quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Começando mal as férias


Eu sou uma água-festas. Até mesmo quando se trata de algo bom que está prestes a acontecer comigo. Já pensei em ir a um analista para tratar isso, mas sinceramente falando, prefiro gastar em roupas ou livros, do que com um cara que ganha às minhas custas uma dinheirada só pra se fazer de interessado pelos meus problemas. É certo, sou pessimista, fatalista, e isso acontece principalmente quando estou prestes a fazer uma viagem.

Amo viajar. É uma das coisas que mais gosto nesta vida, mas é inevitável essa sensação de que o meu avião irá cair numa montanha gélida, mesmo se estou indo numa direção completamente oposta às cordilheiras. Maus pensamentos rondam meu cérebro, como esquecer a passagem na mesinha da sala ou o dinheiro para a viagem, que alguém me confudirá com uma terrorista ou que um mafioso me sequestrará ou colocará em uma das minhas malas quilos de cocaína. Então, resignada, reviro a bolsa, consto pela milésima vez que o bilhete está ali, respiro aliviada e confiro o dinheiro que está ok. Em seguida, me tento e verifico as estatísticas de acidentes aéreos, o clima para o dia, acreditando que enfrentarei uma tempestade e uma turbulência dos diabos, e outras estupidezes típicas de uma maníaca depressiva ainda não diagnosticada.

Hoje, exatamente hoje viajo. E como de costume, tenho a sensação que defino "mau pressentimento". Sabe, aquela vozinha interior dizendo que "vai dar merda"? Pois é. Nesta manhã por exemplo, meu celular caiu no chão da forma mais idiota e quebrou. QUEBROU!!! Justo porque ontem recém havia trocado a mísera memória de 254 mega por 2 giga. Estava faceira com os hits do Kid Abelha e Legião que ia escutar, claro gente, não eram 2 gigas de legis e kids. Agora, sinto que isso foi um sinal, um péssimo sinal, que indica que essa viagem não vai ser legal. Também, fui sacar dinheiro no banco e os dois caixas não continham cédulas. Puta merda, só pode ser uma conspiração mafélica contra as minhas tão sonhadas férias.

Medo, muito medo, medo de perder o ônibus que terei que tomar até Guarapuava, medo de que numa curva o bicho caia num buraco e que ninguém ache meu corpo e que o Luis se case em menos de um ano, medo de que um grupo de assaltantes roubem os presentinhos de levo para família, medo de que o cartão de crédito esteja bloqueado para o exterior, medo que no dia em que pise o pé na praia dê um temporal, depois vem o medo de ter que viajar de carro até à praia (obviamente já li o número de acidentes que ocorreram nas estradas brasileiras no último feriado).

Assim que, já estou oficialmente de férias e sofrendo pelo meu estado de pânico, pois acho que tudo vai dar errado e que o melhor era não sair de casa e sim, passar as férias em Buenos Aires mesmo, ficar nesse calor úmido sem praias, sem família. Que o melhor é ver a  Julia quando ela tiver 18 anos, idade em que ela poderá viajar sozinha pra me visitar. Isso seria tão mais simples! Mas não, agora terei que viajar morrendo de medo, sem celular para ligar para o meu advogado quando encotrarem os 700 quilos de cocaína na minha mala, sem dinheiro para fugir do país, pois o cartão de crédito estará bloqueado, sem meus documentos, porque os terei esquecido na mesinha da sala e estarei completamente fudida. E nem a ideia da praia me tranquiliza, porque certamente choverá e não me caberá outra alternativa que passar as férias jogando batalha naval com minha avó e tia.

