sábado, 27 de março de 2010

Você é o que as fotos e comunidades dizem

Não sei você, mas as redes sociais me ajudam bastante quando quero definir uma pessoa. Até li numa revista que certas empresas avaliam os perfis dos seus candidados - numa espécie de Recursos Humanos online, para decidir quem contratar. No meu caso, faço isso porque sou curiosa. Tá certo que nem sempre o que você encontra é algo do seu interesse, como por exemplo, descobrir que um parente seu (quando não vários) é homossexual. Certa vez, descobri que uma das minhas primas mais queridas era lésbica. A princípio foi super esquisita a situação, mas confesso que ter este "furo" fez muito bem para o meu ego jornalístico. Tanto que me estimulou a ser uma pessoa inexoravelmente futriqueira. Pronto, assumi. Então, para quem estiver lendo este post eu confesso, sim, muito provavelmente eu bisbilhotei o seu perfil, observei suas fotos e comunidades e te julguei por elas. Diga aí, um macho que se preze é membro de comunidades como "Lady Gaga Brasil" ou "Madonna nós te amamos"? Juro que jamais conheci um homem, fã de Madonna, que não desse a bunda. Desculpe aí galera, mas isso é fato, e pra mim está comprovado mais que cientificamente. As lambisgoias (pra quem não é de São Paulo, nascida na década de 80, explico: é o que chamamos hoje de pirigueti), tem uma tendência inata de associarem-se em comunidades cuja conotação é "Você me odeia, que coicidência", "o que é seu já foi meu" ou então "Homem casado não é capado". Homens e mulheres, tenho evidências de que ser amigo (a) desse tipo de pessoa é uma furada. Em algum momento ela vai querer dar para o seu namorado (se é que já não deu) ou ela vai querer dar para o seu amigo (se é que você já não é chifrudo).
Fotos! Como já dizemos no jargão jornalístico, uma imagem vale mais que mil palavras. Primeira lição. Observe se no perfil do seu ficante tem muitas fotos de homens descamisados. Segundo um amigo gay, bastante conhecedor do assunto, esse é um dos códigos utilizados no universo sete cores para identificar bibas. E mais, veja se ele tem muitas fotos sem camisa, com muitos ângulos e detalhes do novo pircing, da nova tatoo ou da sunga. Colega, vai por mim, se você estiver a fim de um carinha desses, vaze, pois é fria. A não ser que você tenha uma tarinha por homens que queimam a rosca...
Mas querido leitor, para não te deixar completamente desconsolado com estas informações, afirmo que existem dados bastante positivos, como por exemplo, a loirinha nojenta que estudava com você. Lembra dela? Linda, olhos azuis, cabelos impecáveis, roupas da Pakalolo, com todos os meninos babando por ela? Agora diz aí, existe compensação maior do que vê-la 100 kg mais gorda, parecendo um elefante albino? Este, sem dúvida, é o melhor exercício para a sua autoestima. Pense nisso, e vamos que vamos, explorar o Orkut e Facebook.

Para quem quiser rir um pouco, deixo um blog bastante pitoresco: http://ospioresperfisdoorkut.blogspot.com

segunda-feira, 22 de março de 2010

A primeira vez a gente nunca esquece

Toda garota normal passa boa parte da sua vida planejando esse momento. Algumas das minhas amigas, por exemplo, cumpriram um cronograma cabalístico: escolharam em qual festa seria,  compraram roupa nova, emprestaram um perfume da prima e roubaram um batom velho da mãe. As mais românticas combinaram com o parceiro a música que deveria tocar naquele instante; um arsenal de balas, chicletes e desculpas esfarradas também foram metodicamente planejados.
Um grupo de amigas anormais foram mais diretas, agiram por impulso ou pelo estímulo do álcool. É que a pressão naquela época já era suficientemente grande, fazendo muita gente apelar mesmo com apenas 13 anos. E a essa categoria de menina não cabia o poder da escolha. Vi muitas terminarem nos braços de algum canalha bonitinho ou em um canto escuro com o feinho que sobrava na festa, sem chicletes, perfumes ou roupa nova. Tudo improvisado, no embalo da ovação pública dos amigos ou de gente estranha.
Eu - que pertenço ao grupo das extremamente anormais, não sonhei e nem improvisei. Não porque não tinha vontade de fazer as duas coisas, mas é que o meu inconsciente já sabia que eu estava predestinada a algo bastante peculiar, independente da minha escolha. Aos 21 anos, me enchi de coragem e encontrei a minha vítima no ICQ. Foi naquela tarde de agosto, na frante do computador que dei início à missão mais ambiciosa da minha vida, até então: dar o meu primeiro beijo.

