segunda-feira, 26 de abril de 2010

Voa, voa aviãozinho...



É minha gente, mais uma vez enfrentarei a ave de aço. Espero que desta vez me comporte bem, nada de ter piripaque a bordo, sem mostrar os peitos para os passageiros. Devo me comportar como uma lady, aliás, sou obrigada, pois viajo com o meu chefe e uma colega de trabalho.

Rezem meu povo. Vocês sabem que a lei de murphy me persegue e sempre que viajo - como se não bastasse minha neurose fobíaca, acontece algum tipo de desastre. E que desta vez não seja aéreo. Xôoooooooo, sai azar!

Beijos e aguardem, com certeza vem comédia nos próximos dias.

Pra onde vou? São Paulo, né. Bom mesmo seria se estivesse a caminho do Caribe. Mas essa, ficará para uma outra oportunidade.

Beijosssssss

domingo, 25 de abril de 2010

A irônica vida de um pensamento magricelo

O que acontece quando a gente perde mais de 3 quilos em menos de 2 semanas? Perdemos calorias, muitas calorinhas, gordurinhas indesejadas sim, muitas roupas também e junto, perdemos a dignidade. Com uma dieta forçada pela suposta celiaquia, descobri que perdi a minha dignidade. Digo isso porque sinto que foi inútil ter lutado por tantos anos por um corpão voluptuoso, até mesmo rechonchudinho (não é fácil ser magra em terras siliconadas e bundudas). Era do tipo que se orgulhava em repetir 3 vezes a refeição. Agora mais magra, o desejo de ser como uma pintura renascentista foi friamente assassinado pelo ataque massivo mediático, que finalmente me convenceu que devo ser magricela, assim como deus me fez. Juro que briguei contra a padronização estética imposta indecorosamente às mulheres, mas com vergonha confesso que não posso esconder a satisfação quase narcisista que sinto quando vejo diante do espelho o meu corpo mais esguio. Desbundado também, mas não importa. O importante mesmo é que terei que resistir e não mais comer um quilo de sorvete no meio da noite, ou Big Mc´s, cheesecakes durante à tarde (perto da minha casa tem 3 Burger Kings e 3 Mc Donalds. Sorveterias, já perdi a conta). Meu universo será as zero calorias, a dieta das notas, a balança da farmácia. Já sei, com isso o meu cérebro definhar-se-á e serei um corpo desnutrido, um esqueleto ambulante como essas carcaças sem vida que desfilam por aí. É a minha decisão para satisfacer a demanda de um ego enfraquecido, consequência da carência que meus valores sofrem. Mas não serei eu quem lutará contra este sistema. Unir-me-ei com o inimigo e assim serei até à próxima nova tendência.  Ou até romper a suposta dieta.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Meu problema está no começo, no meio e no fim das coisas

Todas as minhas primeiras vezes são traumáticas, sim senhora: é o primeiro dia de aula, a primeira apresentação em público, o primeiro encontro amoroso, o primeiro dia de trabalho. Poderia considerar normal o fato de me sentir incômoda com uma situação diferente, talvez nunca vivida antes. Mas analisando o meu caso, vejo que as coisas vão sempre para o outro extremo. Tá certo, sou uma ímã de tragédias cômicas mas... isso me incomoda pra caramba, porque me faz ser mais ansiosa, determinando que eu faça mais cagadas e as pessoas acabam tendo uma impressão equivocada ao meu respeito, gerando um ciclo, uma reação em cadeia irreparável que me condena a ser uma... loser. "Ah, você não é aquela que derrubou chá no material do professor de Políticas Latinoamericanas?" "Pois é, sou eu, mas eu só tava tentando ajud...". "Nossa, que desatre você fez aquele dia menina". Foi-se a oportunidade de ser lembrada como a garota inteligente do curso que articulou talentosamente uma ideia difícil de expor...

Geralmente, tento passar despercebida - já considerando o meu talento nato de fazer merdas sucessivas e também porque sou tímida. Lógico que eu gostaria de chamar a atenção por algum tipo de atributo positivo: a linda, inteligente e gostosa; a loirinha linda; a do corpão; a das pernas bonitas; a de humor inteligente; a simpática... - no mínimo isso, porra!



Michele, você era aquela magrinha e dentucinha do ballet?



- Você era a que namorava um bem feinho na faculdade?


- Você é a Michele que repetiu a terceira?



- Não, essa é a Michele gordinha bem morena, do terceiro B.




- Então... que Michele é você mesmo?



