sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dia de exames

Ir ao hospital, sinceramente me deixa nervosa, e dependendo do tipo de exame que preciso fazer, piro. Se é pra uma dorzinha ou febre é mole, o problema é quando me pedem os tais exames de rotina. Primeiro, porque esse discurso de "é só pra garantir" é papo furado. Todas as vezes que fui ao médico para garantir alguma coisa, eu descobri que tinha algo. O engraçado é que o diagnóstico sempre é completamente diferente do que o médico imaginou.

No caso de hoje, meu médico pediu alguns exames porque desconfia que eu seja celíaca (esse drama, relatarei em outro post). Então, me pediu uma série de análises de sangue, urina, fezes e como se fosse pouco, uma tomografia, duas ecografias e alguns raio x´s. Eu já estava frustada pelo fato de não poder comer pão ou tomar cerveza, e agora a pouco eu estava faminta, desnutrida e ansiosa - combinação nada saudável para um dia de 38ºC. Digo faminta, porque para esses exames eu devia estar 12 horas em jejum e desnutrida, porque só lembrei disso quando estava no metrô indo trabalhar às 8:30 da manhã. E como eu não tomo café-da-manhã...

Às 17h (pontualmente), chego na clínica com a esperança de ser imediatamente atendida. Estava desesperada pela pizza de ontem, que me esperava na geladeira de casa. Mas uma série de fatos aconteceram e só pude comer quase 8 da noite.

Na sala de ecografia

Obviamente eu era a única paciente que não estava grávida. Observo uma médica branquelazeda pegando a minha pasta e a pronunciar erradamente o meu nome "Mitiele".
Detesto as ecografias; te lambuzam com um gel fedorento pra depois te darem um papel que não seca nada. O lado bom foi que logo veio um médico, muito bonitinho. Enquanto ele passava o gel na minha barriguinha, perguntou:
- Pra quê é o exame?
- Suspeita de celiaquia.
- Hum...  Logo em seguida, fez uma cara estranha que eu não gosto.

O médico mexia e remexia o treco com gel na minha barriga e falava em javanês com a médica branquelazeda do lado.
- Você está com vontade de fazer xixi?
- N..na..não! Era para estar?
- Precisamos que esteja para fazer a ecografia pélvica.
- ???????

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Na recepção da clínica

- Moço, tem um copinho aí? É pro xixi.
- ??????????? (cara de susto).
- Não moço, é pra eu beber água e sentor vontade de fazer xixi.
- Ah....

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Na recepção com uma ideia sarcástica de assustar o Luis

Todas as vezes que vou ao médico, o Luis fica apreensivo. Ele já conhece a saúde precária da namorada.
Então, para sacanear esse lado frágil dele, retirei o celular da bolsa e comecei a rir sozinha. A velhinha varizenta do lado me olhou intrigada, mas nem liguei. Escrevi  uma mensagem e enviei. Cinco segundos depois o celular tocou, mas não atendi porque o moço da tomografia me chamou. Após sair da tomografia, uma mensagem do Luis "atende". Eu já ria gargalhadas, porque havia enviado para ele a frase: "Estou grávida".

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Eu, no sétimo copinho de água

Já era a terceira vez que a médica branquelazeda me perguntava "e?". Eu não tinha vontade de mijar e estava longe de estar. Um senhor meia-idade ficava na torcida "oitavo copinho". Tive que chegar no décimo para sentir alguma coisa, mas uma loira bronzeada passou na minha vez. Aproveitei a deixa e corri para a radiografia.

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Na radiografia, com um peruano

A pergunta que nenhum espanofalante guarda na boca "de donde sos"? Expliquei as minhas origens e ele me orientou algo num espanhol incompreensível. Apareci na salinha de radiografia só de sutiã. E não era qualquer sutiã, era um super modelito sexy que mamis me deu. A questão é que eu devia estar sem o sutiã sim, mas devia usar a minha blusa por cima. Sem graça, o peruano me explicou pela segunda vez, como eu deveria estar vestida.