Martin era argentino - tá gente, ninguém é perfeito. Mas sabe como é, aquele cabelinho sem corte, o portunhol doce...me conquistou! Como já disse, o conheci na internet. Teclamos, trocamos cartas e nos falamos por telefone por vários longos meses, até marcarmos o grande encontro: Florianópolis, durante o meu vestibular, que seria em janeiro - época em que os hermanitos migravam para a ilha da magia. O que mais me empolgou nessa história, é que ele era lindinho, gentil, educado e demonstrava estar apaixonado por mim. Isso superava as minhas expectativas de menina magricela, feia, desengonçada, que sustentava em seus grandes dentes um aparelho fixo espalhafatoso. Ressalto que por mais desinteressante que fosse, sempre fui exigente e não queria uma história qualquer. Sempre desejei que o meu primeiro beijo fosse um momento especial, inesquecível, diferente das histórias frustradas que minhas amigas contavam. Por isso demorei tanto em beijar. Simplesmente me recusava a beijar pelo simples fato de trocar fluídos bucais com um desconhecido, provavelmente alcoolizado, numa balada qualquer, pois sabia o saldo cruel que isso resultava: o cara não se lembraria de mim, eu seria completamente ignorada e eu não queria carregar essa amarga lembrança pelo resto da minha vida. Então, com um argentino bonito escrevendo poesias sobre pássaros que quase morriam em busca do seu verdadeiro amor, me fez acreditar que eu poderia ter uma história diferente, e que estava prestes a viver o conto de amor mais romântico da América do Sul.

O encontro foi na praia, pouco antes do sol-do-por. Eu estava destruída pela magreza extrema e pelas diarreias sucessivas dos últimos dias. Não preciso dizer que meu rendimento no vestibular foi péssimo; meus estudos estavam focalizados em outra ciência, a de beijar com aquele aparelho ortodôntico do tamanho da avenida Beira Mar. Por sorte, estava na casa de uma das minhas melhores amigas, que preparou um staf  de apoio de primeira: seus sogros, seus 5 irmãos e respectivas (os) namoradas (os), esposas (os) e afins, suas primas, sobrinhos...no total eram 18 pessoas na torcida pela campanha Michele deixará de ser VB. Adoraria contar os bastidores do pré-beijo, mas isso deixo para outra oportunidade. Voltemos para o por do sol, na praia de Cachoeira do Bom Jesus, com Martin e eu caminhando na areia branca, vislumbrando as primeiras estrelas naquele céu vermelho-violeta de janeiro de 2001.
Tudo estava lindo, maravilhosamente perfeito (ele tinha mais de 1,80, tinha as costas largas - pena que tinha um pescoço peludo e uma pinta na ponta do nariz, mas eram detalhes gente, o cara era realmente muito bonitinho), tudo ia ótimo, até ele ter a infeliz ideia de me pedir um beijo. Sabe, ele teria facilitado muito a minha vida se tivesse me atirado na areia e incorporado um amante latino. Mas não, segurou os meus ombros delicadamente, disse que aquele momento era especial para ele e que estava feliz de estar ali comigo (muito fofo), e, olhando nos meus olhos me pediu novamente o maldito beijo que eu não sabia como dar. Então, como quem recebia docemente uma ordem, tentei me concentrar nos seus olhos castanhos mel. Mas eu tremia tanto, que achei melhor fechar os olhos. Senti o ar quente que vinha de sua respiração se aproximar cada vez mais no meu rosto, senti que meu coração delatava o meu nervosismo e senti um súbito desejo de me atirar no mar e ser canonizada como santa, por resistir às tentações da carne. E foi por esta última vontade que meu destino se cumpriu, e cometi uma série de erros exclusivamente ridículos, conforme meu inconsciente.