Mas tudo bem gente, não há nada nessa vida que um valium não resolva e prometo que quando voltar a Buenos Aires, definitivamente, pagarei a um idiota para que me escute e que me dê o veredicto: louca varrida.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Quando descobri que escrever era o "meu negócio"


Primeiro quero esclarecer as aspas. Quando digo "meu negócio" é sem pretenção gente. Porque não gosto do que escrevo, não há clareza e objetividade nas frases que construo. Ainda cometo erros de português (mistura com o espanhol e afins) e acho a minha retórica bastante previsível. Por outro lado, não ganho absolutamente nada escrevendo, o que é uma pena, pois estudei para isso. Portanto, não há negócio, é sem lucro; apenas perda de tempo e talvez de dinheiro, pois o tempo que gasto escrevendo, poderia usá-lo para estudar ou elaborar alguma estratégia para ficar rica e sair finalmente da pindaíba.

Após os esclarecimentos acima, que afirmo e confirmo não se tratar de vaidade e ambição, mas sim de paixão, conto-lhes quando vi que eu não tinha outra habilidade, senão esta, para me comunicar com as pessoas.

Começou quando era criança. Filha única, pais opressivos, não me restava outra que tentar comprá-los com pinturas ou colagens. A coisa estava funcionando, até que entrei para a escola e o que eu fazia deixou de arte para ser entulho. Jamais cogitei a possibilidade de me relacionar com as letras. Minha letra era um desastre, meu caderno e livros cheio de orelhas e quando não tinha uma borracha, cuspia no indicador e esfregava sobre o erro com toda a cara de pau do mundo. As professoras escreviam bilhetes aos meus pais, falavam mal de mim nas reuniões e meu pai, ex professor de matemática e geografia tentava me "dar um jeito". Minhas férias eram no mar, num mar de livros que meu pai comprava para me dar um jeito. Tinha caderno de caligrafia, dicionário, um material completo para me dar um jeito. Mas pau que nasce torto...

Minha pior nota era em língua Portuguesa e não havia tema que me interessasse, até que um dia, na aula de redação, jesus me deu um jeito (tô sendo irônica, tá gente). Tive a brilhante ideia de criar uma história em que envolvia todos os alunos da minha classe. E não é que ficou bom, tão bom que a professora teve a audácia de me inscrever (sem autorização prévia) no concurso de poesia do colégio.
Esse evento era o maior da época. Todos os pais prostados ante os micos comitidos por seus filhos e os alunos, esperando alguém meter os pés pelas mãos para massacrar o infeliz até o dia de sua morte. Participei do consurso. Pior, era uma das finalistas, até que uma bicha desgraçada descobriu que as poesias vinham nada mais e nada menos do disco 4 da Xuxa. Orra, ninguém ouvia aquela música, era o hit mais fracassado da rainha. Foi azar mesmo e fui massacrada até o resto dos meus dias naquele colégio por esse delito.

O trauma não me desanimou. Como havia muitos livros em casa, lia muito. E tentava criar as minhas histórias. Comecei escrevendo cartas de amor para minhas amigas. Depois passei para as de ameaça, quando os namorados das minhas amigas as enganavam com alguma bonitinha recém chegada no colégio. Até minha tia utilizou as minhas habilidades para ameaçar seu ex marido.
Quando despertou o meu interesse pelos homens, descobri que além de feia, desengonçada, sem peito e bunda e pouco popular, eu era sem graça. E para uma mulher nessas condições, a única arma que resta é o humor...que eu não tinha. Aliás, até tinha, só que, somado ao meio jeito desengonçado não causava graça. Acho que no fundo, as pessoas sentiam pena. Mas eu me esforçava, tanto que entrei para o teatro, mas isso não adiantou. Qualquer piada na minha boca era mais chata que missa do galo. Com o tempo me rendi. Ficava sozinha, pelos cantos, com minha feiúra e magreza, atingindo um estado de timidez quase autista. Isso afetou drasticamente a minha vida amorosa, que por ironia do destino era tão engraçada, que parecia uma piada.

Como nunca me dou por vencida, aprendi muito rápido o jogo do sarcasmo.  E igual que anos atrás, passei a castigar as folhas de papel pelas minhas frustrações. O mais louco disso tudo é que as pessoas riam do que eu escrevia. E além do sarcasmo, aprendi que rir da nossa própria desgraça é uma excelente terapia. Tudo bem, que já passei da fase de escrever sobre as injúrias do amor e sinceramente falando, gosto muito de escrever sobre coisas sérias. Mas o coloquial é tão atrativo e diariamente vejo roteiros tão interessantes diante de meus olhos que me tento a escrever sobre isso, até que nasceu este blog.

