Eu sou uma água-festas. Até mesmo quando se trata de algo bom que está prestes a acontecer comigo. Já pensei em ir a um analista para tratar isso, mas sinceramente falando, prefiro gastar em roupas ou livros, do que com um cara que ganha às minhas custas uma dinheirada só pra se fazer de interessado pelos meus problemas. É certo, sou pessimista, fatalista, e isso acontece principalmente quando estou prestes a fazer uma viagem.
Amo viajar. É uma das coisas que mais gosto nesta vida, mas é inevitável essa sensação de que o meu avião irá cair numa montanha gélida, mesmo se estou indo numa direção completamente oposta às cordilheiras. Maus pensamentos rondam meu cérebro, como esquecer a passagem na mesinha da sala ou o dinheiro para a viagem, que alguém me confudirá com uma terrorista ou que um mafioso me sequestrará ou colocará em uma das minhas malas quilos de cocaína. Então, resignada, reviro a bolsa, consto pela milésima vez que o bilhete está ali, respiro aliviada e confiro o dinheiro que está ok. Em seguida, me tento e verifico as estatísticas de acidentes aéreos, o clima para o dia, acreditando que enfrentarei uma tempestade e uma turbulência dos diabos, e outras estupidezes típicas de uma maníaca depressiva ainda não diagnosticada.
Hoje, exatamente hoje viajo. E como de costume, tenho a sensação que defino "mau pressentimento". Sabe, aquela vozinha interior dizendo que "vai dar merda"? Pois é. Nesta manhã por exemplo, meu celular caiu no chão da forma mais idiota e quebrou. QUEBROU!!! Justo porque ontem recém havia trocado a mísera memória de 254 mega por 2 giga. Estava faceira com os hits do Kid Abelha e Legião que ia escutar, claro gente, não eram 2 gigas de legis e kids. Agora, sinto que isso foi um sinal, um péssimo sinal, que indica que essa viagem não vai ser legal. Também, fui sacar dinheiro no banco e os dois caixas não continham cédulas. Puta merda, só pode ser uma conspiração mafélica contra as minhas tão sonhadas férias.
Medo, muito medo, medo de perder o ônibus que terei que tomar até Guarapuava, medo de que numa curva o bicho caia num buraco e que ninguém ache meu corpo e que o Luis se case em menos de um ano, medo de que um grupo de assaltantes roubem os presentinhos de levo para família, medo de que o cartão de crédito esteja bloqueado para o exterior, medo que no dia em que pise o pé na praia dê um temporal, depois vem o medo de ter que viajar de carro até à praia (obviamente já li o número de acidentes que ocorreram nas estradas brasileiras no último feriado).
Assim que, já estou oficialmente de férias e sofrendo pelo meu estado de pânico, pois acho que tudo vai dar errado e que o melhor era não sair de casa e sim, passar as férias em Buenos Aires mesmo, ficar nesse calor úmido sem praias, sem família. Que o melhor é ver a Julia quando ela tiver 18 anos, idade em que ela poderá viajar sozinha pra me visitar. Isso seria tão mais simples! Mas não, agora terei que viajar morrendo de medo, sem celular para ligar para o meu advogado quando encotrarem os 700 quilos de cocaína na minha mala, sem dinheiro para fugir do país, pois o cartão de crédito estará bloqueado, sem meus documentos, porque os terei esquecido na mesinha da sala e estarei completamente fudida. E nem a ideia da praia me tranquiliza, porque certamente choverá e não me caberá outra alternativa que passar as férias jogando batalha naval com minha avó e tia.
Mas tudo bem gente, não há nada nessa vida que um valium não resolva e prometo que quando voltar a Buenos Aires, definitivamente, pagarei a um idiota para que me escute e que me dê o veredicto: louca varrida.
mas e ai?
ResponderExcluirchegou bem?
chegou viva?
chegou?
Nossa, achava que só eu tinha essas neuroses ! mas viajar é muito bom, né ? divirta-se, e conte tudo pra nós depois.
ResponderExcluirmicheleeeee vem pra casa pra fumar valeu?
ResponderExcluirtodo o seu medo vai sumirrrrrr hahahahaaaaaaaaa