Para evitar o encontro dos lábios, joguei minha cabeça contra o seu delicioso peito, ação que machucou a minha boca com um dos braquetes que usava nos caninos. Vendo o sangue que saía e sabendo que a cena já era bastante estúpida, decidi piorar as coisas: saí correndo feito uma louca no meio da praia, até alcançar o ponto de ônibus. É lógico que o coitado do rapaz não entendia nada. Saiu correndo atrás de mim parecendo um maníaco sexual, e quando quase conseguiu me alcançar, me enfiei dentro do primeiro ônibus que vi. Olhei para ele e ele me olhou com a cara mais desconsolada do mundo - foi naquele instante que me apaixonei perdidamente por Martin Taussik, e com remorso, consegui dizer apenas um desculpe, não posso, sinto muito.
Cheguei em casa e encontrei com a galera esperando um desfecho romântico, um final feliz. Eu estava arrasada, envergonhada e com a boca inchada. Algum engraçadinho insinuou que eu havia beijado muito, por isso a boca estava daquele jeito. Mas com a minha cara, puderam concluir que eu dizia a verdade ou no mínimo, que o cara havia me dado um soco na boca. Os homens da casa me explicaram que o Martin devia estar puto da vida comigo - o que não me ajudou muito. As meninas me encorajaram a ligar para ele, mas é lógico que eu não conseguiria. Então, combinamos de ir na casa dele bem cedo, porque o argentino iria para outras praias na manhã seguinte. Fomos, mas já não havia ninguém na casa, apenas um lagarto perdido. Pedi pra ficar sozinha. Fui caminhar pela mesma praia que estivemos na tardezinha anterior e dali saiu uma carta. Meti-a bem debaixo da porta, com medo de que o lagarto a comesse. Estava no meio de um banho quando o telefone tocou. O staf inteiro ficou histérico, começaram a gritar, a golpear a porta do banheiro, até eu entender o Martin está no telefone! Meu coração bateu forte, estava profundamente emocionada. De repente estava lá na sala, ensopada, ensaboada e com um roupão gigante no corpo (até hoje desconheço a origem daquele roupão verde musgo de veludo). Todos estavam ansiosos na sala, esperando entender a conversa em castelhano. Marcamos um novo encontro, agora no centro da cidade. Prometi aos meus amigos de que não gritaria e nem escaparia, mas sim, que beijaria muito e que diria a ele o quanto eu o queria.

Confesso que quando o vi, tive vontade de correr, mas fiquei tão sem força nas pernas com a presença daquele homem, que pensei que dessa vez desmaiaria. Novamente delicado, não me beijou na boca. Segurou a minha mão e me convidou para sentar numa praça de árvore grande -  depois soube que quem namorasse naquela praça, selaria uma grande história de amor. Conversamos algumas trivialidades. Já estava bem a vontade, quando ele me lascou o beijo de amante latino. Começou a chover, a esfriar, a anoitecer e nós dois ali, nos beijando incansavelmente.
Foi estranho. Tinha muitas emoções guardadas. Uma delas era a de que, pela primeira vez, estava me apaixonando de verdade e por um homem que morava em outro país. Eu não sabia o que aconteceria depois e isso me deixava nervosa. Em casa (ou melhor, na casa da minha amiga) fui recebida com festa. Não pude dormir naquela noite, repassava freneticamente tudo o que havia ocorrido, sentia uma triste saudade e não via a hora de estar com ele novamente, olhando para o mar, para seus olhos, para sua boca carnuda.
Naquele verão vieram outros encontros até, finalmente, chegar o triste dia da despedida.