Chega! Agora, todas as semanas frequento a sala de um analista para ver se supero o meu "complexo de loser". Nunca quis admiti-lo, mas sim, sou uma loser. E garanto que nunca fui acomodada, tá? Estou trabalhando o meu eu interior para resgatar a minha imagem; vocês podem até me crer superficial (talvez seja), mas cansei de passar 30 anos no banco de reserva. Não quero mais ser a boazinha que só se fode - a que vê a melhor amiga (mais feia e burra que eu) pegar o garoto que foi o amor da minha vida adolescente, a que passa as noites em claro fazendo um trabalho cujo outras pessoas levam o mérito, a que sempre tenta recuperar a relação que está aos frangalhos. Não! Agora estou na fase da superação, enquanto tento secar e limpar as folhas manchadas com o chá verde do professor de Políticas Latinoamericanas. Porque além de não tão linda, não tão brilhante, não quero me foder na pósgraduação e afetar consequentemente, a minha vida acadêmica.


PS: Não acreditem em tudo o que está escrito. Em algumas coisas, talvez:



1: Psicólogos me perdoem, mas para mim os analistas são mentirosos e previsíveis.
2: Nunca me preocupei com a minha imagem, acho que gosto de ser bizarra.
3: É verdade, minha melhor amiga pegou o menino que eu gostava. Mas como minha mente é diabólica, me vinguei dela e principalmente dele.
4: Nunca tento recuperar minhas relações; ou porque não valem a pena ou porque não tenho vontade.
5: Faço trabalhos acadêmicos sozinha, detesto dividir méritos.
6: Derrubei chá verde nas folhas do professor, mas culpei a colega do lado.
7: Este texto é para provar que a imagem frágil te faz passar por estúpida.
8: Sim, sou uma psicopata, perversa e irrecuperável. Mas não tenham medo, sou inofensiva.
9: Não permitam ser subestimados, pisados, esculachados por ninguém.
10: Amo vocês!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pelos, nunca mais!

Amigasss e amigosss, tenho uma ótima notícia: finalmente me verei livre do matagal que jaz nas redondezas do monte vênus e pernas!

Para quem escreveu outro dia sobre as torturas nos métodos de depilação (ver posts mais antigos), hoje, com grande alegria anuncio a minha abolição. Farei a tal da depilação definitiva! Tcharammmm.

Ufa, falei. Mas gente, confesso que - como boa pessimista que sou, tenho uma pontinha de receio: de gastar uma grana preta (que estava reservada para minha notebook) para ficar com os pelos! Tem que dar certo gente, não posso ficar nesse preju.
Rezem por mim, povo, rezem.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ataque epilético? Não, é a Michele dançando!

Sempre morri de inveja das pessoas que dançam bem. Isso significa que tenho inveja de todas as pessoas e objetos existentes, porque até um ventilador se move melhor do que minhas cadeiras. Tento me consolar com a ideia de que o ballet clássico - praticado por 10 anos, prejudicou o meu desempenho e por isso, desde cedo, desisti da possibilidade de ser a nova "loira do tcham", declarando-me então, uma inimiga mortal do axé (coisa de gente invejosa, sabe como é).
Quando saio para dançar, sinto que sou um polvo no meio da pista: tenho tantos braços e pernas que não sei onde enfiá-los! A impressão é que tudo é desproporcional, excessivo. Acabo na companhia do copo e da garrafa que, sob o efeito etílico, me permite mexer os pés debaixo da mesa. Mas passar por isso em Buenos Aires pode ser ainda pior. Os homens, ao contrário dos brasileiros, não tem nenhum problema em rebolar. Fazem passinhos, vão até o chão e se sentem muitos machos fazendo isso. Homem que não rebola aqui, fica sozinho.

Cansada desse insucesso na dança, decidi por algo bastante extravagante: salsa e tango. A primeira aula foi uma catástrofe, pisei no pé de um dominicano, dei cotovelada numa potoriquenha e quase levo um soco de um paraguaio impaciente, pois este, teve a audácia de supor que eu estava zoando com a cara dele. "É o ballet clássico", tentei explicar, com um sorriso amarelo na boca.

Mas como sou brasileira e os nativos tupiniquins não desistem nunca, comigo não será diferente. Se o japinha pode e a sueca gorducha também, isso significa que não é tão impossível assim. Depois conto pra vocês como é que foi a aula de tango. Se é que até lá existirei pra poder contar...

terça-feira, 6 de abril de 2010

De argentino e louco todo mundo tem um pouco

Se tem um manicômio a céu aberto, este lugar é Buenos Aires. E a maior concentração desses malucos, certamente é o metrô. Inevitavelmente, essa conclusão traz à tona uma conversa que tive com o meu pai certa vez. O velho dizia que eu pagaria por ser tão maldosa nos meus pensamentos. Hoje, acredito que de certa forma ele tem razão. Sou obrigada a tomar o metrô todo o santo dia, e nele vivo o que seria uma prévia do inferno eterno.
Mas, será que as pessoas ficam malucas porque usam o metrô ou o metrô é usado apenas por pessoas malucas?
Tá certo que o sistema subterrâneo portenho tem infinitos motivos para te fazer enlouquecer: não tem ar condicionado, os vagões são estreitos, existe um cheiro de queijo podre com merda fresca inexplicável, nunca são pontuais e até jato de lama do teto tem nos dias de chuva, inclusive, já levei um. Há!. 