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Novamente na recepção

Liguei para o Luis, que antes mesmo de dizer alô me bombardeou com perguntas. Do outro lado eu ria e disse que era só pra ver a reação dele. É óbvio que ele quis me matar e nem me deixou dar maiores explicações. Tum, tum, tum...

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Finalmente, na sala de ecografias com o doutor bonito:

- Fique só de calcinha!
- Xiiiiiiiii, pensei em voz alta. Como a letra do médico era díficil de entender, passou batida a ecografia pélvica, que nada mais é que uma foto interna da bexiga. Meio sem jeito, fui tirando a calça e expondo a minha calcinha (do tamanho do Brasil), cheia de desenhos de coração, estrelinhas e frases como "I love you": uma verdadeira poluição visual apaixonada (também presente de mamis).
- Já foi, disse em voz alta de novo.
- Isso aqui está super gelado, avisou o médico esfregando o treco com gel na minha bexiga. Estava geladíssimo e de frio eu batia os dentes. (Explico, eu estava hipoglucêmica, há mais de 2 horas exposta ao ar condicionado, é natural que eu estivesse igual a esses frangos empanados da Sadia).

Já havia passado uns 20 minutos e o médico, ainda em javanês com a médica, continuava a cutucar a minha bexiga, prestes a explodir com os 10 copinhos de água.
- Doutor, se apertar mais vaza.
- É que estou vendo algo estranho aqui.
- Xiiiii.
- Nada com o que se preocupar. (Frase tirada da gaveta).
- Manda bala. Tá muito ruim ou mais ou menos?
- Vejo algo no seu fornix...

Neste exato momento, meu cérebro roubou a cena. Ele sempre é sarcástico quando na verdade, deveria se concentrar e me fazer parecer uma pessoa normal.
- Fornix? Isso parece uma derivação do verbo fornicar. Será que meu fornix se fodeu por fornicar?(Comecei a rir em voz alta).
- Hum?
- Nada não doutor, é que tá fazendo cócegas.
- Você já teve cálculo renal?
- Olha bem pra minha cara doutor. Eu lá tenho cara de quem fica colecionando pedrinhas? Hum...não!
- Então tá! Vejo algum crescimento de células.....(javanês).....mas não fique preocupada, não é nada grave, é só controlar isso periodicamente.
- Belê! Valeu doutor, você é bonito, mas até nunca mais!

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No elevador, em casa

Luis desceu para abrir a porta e do jeito que desceu, subiu sem me olhar na cara.
- Puxa, não sabia que ficaria tão decepcionado por não ser pai.
Ele olhou nos meus olhos, com olhos tão frios que só os espanhóis como ele conseguem ter.
- Isso não se faz!
- Mas...
- Por favor, não quero falar com você agora!
- Tá bom, tá bom...

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Olhando para a geladeira

- Onlyyyy yyyyouuuuuu (sempre canto essa música quando estou escolhendo algo para comer). Encontrei a tão desejada pizza e zazzz, enfiei uma inteira na boca.
- Isso vai fazer mal ao seu estômago! Olho para o Luis e meu cérebro diz "estraga prazer".
- Já sei, você está dizendo isso porque quer um pedacinho, né não?
- A...
- Pois agora, sou eu quem não vai falar com você!
- E posso saber por quê?
- Porque não se fala de boca cheia!
Disse, metendo o único outro pedaço dentro da boca.

5 comentários:

  1. litiasis renal? celiaquia? diabetes? poca glucosa en sangre? aaaaaaaaaaaaaaaaaaa dios...
    horrible pero gracioso.
    como es que el gel no te dio ganas de hacer pipi? hahahahahahaaaaaaaaaaaaaa lo disfrute (el humor, claro)

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  2. Isso, mesmo, vingança justa de deixar ele sem comer .. sauhsua

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  3. hauihaiuha
    eita jeito divertido de começar minha segunda feira.

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  4. kakakaka sou fão incondicional de seus textos.... adorei a parte da pizza kakkakakaka

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  5. Mi, temos algo em comum, ambas precisam de uns 10 copinhos de agua pra mijar kkkkk...amo suas experiencias..as melhores...viva as Michele's

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