Nossa relação, obviamente foi curta e por muito tempo odiei a previsão equivocada daquela praça de árvore grande, que fez eu acreditar naquela historinha água com açúcar. Sofri as dores do amor num momento delicado da minha vida. Hoje, por ironia do destino, Martin e eu moramos na mesma cidade, relativamente em bairros vizinhos. De vez em quando, trocamos algum email, sms ou mensagens no Facebook, mas nunca mais nos vimos pessoalmente.
Quanto à praça encantada, vejo que ela não estava tão errada assim. Acredito que só errei de argentino. A verdade, é que a minha grande história de amor era com outro gringo, que vim a conhecer quatro anos depois...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Banheiro do trabalho

Existe coisa mais inóspita, incômoda e desafiadora que um banheiro que não seja o seu? Pode ser que pra você isso seja uma besteira, mas pra mim não. Sou uma pessoa, segundo o meu analista, que tem dificuldades de se adaptar em novos ambientes e de grande apego à casa maternal, por isso a minha tamanha dificuldade em defecar em lugares alheios. Como não acredito na maioria das coisas que me diz o analista, esclareço que minha dificuldade em defecar em banheiros que não são o meu, vai além da psicologia.

É um lugar nojento gente, onde todo mundo caga, mija, peida, vomita, isso porque não estou contabilizando os que nele se masturbam. Por sorte, não divido este espaço com os homens, apenas com as mulheres. Embora não seja um dado muito importante, pois, também existem mulheres com vermes, com doenças contagiosas, com hemorroides.... Escuto meu analista novamente no meu cérebro dizendo você é obsessiva compulsiva com a limpeza e precisa superar isso. Sou mesmo. Cada vez que entro num banheiro que não foi desinfetado por mim ou por Dolores, visualizo milhões de bactérias flutuantes no ar, que antes estavam alojadas dentro de algum intestino nefasto.

Não gente, sinceramente não dá! Deveríamos ter um banheiro para cada trabalhador neste escritório! Pensem, ele poderia ser personalizado e limpo como eu bem desejasse. Ele teria várias plantinhas para oxigenar o ambiente, muitos produtos de limpeza e glade plug na tomada. Também, contaria com uma parede reforçada para evitar o escape de ruídos indesejados. Acredito que meu rendimento no trabalho melhoraria significativamente.

Mas não, minha vida com o banheiro que tenho aqui é outra realidade. Divido o trono com outras 10 mulheres - isso quando não entope o do Comercial e vem mais 5 donzelas despejar seus dejetos nele. E como se fosse pouco, estou muito próxima ao banheiro dos homens, lugar onde até escutar o meu chefe tendo uma crise de caganeiras eu já escutei. É mole? (eca!)

Graças ao pensamento socialista do banheiro comunitário que paira nesta empresa, sofro de prisão de ventre e gasto somas estratosféricas em Activia e fibras. Padeço de problemas de bexiga por reter por muitas horas a minha descarga fisiológica líquida, e passo os dias puta da vida com tudo isso.
Acho até que já padeço de alguma enfermedade parasitária e problemas psicológicos irremediáveis, pois sonho com merdas ambulantes e invasão interplanetária de platelmintos com 10 ventosas. Para a felicidade do meu analista.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Entre ceras e navalhas

Que atire a primeira Gillette Sensor Excel Razor for Women, a mulher que não odeia a depilação, seja qual for o método!
Eu sempre lamentei a minha condição tardia de mulher peluda - peraê, antes que muita gente pense que eu sou uma cópia fiel da Cláudia Ohana, explico que sou peluda para o padrão das mulheres da minha família, que não tem pelos, ok? E digo "tardia", porque só vim a tê-los depois de tomar muitos, mas muitos remédios para engordar. Sendo assim, ingressei ao clube "ClaudiaOhana.com" mais ou menos aos 18 anos, idade em que você deseja mostrar as pernocas e um poquito más.