Se alguém mais, além do Lu, Carol, Pri, entre outros (valeu gente!), leem as merdas que escrevo, não sei. Pode ser que continuo tão fracassada quanto na minha adolescência, mas hoje, posso dizer que meu pai conseguiu dar um jeito na minha vida. Graças à sua insistência, tenho uma letra bonitinha, não cuspo mais no dedo e sou uma devoradora de livros, que ama escrever qualquer coisa, até mesmo piadas que ninguém ri.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Espírito natalino


Por mais que eu deteste o Natal, é um instinto inevitável esperar das pessoas uma atitude mais fraterna, gentil. Oras, nessa época as pessoas ficam mais sensíveis, estão mais alegres e não por menos, compram roupas novas, comidas deliciosas para a ceia, alguns viajam, outros recebem seus familiares...bem, essa parte a gente pula.

Ontem fui comprar um livro para o meu amigo secreto. O novo que saiu do Gabriel GarciaMarquez. Não preciso dizer que o lugar estava lotado. Um calor, uma multidão anciosa e os vendedores, já com um humor bastante particular, emitiam de seus olhos raios laiser que paralisava qualquer boca que intencionava perguntar. Como estava de óculos escuro, desviei os raios e pude me aproximar do moço moreno de corpo atlético para saber quanto custava o meu presente. O engraçadinho deu meia volta e sumiu. Como não me dei por vencida, o encurralei na sessão de livros religiosos e finalmente pude dizer-lhe que o leitor de preços não funcionava.

"O problema é que nem todas as mulheres sabem usar um leitor de preço", disse o filho da mãe com uma overdose de ironia. Enquanto tentava me recuperar, vi que preço apareceu na tela assim que o sujeitinho passou o objeto pela luzinha vermelha. Como se não bastasse, olhou pra mim e com todo o ódio e frustração que havia juntado naquele dia, vomitou "nem toda mulher tem habilidade com as máquinas, não é mesmo?"
Mandei o espírito natalino para os infernos e devolvi "e é essa mesma falta de habilidade que condena as pessoas a nascerem e a morrerem atrás de um balcão. O que não é a falta de habilidade".

Saí o mais rápido que pude. Não queria levar uma livrada na cabeça, principalmente, porque estávamos perto das bíblias (tô falando daquelas grandonas!).

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Como odiar um homem em 10 passos

Mulheres! Em uma conversa bem de luluzinha com minhas colegas de trabalho, cataloguei as 10 gafes mais cometidas pelos homens. Nunca pensei que fosse tão fácil odiar o homem que você considera ser o amor de sua vida...

1. Ele sugere rachar a conta em todas as saídas, porque diz que você está dando muitas despesas.
2. Ele diz que esqueceu a carteira e pede pra você pagar a conta, "depois a gente acerta", promete.
3.Diz que vai economizar no presente do seu aniversário, porque senão não dará para comprar a playstation junto com os amigos dele.
4. Você passa 4 meses planejando as férias, pesquisando preços, lugares, hotéis, sem a ajuda do seu namorado, claro. Finalmente você consegue um hotel de preço razoável (que inclui massagem, pensão completa, de frente para o mar!) e ele, dias antes da viagem, sugere acampar (obviamente vocês não tem barraca).
5. Além dos seus parentes, você tem que recordar das datas de aniversário dos parentes dele, comprar os presentes sozinha e claro, bancar a dívida toda.
6. No supermercado você pesquisa os preços, compra o que está de promoção, consume marcas secundárias no intuito de economizar. Ele enche o carrinho com besteiras que te farão engordar e pior, diz que o cartão dele está estourado, "depois a gente racha", promete novamente.
7. Suas amigas mostram as fotos das férias que tiveram no Club Med do Caribe e você não consegue evitar a amarga lembrança dos mosquitos te comendo viva no acampamento, enquanto seu namorado tentava fazer fogo para cozinhar o miojo com salsicha.
8. Você pede dinheiro emprestado para seu namorado e ele diz que você tem dificuldade econômica porque compra muita roupa.
9. Você pinta o cabelo de loiro porque sabe que ele gosta de loiras e ele diz que você não ficou bem com aquele cabelo.
10. Você o procura para transar e ele diz que está com dor de cabeça, estressado e que você tem que ser compreensiva.

