sábado, 12 de setembro de 2009

Amor de 8 minutos

Sem pensar muito no conceito "amor", posso dizer que já tive amores de minutos, horas, dias, meses e anos! Não cabe a mim falar de todos. Aqui tratarei apenas de um que durou 8 minutos. Possivelmente, alguém se identificará com o que relatarei agora.

Era uma manhã pedante e fria. Estava sentada no inóspido banco do metrô, quando ele venceu a enorme barreira humana parando logo ali, na minha frente. Meu sono matinal não permitiu identificá-lo entre a multidão, até que escutei sua voz que respondia ao celular.

Fiquei tão encantada que passei a observá-lo com mais curiosidade. Claramente ele percebeu o meu olhar e não sei que diabos deu em mim que lhe dei um sorriso. O rapaz ficou corado imediatamente. Mas estava tão delicioso flertar com aquele desconhecido que já não me importavam os pudores.

Sabíamos que a cada estação alcançada o nosso tempo diminuía, então, desfrutávamos daquilo que nos restava. Já éramos cúmplices. Meu coração batia forte, a respiração estava ofegante e sabia que com ele não era diferente. Finalmente, alguém desocupou um banco e ele sentou exatamente de frente para mim. Confesso que senti vergonha, mas a aventura de me apaixonar por um desconhecido e demonstrar o que sentia era tão irresistível que...deixei me levar pela situação.

Nossos olhos questionavam, "você tem alguém", "onde mora", "a gente daria certo", "será que beija bem", "seríamos felizes", "com quem nossos filhos se pareceriam"...uma infinidade de perguntas inúteis, pois nenhum dos dois se atreveria jamais a perguntar ao menos o nome. Faltavam 3 estações para a última. Nos sentíamos tristes: estávamos apaixonados e era fato que o nosso amor estava prestes a terminar.

Sabia que nunca mais veria aqueles olhos azuis, rosto tímido e mãos delicadas que destoavam com o corpo atlético de mais de 1,80m. Sutilmente, vi que ele tentava descobrir o meu decote, coberto pelo cachecol. Como quem sentia calor, me abanei com o pedaço de pano, fazendo aparecer uma singela curva do vulto desejado. Um sorriso me foi devolvido e num silencioso adeus nos despedimos.

Chegamos. Ajustando os papéis que tinha nas mãos pude ver que era advogado (ok, ninguém é perfeito). Como bom cavalheiro, esperou eu deixar a porta para depois sair. Olhei para trás na esperança de conseguir outro sorriso, um um aceno, mas entre aquele mosaico de gente éramos novamente dois estranhos e o nosso amor se desvaneceu para sempre naquele momento.

3 comentários:

  1. que lindo!!!!!!!!!!! sem palavras! as vezes acontecem essas coisas realmente. esse durou 8 minutos e aqueles que duram além da eternidade? ah vários e nao temos idéia de quantos.
    linda estória que nao chegou a ser uma história.
    bjs pris

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  2. Eu também me apaixonei por ele nos 3 minutos que li o texto..rs... parecia meu número, com os tais olhos azuis...
    Eu sempre tenho amores assim, ocasionais. No banco, no ônibus, no trabalho, em cada lugar é bom ter uma paixãozinha para animar o dia, fazer a gente ter vontade de se arrumar!
    bjs

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