sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Curta e grossa: chat

Enquanto isso, no escuro do castelo...


- Oi Mi, tudo bem?
- Eda, tudo bem? Que bom te ver no facebook!
- E como vai indo a convivência com o Luis?
- Depende do dia... Hoje, por exemplo, tenho vontade de botar arsênio na comida dele!
- He he, mas isso é normal. Convivência é algo muito difícil mesmo, rs.
- Vai me dizer que você nunca teve vontade de matar o seu marido?
- Umas 5 ou 6 vezes, e olhe que só tenho 7 meses de casada.
- Mas 5 ou 6 vezes por dia ou por semana?

sábado, 17 de setembro de 2011

Primeiro Amor

Para ser exata, foram três tentativas e sempre no mesmo lugar, no paredão da escola. Cada vez que seu rosto se aproximava de meus lábios, a voz da minha mãe soava como um funk desproporcionado, berrando palavras incoerentes em um momento pouco oportuno: JAMAIS QUERO TE VER BEIJANDO AQUELE ESQUISITINHO. De certa forma, concordava com a minha mãe, ele era meio esquisito. Mas era dele que eu gostava, o primeiro menino que eu me apaixonei.


O Ministério dos Blogs Adverte: este texto será um dos mais clichês que tenha lido na vida. Mas que história de amor não o é? (A leitura só será válida, se acompanhada dos 2 áudios, hehe)


 

Outro dia, sonhei com algumas amigas do tempo da escola. Estávamos indo a uma festinha, super animadas, exceto por mim, que não parava de questionar se o tal Diogo – por quem fui apaixonada dos 12 aos 15 anos – estaria na tal festa. (O que mais revolta nos meus sonhos é que eles são sempre fiéis à realidade, não tendo sequer a criatividade de inventar uma historinha mais feliz). Hunf, então, lá estava eu no mundo dos sonhos, angustiada para variar, igualzinho ao que vivi no mundo real...

Diogo não era exatamente bonito. Tampouco tinha uma inteligência ou humor que compensasse. Caminhava feito um orangotango manco, usava um sistema de comunicação incompreensível e nós dois passávamos a maior parte do tempo brigando. Inclusive, ele rompeu um protocolo gravíssimo: leu o meu diário completo, inclusive sobre os meus sentimentos por ele.
Conheci o garoto ajudando-o a não repetir de ano, dando-lhe aulas intensivas de ciências e matemática – isso, porque eu estava na sexta série e ele... na sétima! Mas o coração não atua em conjunto com a mente, enfim... logo após à minha boa ação, caí de amores e ele reprovou. No ano seguinte estudamos juntos e, por ter sido a minha primeira experiência com o amor, foi muito difícil lidar com a situação que, cá entre nós, foi bastante cômica. Até hoje, isso é motivo de piada nas reuniões de reencontro de amigos, e não foi diferente quando comentei com minhas amigas o sonho que havia tido.

O engraçado é que ando nostálgica. E novamente, voltei a sonhar com o Diogo. Curiosa, comecei a buscá-lo pelas redes sociais da vida, algo que não existia na nossa adolescência. Teria sido interessante ter postado no meu twitter Diogo da Silva Ribeiro, seu infeliz, devolva o meu diário! Por sorte, não precisei de grandes habilidades jornalísticas para encontrar evidências do tal moço. Achei fotos, vídeos, um recurso audiovisual incrível que resgatou uma série de lembranças deliciosas. Outras nem tanto, mas de qualquer forma, devo tudinho disso a ele.

Diogo gostava de mim. Fingia que não, mas tão boba eu não era. Tá bem, eu era uma boba ao quadrado, porque todas às vezes que ele se aproximava de mim, eu dava um jeito em espantá-lo. Muito provavelmente, eu criava esse mecanismo de auto-defesa apenas para evitar o sofrimento. Pura bobagem, de certo, mas o que se pode esperar de uma adolescente de 12 anos? E foi numa relação de amor e ódio que estudamos juntos, que fiquei ainda mais apaixonada e pior, quando senti as primeiras dores da rejeição. Pois como eu não dava bola, tempo ele não perdia, e buscava outras meninas para sair. Recordo quando ele beijou na minha frente uma de minhas melhores amigas!!! Foi muito doloroso e aquilo alimentou ainda mais a minha bronca e a vontade de tê-lo longe de mim.

Mas certa vez, em um aniversário de um amigo nosso, estávamos os dois na festa. Eu já estava bastante decepcionada e disposta a esquecê-lo. Dizia coisas terríveis a ele, sem mostrar qualquer remorso (claro que depois me arrependia). Então, voltando à festa, havia começado a rodada de músicas lentas. Juro gente, no meu tempo dançávamos músicas românticas (tema internacionais de novelas, rs). Após muita insistência, fui dançar com um amigo e o Diogo ficou um bom tempo nos observando. Tenho que admitir galera, foi uma das cenas mais fofas da minha vida. Ele levantou, veio em nossa direção e delicadamente perguntou se podíamos dançar. Sinceramente, não tive tempo pra pensar e quando dei por mim, estava de rosto colado. Entre tremedeiras e preocupação (pois tive que levar meus irmãos à tal festa), confesso que quase fui às nuvens. Tá certo que esse episódio me rendeu muita chantagem, e durante uns 6 meses tive que pagar aos meus irmãos muita propina na forma de chocolates e chicletes, tudo para a minha mãe não ficar sabendo. Mas acho que valeu a pena. Foram duas músicas dançadas e todas as palavras que eu queria e precisava ouvir dele. Lógico que não nos beijamos ali. O primeiro beijo aconteceu quase dez anos depois, em uma praia de Florianópolis, longe de meus irmãos e do Diogo.

E se a mulher é tinhosa, posso afirmar que eu fui excessivamente. O paredão da escola foi prova disso. Três vezes a mesma cena: ele me abraçando, olhando nos meus olhos e um sorriso nos lábios repetido a frase: finalmente com você. Não sei por que ele falava isso, mas era uma espécie de abracadabra aos avessos, pois minha vontade de estar com ele esvanecia automaticamente. E a voz da minha mãe aparecia toda estridente no meu cérebro, JAMAIS QUERO TE...
Foram anos nessa indefinição, onde ambos saímos machucados. Depois soube que ele estava atrás de uma japaponesa dentuça. Oriental por oriental também era, só não tinha aqueles dentões exuberantes da Wendy! (Pasmem, a japa acabou se casando com o tio do meu primo...mundo pequeno este!). Enfim, o Diogo decidiu se afastar de mim em absoluto e aos poucos, eu também o esqueci. Nunca mais vi ou soube dele...

Embora tenha passado muitos anos, Diogo, onde quer que esteja, jamais esquecerei da cena de eu procurando o diário e você o exibindo com aquele sorriso tenebroso, balançando o pequeno livrinho em suas mãos, hahahahahaha. Só de lembrar me dá calafrios!
Agora falando sério, estranho ou não, você fez parte de uma época maravilhosa de minha vida e para mim, isso é motivo suficiente para jamais esquecê-lo. Muita luz na sua vida, meu querido!

Um beijo da Michele (que continua magrela, mas com alguns fios brancos e cheia de saudades)

Músicas que fizeram parte dessa sessão nostálgica:


  


 


Músicas dançadas com o Diogo na festa do Georgete (Disco "Bebê a bordo internacional", rs):


 


 







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