PS: O Luis pede para esclarecer que ele não comete as 10 gafes descritas acima, rsrs.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Cantada


Para variar, atrasadíssima para o trabalho. Quase na boca do metrô, há poucos metros da escada rolante, ouço uma voz cheia de bossa:

- Bom dia minha princesa!
A voz vinha da lojinha do judeu. E não é que o infeliz era bonito! Investi meu melhor sorriso de segunda-feira e mais confiante o rapaz arriscou:
- Hoje você está mais bonita que ontem.
- Ah é? Já que sabe tanto de mim, que roupa vestia ontem? Touché, pensei.

- Era tanta a beleza, que só lembro que estava linda!
- Ah é, e a que horas você me viu ontem, assim...linda?
- Nessa mesma hora...
- Então meu querido, acho que você está me confundindo com outra. Num domingo às 8 da manhã, jamais estaria na boca de um metrô!
- Puxa, era só pra te dizer que estava bonita.
- Incrível, era apenas para constatar que vocês homens são todos iguais e dizem isso pra qualquer uma. 
Já avançava contra a escada e o insistente continuou:
- Se é pra ganhar outro sorriso desses, prometo que amanhã saberei até o modelo do seu sapato.
Covardia, o cara tem uma loja de sapatos. Como é que vou me livrar desse figura?

- Tá bem, aceito o desafio. Mas com a  condição de que saiba o que usei durante toda a semana. Já arrependida daestupidez que acabava de dizer.

- Se é pra ganhar um sorriso seu, aceito minha princesa.

Ainda bem que do outro lado da rua tem outra boca para entrar no metrô, senão estaria frita. 

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Coisas que incomodam quando se tem 30 anos


Hoje, oficialmente sou uma trintona. Exatamente às 6:50 da manhã entrei para o rol das mulheres que embarcam na luta contra os empregos informais, flacidez e homens ocasionais.

Não tenho problema com a idade em si. Acho chato lidar com a ideologia que abarga essa idade: maternidade, ser bem sucedida profissionalmente e pensar em construir uma família (isso indica ter uma casa, carro...) Cara, então até ontem eu podia me dar ao luxo de ser uma fracassada, não me importar em dormir em albergue, tomar metrô e caminhar por aí com o meu velho all star preto, mas hoje, porque o planeta deu mais uma volta ao redor so sol tenho que me transvestir de mulherzinha insossa?

Assusta, e vem tão rápido que nem dá tempo de se preparar psicologicamente. Portanto, quando ver uma trintona por aí, não cometa as gafes que enumero logo abaixo:

Jamais diga a uma trintona...

1. 30? Parece ter menos (e nem sonhando um "parece-ter-mais").
2. Hoje tem uma promoção do kit Chronos que está imperdível...
3. Ainda vem o creme anti-rugas para os olhos de brinde.
4. E você, não vai casar mais não?
5. Olha que ter filhos depois dos 30 é perigoso.
6. Ter filhos depois dos 30 é difícil: o corpo demora muito mais em se recuperar e o pique não é mais o mesmo.
7. Esse vestido não seria para alguém mais jovem que você?
8. Isso o que estou vendo é uma mecha de cabelos brancos?
9. E aí tia?
10. Você já tem pé de galinha!

E se eu ouvir de alguém uma dessas frases acima, certamente você terá uma perna de galinha enfiada no seu rabo!
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