Sabe gente, eu concordo que visualmente (e para o tato também) os pelos são incômodos, mas a depilação para mim é a pior tortura já criada pelo homem e acho que estamos ficando paranóicos por causa deles. Até os homens estão se depilando. Outro dia, tive uma discussão calorosa com a minha irmã, que acha que os homens deveriam se depilar por completo! Por favor, não quero dormir com a sensação de que estou abraçando a uma mulher. Mas voltando à depilação feminina, a menos bizarra, é extremamente desagradável e irritante ficar melecada ou com sangramentos pelo corpo. No meu caso, sou alérgica à gilete, à cera e não me sinto à vontade com uma estranha cortando a minha grama. E me pergunto a cada 15 dias, por que me submeto a este inferno?

Irremediavelmente lembro dos anos 90, quando era adolescente. Naquela época, o charme (acreditem) era exibir os pelos, desde que fossem loirinhos. Eu e minhas amigas comprávamos o descolorante e a água oxigenada e ficávamos tomando sol na laje da casa de alguém, fedendo a amoníaco, mas sentindo-nos deusas gregas. Hoje, isso é impensável! Primeiro, porque os pelos só são admitidos na cabeça, acima dos olhos e em alguns casos, na perereca. Segundo, porque nos transformamos em devastadores de florestas e não admitimos nenhum folículo piloso em ação, ou seja, renegamos por completo o fato de termos pelos, uma condição natural no ser humano.

Outro dia, enquanto me depilava, chorava e praguejava os corticóides que tomei, recordei o texto do Ivan Martins da revista Época, publicada em fevereiro deste ano. É super interessante esta visão masculina (já que sofremos por eles). O texto fala da pelofobia que comentei mais acima.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI123458-15230,00-PELOFOBIA.html

Minha preocupação agora, não é tanto pelos pelos (estranho não escrever mais pêlos). Meu medo é o que pode vir pela frente: imagine um futuro onde as pessoas rechaçam os cabelos ou as sombrancelhas? Má nem mortaaaa que eu vou depilá-los!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Na manhã seguinte

E não é que hoje encontrei a gazela de novo, sentadinha do meu lado?
Não preciso dizer né, que abri meu livrinho e fiz de conta que não era comigo. Mas confesso que fiquei com medo de ela me bater ou jogar seven up no meu livro...hehehe.

Se não entendeu nada, leia o post anterior!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Instinto Selvagem

O metrô é um nicho "ecológico" bastante interessante. Nele, existem animais das mais variadas estirpes. É de encher os olhos de qualquer etólogo: a elefanta que ocupa a extensão da porta de entrada, e por isso outros ocupam o assento que poderia ser seu; a galinha que resolve se maquiar e perfumar justo ao seu lado, causado-lhe uma crise de espirros incômodos; o porco que não lava suas partes íntimas, obrigando-te a dispensar a barrinha de cereais que era o seu café-da-manhã (neste caso, gosto de utilizar o termo "dieta forçada"); o veado que repete refrões de um hit da Britney Spears, enquanto você tenta se concentrar em algum tipo de literatura russa; a anta que interrompe a sua leitura para perguntar por que o metrô está indo no sentido oposto ao seu destino; os bezerros que choram por leite e azucriam a viagem com uéeeeee, uéeeeee, uéeeeee; as vacas prenhas que te obrigam a dar o assento porque tiveram um orgasmo que resultou num bezerrinho chorão...

Mas de todos esses animaizinhos, a que menos suporto é a tal da gazela. Tipicamente loiralindaemagra, acredita ser a rainha da cocada preta. Primeiro, porque é bonita, segundo, porque está acostumada a ser bajulada por todo mundo e terceiro, porque acha que pode tudo. Então, se aproveita desta condição e quer mandar e desmandar no terreiro alheio, até topar com uma loirameiabocabaixinhaemagra que chuta a macumba e a bota no seu devido lugar.

