terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sessão nostalgia: meus 5 minutos de fama e o meu primeiro sinal de que seria jornalista

 
Gente, Sula Miranda!!! Quem lembra? rsrs

Faz tempo. Foi na época em que eu acabara de iniciar o Ensino Médio. Escola nova, gente desconhecida para eu impressionar. Essas coisas, me impulsionaram a escrever um cartaz com uma frase bem inocente, mas que causou certo efeito. O resultado? Eu e meu cartaz saímos num jornal de São Paulo...

Na hora do almoço, eu e meus colegas de trabalho nos reunimos na cozinha e falamos sobre qualquer coisa. Quando mais inspirados, estipulamos um tema. Hoje, não sei porquê falamos de escola, ou melhor, de quando estudávamos. Caras bonitinhos, uniformes bregas e festinhas bacanas foram os assuntos abordados, até que, sem muito o que contar, confessei que não ia muito a essas festas. O motivo, pais ultraconservadores. Para eles, menina de 15 anos ir em festinha era coisa de putinha; se eu fosse, deveria levar um dos pestinhas dos meus irmãos para a gandaia. E que gandaia é gandaia quando se leva sua irmã fofoqueira de 7 anos para uma festa?

Então, acabei contando que certo dia (tentativa de me rebelar) decidi ir para uma das piores escolas do bairro. Muita festa, muita maconheiro e muita, mas muita putinha. Claro que nessa altura do campeonato eu já estava mais que lesada, e obviamente não me juntei com essas moças. Fui logo ser amiga das feias, desengonçadas, songas-mongas. Tá bom, eu era do grupo das losers. Mas era certo que eu devia mudar o rumo da minha vida, estar entre os rebeldes para afrontar os meus pais; estava cansada de ser a filha certinha.Não entrarei em detalhes de como fui parar nesse dito colégio, mas a verdade é que ele era um lixo. Caótico! Completamente diferente da escola estruturadinha que eu vinha. Pois bem, o colégio era tão ruim que o teto estava ameaçado em desabar. As salas de aula eram grutas, pois as lâmpadas ou estavam queimadas ou haviam sido roubadas por algum aluno tranqueira. E esse mesmo colégio, também era um centro de movimentos estudantis. Era gente que discutia política, teatro e literatura no recreio!!! E onde há subversivos, há anarquia e não demorou muito para armamos um protesto.

Tudo muito amador, mas conseguimos fechar uma das principais avenidas do bairro e, percebendo o barulho que estávamos fazendo, nos encorajamos a potencializar as reivindicações. Uma barbie, amiga minha (estou me referindo a um amigo gay e não ao realismo fantástico do Gabriel Garcia Marquez), tinha um namorado jornalista (se meu pai estivesse lendo este post, diria que sempre tive uma tendência a me juntar com a escória. Com isso, deixo claro que ele detesta a ideia de eu ser periodista). Esse jornalista mexeu os pauzinhos (não me pergunte quais) e conseguiu reunir dinossauros como Folha, Diário, Notícias
Populares...No embalo, fiz um cartaz de pouco conteúdo, mas de muito impacto para uma neopobre de 16 anos, moradora da Zona Leste da capital paulistana, estudante daquele colégio de merda.

Se cada mergulho é um flash, cada clicada era a Michele e seu cartaz verde escrito em tinta preta. Era só ver um jornalista que minha barriga esfriava, minhas mãos tremiam e quase tinha um orgasmo (nessa época, sequer imaginava o que era isso), mas sentia uma emoção e satisfação tão grande que tudo o que desejava era acompanhar aquela caravana de máquinas fotográficas, bloquinhos e cabeludos com cigarros na boca (meu pai diria....).

Meu pai disse:
- Você vai levar uma surra! Onde já se viu filha minha sair em jornal de marginal!
A princípio, não tinha ideia do que o meu pai falava. Tudo bem que nessa época tinha amigos grafiteiros, alguns maconheiros, mas jamais havia pintado uma parede ou provado um baseado.
- Quer dizer que a senhorita anda parando o trânsito?
Odiava as ironias e rodeios do meu pai antes de me dar uma bronca.
- Bate, castigue, mas seja o que for, eu não fui!

Jogou um jornal com uma bunda gigante em cócoras sobre a mesa. Meses depois descobriria que essa mesma bunda se chamava Carla Perez. O jornal me deixou mais confusa, não sabia em absoluto o que meu pai dizia.Abri o periódico, com péssima diagramação e com notas do tipo "Homem se masturba com aspirador de pó e perde o pinto", num cantinho de uma página par estava eu, junto com outros estudantes, segurando o cartaz no anfiteatro do colégio que mais parecia um campo de refugiados.
- Manhêeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee, saí no Notícias Popularesssssssssssss!!!!

Corri tão rápido, tão excitada, tão ofegante, que meu pai nem teve tempo de me puxar pelos cabelos e exigir maiores detalhes. A foto pequena causava desconfiança dos invejosos, orgulho em alguns membros da família. Só meu pai que desaprovava a minha súbita fama.
- Menos mal que não dá pra ver muito a sua cara, já que esse cartaz cobre quase você inteira.

"Um país carente de educação, fomenta a ignorância de sua gente e a desmoralização de sua sociedade".

Isso dizia meu cartaz! (Eeeeee bons tempos).
Naquele mesmo dia, em que me via naquele jornal, posso garantir a vocês que nasceu o meu primeiro lead, a minha primeira matéria que jamais foi publicada. Mas que está guardada entre muitas outras recordações desses anos dourados da minha vida.

3 comentários:

  1. maneirissimo teu blog.
    gosto de voltar aqui.
    Tenha um ótimo dia,
    Maurizio

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  2. Adorei o seu blog!
    Muito obrigada pela visita!
    Com certeza voltarei muitas vezes.
    Beijos, beijos!

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  3. e eu me achava por ter conhecido lacraia...
    tipo
    noticias populares?
    humilhou né

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