com suas casas velhas, feias, cobertas por grades.
Reencontrei as minhas amigas de infância. Foi estranho, pois eu não era eu quando as conheci e nem quando fui embora. Quando pensamos no passado, acreditamos que vamos encontrar tudo como deixamos, besteira! Eu mudei, elas mudaram, a cidade mudou. A reunião que foi agradável, também foi esquisita. Tínhamos tanto para contar e saber, mas era como estar conversando com gente estranha. Passaram-se muitos anos, é certo. O que nos unia naquela tarde de sábado era o passado, nada mais; os colegas que casaram, os que morreram, os que conseguiram estudar. Uma das minhas amigas teve um bebê recentemente, e essa sim é uma vencedora, passou por uns bocados na vida e agora está lá, com sua família formada. Estou muito orgulhosa e feliz por ela, mesmo!
Talvez essa viagem foi uma oportunidade para eu valorizar o que sou e o que conquistei até então. Mesmo sendo uma experiência demasiada forte, foi uma análise indispensável de uma Michele que viveu há 15 anos atrás e esta Michele de hoje. Houve evolução, sendo assim, o saldo foi positivo. Lamento por muitos que não tiveram a mesma que a minha. Me sinto uma filha do rigor, comparada com tantas almas perdidas daquela selva de pedras, e prefiro tentar não perder a doce lembrança das imagens que tenho guardadas da minha infància, embora, com o que vi ache isso difícil.
Pela primeira vez, em quase 3 anos, finalmente senti que Buenos Aires era a minha casa, o meu lugar por mais provisório que seja. Realmente estou orgulhosa de mim, mesmo não tendo me casado, sem filhos, sem casa própria. Adquiri muito conhecimento e continuo nessa busca, sem cansar, obtendo resultados que, talvez, jamais pensaria lograr. Hoje, sou muito melhor do que fui ontem, é isso o que realmente importa.
O que passou, valeu, mas já é passado.
Marcadores:
Déjà vu - o que passou ficou para trás
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Chicrete com martelada
Descobri este vídeo no blog http://casa101.blogspot.com, da queridíssima Kath. Depois, retornei a vê-lo em São Paulo, só que desta vez, não me recordo onde.
Foi justamente na terra da garoa que constatei como tem muita gente falando errado, polamor! Então, desconsiderando temas sócio-educacionais e linguística moderna, dedico este post aos que se irritam ao escutar senhores, senhoras e senhoritas pronunciarem palavras politicamente corretas de forma inacreditavelmente irreproduzível.
O vídeo é para ouvidos pouco tolerante e talvez, para sádicos como eu.
Foi justamente na terra da garoa que constatei como tem muita gente falando errado, polamor! Então, desconsiderando temas sócio-educacionais e linguística moderna, dedico este post aos que se irritam ao escutar senhores, senhoras e senhoritas pronunciarem palavras politicamente corretas de forma inacreditavelmente irreproduzível.
O vídeo é para ouvidos pouco tolerante e talvez, para sádicos como eu.
Marcadores:
anões em Chamas,
casa 101,
chicrete
terça-feira, 25 de maio de 2010
Para votar no Top Blog 2010
Pessoas! Recebi alguns emails de gente expressando dúvidas de como votar. É simples! Basta clicar no ícone que aparece no blog ao lado esquerdo. Uma nova página se abrirá (espere que carregue) e o sistema pedirá que você confirme o voto clicando num ícone minúsculo que está no canto inferior direito (pra facilitar mesmo galera, hehe). Na mesma janela, vocês terão que confirmar o voto. Para isso, é só preencher o campo mais abaixo com o seu nome e email. Vejam o print abaixo (atenção no que está marcado com rosa).
Não é tão simples, mas não é tão impossível. Valeuuu!