Era um dia igual a todos os outros, quando no meio do túnel em que faço a baldiação, escuto um cara gritar "puta que pariu, que cheiro de bosta é essa?". Claro que ele falava em espanhol, e é claro que ele se referia ao cheiro misterioso que comentei mais acima. Ele era um sujeito magro e engravatado. Seu companheiro, um gordinho também engravatado, gesticulava freneticamente a mão na frente das narinas. Quem está lendo isto aqui deve estar se perguntando o que tem de loucura nisso. Acontece caro leitor, que os portenhos são particularmente "refinados". Não gritam (só quando protestam), não falam bosta (ou seus derivados) em um túnel que faz eco, menos ainda se estão engravatados. Concordo que nessas condições não seria antinatural afirmar aos berros o que todo mundo já sabe: que o túnel fede pra caralho. Mas acontece que para essas coisas, o argentino prefere ignorar o que incomoda, exceto, aqueles dois cavalheiros. A declaração me pareceu encorajadora, atrevida e engraçada. Ri, aliás, tentei rir. Não queria que o odor infernal entrasse por minha boca! Corri o mais rápido que pude e me enfiei no metrô. Sentei, abri o meu livro e percebi que do lado direito estava o engravatado magro, do lado esquerdo uma senhora com a cara da Lolita Rodrigues e após esta, o gordo engravatado. Naquele silêncio profundo, que só o metrô consegue ter, o magro repentinamente começou a falar de caganeira. Ok, problemas escatológicos, pensei. Todo mundo tem, e talvez, estes senhores sejam apenas desbocados, indiscretos e só. Mas de repente, o gordo solta um peido tão sonoro, que a Lolita Rodrigues quase enfarta de susto. Ao invés de rir eu fiquei com medo, pois tratando-se de louco, não arrisco.
Enquanto pensava se saía do meu lugar ou não, escuto o magro dizer ao gordo "ei, isso não se faz amigo! Olha as senhoritas...", "não foi de propósito, é o remédio que me deram lá na clínica", contestou o gordo. Não sei por que, mas a palavra clínica não me agradou. "O que você acha de irmos ao Jockey Club neste fim de semana?", indagou o magro, "Só se você prometer que não vai correr atrás dos cavalos e nem cuspir nas pessoas. Na última vez que fomos, nos internaram, lembra?". Era demais. Só podiam ser de alguma companhia de teatro (é comum aqui que os atores de pouca sorte se apresentem no metrô para pedir gorjetas). Foi então que decidi relaxar e continuar com o livro que tentava espantar o odor que pairava no ar. Mas então, percebi que a Lolita Rodrigues estava tendo convulsões de tanto reprimir o riso. Entrei no embalo e reprimi o meu também. Fiquei tão vermelha, que fatalmente despertei a atenção do magro. O infeliz não deixou por menos, começou a exaltar as minhas qualidades físicas, perguntou o meu telefone e decidiu encher o meu saco durante toda a viagem. E pior, todo mundo estava olhando para mim. Na tentativa de pedir clemência, olhei para a cara do gordo, que por motivo desconhecido considerei ser mais simpático que o outro. E para o meu mais sacro espanto, percebi que o cara tinha ticks contínuos e a mão tinha uma posição estranha. Foi então que percebi o porquê de todo mundo estar sério; eles realmente eram deficientes mentais, para não dizer loucos.

Normalmente, levantaria, sairia do metrô e esperaria o próximo. Afinal, não é a primira vez que sou vítima de gente maluca. Certa vez, um brasileiro xenofóbico de sua própria gente decidiu me cuspir e me chamar de puta na frente de todo mundo. Era loiro, não estava mal vestido, o que fez todo mundo pensar que ele não era um drogrado esquizofrênico, mas sim, que havia sido vítima da loirinha magricela que olhava tudo com a maior cara de espanto do mundo. E ele berrava! E disse todas as infâmias que lhe ocorriam na cabeça. E o mais hilário era que ele me identificou como brasileira, através do livro que eu lia: O Grande Mentecápito (ironia do destino, não?) Mas, voltemos ao gordo-e-magro.
Enquanto todo mundo fazia cara de enterro, eu e a Lolita Rodrigues não conseguíamos disfarçar o nosso escárnio. Tentávamos não encontrar os nossos olhares, mas era impossível. Os loucos perceberam que ríamos deles e, notando o protagonismo, iniciaram uma sessão de peidos e arrotos. O silêncio no metrô (por parte dos outros passageiros) ainda era mortal e obviamente, todo mundo ali queria atirar a pobre Lolita e eu nos trilhos. Ninguém movia um lábio, não tinham o riso reprimido, só a cara de bronca. Ao contrário de mim e da simpática senhora, que no embalo dos sons nojentos, ríamos na maior felicidade, cúmplices daquela loucura.
É como diz a minha mãe: Se você não pode com um louco, junte-se a ele.
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