Por exemplo, viajando todos os dias no subway, descobri que a porta se abre exatamente na frente dos pilares da estação. Deve ser porque essas estruturas foram coordenadamente construídas de acordo com a extensão dos vagões (pura teoria minha, tá?). O importante é que sou uma gênia, aliás, quase, pois o Nobel da observação não é apenas meu. Infelizmente, mais gente já percebeu a "coincidência". Então, como não me dou por vencida, corro antes de que outros e ocupo a posição estratégica.

E hoje, eis que estava uma gazela. Toda bronzeadinha, cheia de grife e... NO MEU LUGAR. A moça já era linda, ia à praia, não estava vestida para trabalhar, então, que se fodesse, raciocinei. E nada mais que justo eu, a baixinha assalariada, ocupar aquele território. Me posicionei atrás dela (morri de inveja de suas curvas, confesso), e quando ela deu uma afastadinha para ver o metrô que chegava do outro lado, zazz, ocupei o lugar. Indecisa, veio pro meu lado e sabe quê? A bonita ficou colada em mim, do meu lado, tentando me afastar com o peso do seu corpo. Quanto atrevimento, gazela de merda! Nesse instante, saiu a leoa territorialista de dentro de mim. Tombei a minha mochila pro lado dela (em Buenos Aires a maioria trabalha de mochila), e fiquei ali, implacável. Mas a gazela era atrevida! Colou seu pé no meu, o que me impedia de mover, aliás, que me fez retroceder alguns centímetros à minha esquerda e me fazendo perder a posição estratégica. De longe, o metrô vinha bem devagar, como se observasse a competição mais à frente. Como morro de medo de cair nos trilhos, achei mais sensato parar com aquela disputa. Como já havia previsto, a porta do metrô se abriu bem na frente da gazela oxigenada e ela entrou, entrou toda triunfante. Se a desgraçada não tivesse dado uma olhadinha para trás, juro que eu não teria feito o que fiz. Foram lapsos de segundo que exigiram dos meus neurônios uma sinapse fora do comum. Então, tentando decidir se haveria vingança ou se eu lutaria por um assento, dei-lhe uma pisadela com o meu mega sapato sola de soldado no seu pezinho de rasteirinha, que saiu todo esfolado na parte trazeira. Há, como me diverti, gente! Furiosa, ela lançou-se sobre minha direção, mas como uma gorda estava prestes a arrancar-lhe o lugar (imagino que com o mesmo raciocínio que o meu), ela titubeou e caiu no banco derrotada. Ela bem que tentou me intimidar com o corpo inclinado na minha direção, mas como sou mestre em desdenhar aquilo que não me interessa, abri meu Kundera e permaneci petrificada, como se o romance entre Tereza e Tomás fosse a coisa mais importante da minha vida. Estações depois, a gorda conseguiu um banco ao lado da gazela, cobrindo-lhe qualquer vista que desse para mim.

Os passageiros que viajavvam de pé davam-se bundadas, cutucadas e pisadelas, até que um gritou "eso se parece a un zoológico". E pra entrar no clima da gozação, respondi "estoy de acuerdo!".

quarta-feira, 3 de março de 2010

Depressão pós show

Sempre quis ver o Coldplay, mas no dia em que eles vieram tocar no River, sério gente, eu não estava com humor. Minha colega de trabalho havia sido demitida da pior forma; estava irritada com o Luis e para ajudar, era uma sexta de uma semana muito cansativa.
Mas fui, né. Pulei, cantei, me emocionei como se estivesse num show da Mara Maravilha (estou sendo irônica, tá?). Meus ânimos não foram suficientes para compensar o dinheiro que havia gasto e a oportunidade de estar respirando o mesmo ar que o Chris Martin e isso, pra mim era terrível!
O show - para a minha surpresa, foi maravilhoso. O Luis que não é muito chegado na banda curtiu bastante. Acho que eu fui e o técnico de som eram as únicas pessoas que permaneceram sentadas, com a diferença de que eu estava com sono (COM SONO NO MEIO DO SHOW). Mal humorada mesmo, mandei um puta que pariu quando o povo pediu bis! A banda voltou, cantou, aumentou o meu bico para o espanto do meu namorado que disse: você vai se arrepender, em tom quase profético.