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Você não soube me amar concorre ao prêmio Top Blog 2010
Gentem! Vocês são fodex mesmo... Tá boiando, né? Eu também. É o seguinte: este singelo blog foi indicado ao prêmio Top Blog 2010. Aí você vai dizer "mas meu, é só uma indicação...", é verdade, trata-se apenas de uma indicação. Mas isso significa muito pra mim, pô! O blog nasceu sem nenhum tipo pretensão e vejo ele crescer a cada dia. As pessoas me escrevem, gostam dele, e o mais louco de tudo isso é que ele é fruto das minhas maluquices. Isso significa que o mundo ainda aprecia os pirados, eita coisa boa! Tá certo que muitos pontos necessitam ser ajustados, porém, isso será feito aos poucos). E antes de mudar de assunto, quero agradecer a todos que me visitam, homens, mulheres (e porque não os transexuais?)
Ah, cheguei hoje de São Paulo, de uma viagem digamos, comovente. Tudo foi uma verdadeira surpresa e é lógico que irei compartir essa com vocês. Sabe como é, tem que ter um pouquinho de paciência, porque o tempo tá curto por aqui.
Bem povo de darsham, beijos nesses olhos que me leem. (Ainda estou sob o efeito das pilulazinhas mágicas da sogra - sério, desta vez não fiz feio no avião, mas depois eu conto).
Abraços e valeu!
Ah, cheguei hoje de São Paulo, de uma viagem digamos, comovente. Tudo foi uma verdadeira surpresa e é lógico que irei compartir essa com vocês. Sabe como é, tem que ter um pouquinho de paciência, porque o tempo tá curto por aqui.
Bem povo de darsham, beijos nesses olhos que me leem. (Ainda estou sob o efeito das pilulazinhas mágicas da sogra - sério, desta vez não fiz feio no avião, mas depois eu conto).
Abraços e valeu!
Marcadores:
agradecimento,
prêmio,
Top Blog 2010,
valeu
domingo, 16 de maio de 2010
Olhando para trás
Hoje acordei com uma vontade danada de comer arroz doce. Não porque sou fanática da combinação arroz, leite condensado e leite. Na verdade, acho que esse foi um pretexto usado pelo meu subconsciente para replicar o mesmo sabor que senti há muitos anos atrás. No fundo, quero ter de volta o gosto da adolescência e saborear ao menos uma vez mais aquelas sensações que vivi numa São Paulo fria e chuvosa, que deixei no final da década de 90. E numa cidade fria e chuvosa, nada melhor que um bom prato de arroz doce para aquecer o corpo e o espírito, né não?
Um dia todo mundo vai embora, e eu sabia que em qualquer momento a minha vez chegaria. Deixei para trás os meus grandes amigos, a escola em que aprendi as primeiras letras, minha história. Em cada esquina podia ver uma cena diferente: eu correndo atrasada para a escola, o fusca inconfundível da professora megera, o muro dos beijos - e as vezes que fugi dele, minhas colegas do ballet, minhas brigas, os lugares onde me apaixonei, meus ex amores... tudo ali, reunido num conjunto de poucas quadras. É incrível como um complexo de ruas, edifícios e casas podem afetar tanto a vida de uma pessoa! E esse mesmo complexo, feio ou bonito, tem um significado muito importante para mim. Pois lembra a esse sabor de arroz doce que comemos com tanto prazer na infância, e é desse sabor que a gente não quer esquecer nunca. Quando recordamos dele, fatalmente sentimos um tremendo nó na garganta; quem já sentiu sabe do que estou falando. A gente suspira e disfarça a lágrima que quer escapar, resultando num sorriso descompassado, sem graça, improvisado.
Também chegou o dia em que deixei a casa da minha mãe. E com o passar dos anos, acabei esquecendo definitivamente o gosto do arroz doce. É engraçada a forma como a gente esquece de coisas importantes. E nem é um esquecimento voluntário. Vamos conhecendo e provando coisas novas, e o que estávamos acostumados torna-se um desconhecido. Ou um esquecido mesmo.
Amanhã terei a oportunidade de recordar à cidade fria e chuvosa de sempre. Sim, vou a São Paulo. Confesso que estou ansiosa, pois tanta coisa passou nesses últimos 12 anos! Claro que já voltei pra lá outras vezes, mas sempre adiando esse reencontro com a Michele de anos atrás. E isso está me causando um frenesi terrível, pois não é apenas reencontrar as ruas que andei, é também rever pessoas é recontar histórias e nesse momento desafiador, será inevitável não olhar para trás e comparar ambas Michele para saber se as escolhas que fiz foram as corretas, desde que deixei a cidade.
Sem dúvida são poucas as ocasiões que temos para um um reencontro consigo mesmo e fazer uma reflexão de tamanha profundidade como essa. Agora, estou nesse devaneio infantil, esse medo da crítica, essa curiosidade de saber o que mudou, o que ficou igual e como o lugar e as pessoas vão me receber. Se me tranformei em uma boa pessoa, se estou dentro das expectativas do que imaginaram o que seria a minha vida. Algumas vezes recuei e desisti desse reencontro com o meu eu, mas sei que não podemos fugir para sempre. E como parte do ritual, eu mesma preparei um arroz doce. Claro que não ficou como o da minha mãe, e não houve o lirismo esperado. Teve sim, um comentário de sogra feito por minha sogra "tem cravo demais, ficou forte".
O ritual seguiu como devia. Iniciei o meu reencontro e já com críticas! Devo estar preparada para elas, afinal, elas também fazem parte da vida. Voilà!
Um dia todo mundo vai embora, e eu sabia que em qualquer momento a minha vez chegaria. Deixei para trás os meus grandes amigos, a escola em que aprendi as primeiras letras, minha história. Em cada esquina podia ver uma cena diferente: eu correndo atrasada para a escola, o fusca inconfundível da professora megera, o muro dos beijos - e as vezes que fugi dele, minhas colegas do ballet, minhas brigas, os lugares onde me apaixonei, meus ex amores... tudo ali, reunido num conjunto de poucas quadras. É incrível como um complexo de ruas, edifícios e casas podem afetar tanto a vida de uma pessoa! E esse mesmo complexo, feio ou bonito, tem um significado muito importante para mim. Pois lembra a esse sabor de arroz doce que comemos com tanto prazer na infância, e é desse sabor que a gente não quer esquecer nunca. Quando recordamos dele, fatalmente sentimos um tremendo nó na garganta; quem já sentiu sabe do que estou falando. A gente suspira e disfarça a lágrima que quer escapar, resultando num sorriso descompassado, sem graça, improvisado.
Também chegou o dia em que deixei a casa da minha mãe. E com o passar dos anos, acabei esquecendo definitivamente o gosto do arroz doce. É engraçada a forma como a gente esquece de coisas importantes. E nem é um esquecimento voluntário. Vamos conhecendo e provando coisas novas, e o que estávamos acostumados torna-se um desconhecido. Ou um esquecido mesmo.
Amanhã terei a oportunidade de recordar à cidade fria e chuvosa de sempre. Sim, vou a São Paulo. Confesso que estou ansiosa, pois tanta coisa passou nesses últimos 12 anos! Claro que já voltei pra lá outras vezes, mas sempre adiando esse reencontro com a Michele de anos atrás. E isso está me causando um frenesi terrível, pois não é apenas reencontrar as ruas que andei, é também rever pessoas é recontar histórias e nesse momento desafiador, será inevitável não olhar para trás e comparar ambas Michele para saber se as escolhas que fiz foram as corretas, desde que deixei a cidade.
Sem dúvida são poucas as ocasiões que temos para um um reencontro consigo mesmo e fazer uma reflexão de tamanha profundidade como essa. Agora, estou nesse devaneio infantil, esse medo da crítica, essa curiosidade de saber o que mudou, o que ficou igual e como o lugar e as pessoas vão me receber. Se me tranformei em uma boa pessoa, se estou dentro das expectativas do que imaginaram o que seria a minha vida. Algumas vezes recuei e desisti desse reencontro com o meu eu, mas sei que não podemos fugir para sempre. E como parte do ritual, eu mesma preparei um arroz doce. Claro que não ficou como o da minha mãe, e não houve o lirismo esperado. Teve sim, um comentário de sogra feito por minha sogra "tem cravo demais, ficou forte".
O ritual seguiu como devia. Iniciei o meu reencontro e já com críticas! Devo estar preparada para elas, afinal, elas também fazem parte da vida. Voilà!
Marcadores:
amigos,
arroz doce,
lembranças,
sao paulo
Assinar:
Postagens (Atom)