Finalmente eles se foram. Ficaram aqueles papeizinhos coloridos sobre a gente e a fumaça dos fogos de artifício que recém haviam despontando entre a chuva fina. O Luis, em clima de Viva la Vida, insistia em me botar pra cima.
- Quer uma camiseta? Tem umas lindas ali.
- Não quero nada, só a cama.
- Credo amor! Vai, quero te dar uma lembrancinha do show que você tanto quis vir. Vai um CD?
- Não quero nada Luis! Vamos pra casa que estou muito cansada. Ou melhor, antes de chegarmos em casa, vamos passar na sorveteria que eu quero me empanturrar de creme com brownie e super doce de leite.

Depois de muito açúcar no sangue, veio aquele clássico sentimento de culpa. Não pelas calorias na madrugada, mas pelo show que não aproveitei.
Chego no trabalho na segunda e todo mundo só fala do evento da sexta. Estava tão legal, me diverti tanto...hunf, agora, a cada notícia que tenho dos shows desta banda, sinto uma puta pontada no peito e uma vontade louca de vê-los novamente pra cantar e dançar por um macaranã inteiro.

- Amor, você promete que me leva para o show deles de novo?
- Se você não ficar chata, prometo.
- E a camiseta?
- Que camiseta?
- A que você queria comprar.
- Ah...será difícil achar, mas conheço um lugar que vende.
- Aiiiiiiii, você é o melhor namorado no mundo!
- Você sabe, faço tudo pra te ver feliz, meu amor. Mas...
- Mas o quê?
- Eu tinha razão, não tinha
- Vai começar, é?....

segunda-feira, 1 de março de 2010

Talento para se apaixonar pelo homem errado

É certo que nunca desenvolvi grandes habilidades na vida, exceto o de me apaixonar por caras indevidos.
De mocinha, gostava dos roqueiros, tatuados, viciados e mais velhos que eu. Acho que eles me chamavam a atenção por serem diferentes e divertidos. Mas é claro que eles faziam parte do arquivo "amores impossíveis", porque jamais ousaria chegar em casa e apresentar ao meu pai um tal de "Penumbra" (apelido de um ex paquera). Primeiro, porque papis detestava rock e se pudesse, exterminaria todos os maconheiros, tatuados e malucos do planeta. Isso me estimulou a tomar gosto pelo outro extremo, os nerds. Quase sempre eram inteligentes, aplicados e se vestiam como os evangélicos. Mas eles eram do tipo de homem que jamais olhariam para uma mulher, a não ser que ela fosse objeto de algum estudo científico. Meu interesse por essa estirpe durou pouco. Passado um tempo, comecei a apreciar os autistas. Os meninos que faziam de conta que eu não existia. Como era masoquista, tinha um talento nato para me apaixonar por esse tipo de homem.
Mas também houve os playboys, os manos, os xavequeiros e os babacas. Nenhum na medida certa, todos errados.

Quando conheci o Luis, pensei que finalmente havia encontrado o homem perfeito, para depois me convencer de que ele era tão errado quanto os outros. Mas mesmo sabendo disso, decidi tentar. Já são 5 anos ao lado dele, e eu ainda continuo achando que ele não é o cara certo pra mim, e sabe por que eu continuo com esse cara? Por que finalmente descobri que o homem perfeito não existe!
Apesar dos nossos pequenos conflitos, quero continuar errando com você Luis. Primeiro, porque eu não tenho mais jeito e segundo, mesmo que você goste mais de cachorro e eu de gato, aprendi que o amor fica bacana quando a gente reconhece que as diferenças existem e que os opostos não são tão ruins assim. Imagine como seria a sua vida sem feijão e a minha sem empanadas? Viva as diferenças e viva os nossos 5 anos!
E aí, você vai me levar pra comer empanadas?
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