Ainda, lembranças da viagem. Mas agora é um relato do meu primeiro contato com um brasileiro, logo que cruzei a fronteira...
Xereta. Como todo brasileiro, o tio era curioso; perguntava demais e falava muito sobre sua vida. Só dei bola, não porque era bonito, até porque os homens muito mais velhos que eu não me atraem e muito menos quando são casados. Deixei ele falar porque ele era engraçado e em pouco tempo o tinha como um antigo conhecido.
Me contou que viajaria à Florianópolis no carnaval, que sua mulher havia brigado com a manicure que era sua comadre, que a filha menor passou de ano com a melhor nota da escola, e que a filha mais velha havia comprado um carro, porque havia passado num concurso de aeromoça da Tam. O papo estava interessante, quando de repente, ele começou a dar mais detalhes da vida da filha mais velha.
Este senhor, sem meandros, foi me dizendo que sua filha mais velha transava com o seu namorado em casa (isso, na casa dos pais!) e que ele a ensinou como usar o preservativo (???? !!!!). Certamente me espantei com a franqueza e a modernidade do tio, que sem a menor inibição mostrava com o seu dedo o que fez certa vez com uma cenoura. (Não preciso dizer que estávamos dentro de um ônibus cheio de gente, num silêncio mortal, todos a espera de maiores detalhes).
Eu tentava desviar o tema, até porque não é muito agradável falar de sexo da filha dos outros com um desconhecido. Mas me dei por vencida, porque o homem era realmente engraçado e eu não queria cortar o barato do pessoal no ônibus.
- Hum, então o senhor é um pai moderno?
- Sou minha filha, prefiro ter uma filha que transa com o namorado em casa, do que uma perdida que dá pra todo mundo.
- Interessante sua forma de ver as coisas...Meu pai jamais pertimiria isso.
- Isso é besteira. Deus me livre de perder uma filha minha pra Aids, e também pro tóxico (na verdade, ele disse tóchico). E eu também já expliquei para a `pequeninha´ como se usa a borracha.
- Mas a pequenina só tem 14 anos!
- Mas tem que saber, hoje as meninas estão se despertando mais cedo. E tem que botar, sabe como é, homem não consegue ver um rabo de saia que quer meter (sim, ele disse meter). Então, tenho que orientar e proteger as minhas filhas. E fico tranquilo saber que está ali no quarto com o namorado, no conforto, e que não está dando por aí e em qualquer lugar.
(Pasma, eu tentava manter toda a naturalidade do mundo, afinal sou uma jornalista e bióloga, prestes a iniciar um mestrado, com 30 anos, viajada. Não, não podia me espantar com um senhor rural que ensinava as suas filhas a evitarem a gravidez e as doenças sexualmente transmissíveis. Tinha que sentir orgulho desse pai visionário).
- Que bom, elas devem ter muito orgulho do senhor!
- Elas ficam meio assustadas com esse meu jeitão, sabe como é. É difícil ter pai assim como eu. Teve um dia que comprei drogas e levei lá pra elas, em casa. Disse que se queriam provar, iam ter que provar ali na minha frente.
- Mas o senhor poderia ser preso ou correr o risco de que elas gostassem!
- Que nada minha filha. A coisa é boa quando é proibida. Se a gente orienta bem os nossos filhos, a coisa proibida perde a graça. Quem gostou de fumar aquele treco fedido foi a minha mulher, mas as meninas nem quiseram provar.
- Tem respeito pelo senhor, imagino.
- E tem. Até o namorado da mais velha que usa brinco, sabe, detesto essa viadagem, homem de brinco, enfim, ele tira o brinco quando está na minha presença.
- Que bom!
- É bom e orientei ele também a botar camisinha quando for transar com a mulherada por aí...
Poderia passar muito tempo descrevendo os absurdos (não tão absurdos assim) que esse senhor me dizia. Ele continuou a falar e eu a escutar e o povo do ônibus a rir da minha situação. Eu estava constrangida, espantada e admirada por esse homem que educava suas filhas com um diálogo franco e realista. Completamente diferente do que faz muitos pais por aí, com seus discursos cheios de puritanismo hipócrita.
Foi uma experiência bacana. Quem diria que naquele dia, naquele ônibus, na véspera do ano novo, eu encontraria alguém como o seu Olímpico? É por isso que nunca nego um papinho com um estranho.
jajaja que situaçao... ele se chamava olímpico? acho q se é assim com essa conversa, ele fez um gol olímpico.
ResponderExcluirque personagem e olha que contraditória a situaçao um homem do interior,do campo com uma visao q poderia ser possivel com um homem de cidade grande, moderno...uhhh
a declaraçao dele é meio forte sim, porque estamos acostumados a viver do silencio, a algo que é proibido tocar no assunto...
mas acho q tem um lado positivo ele ser assim e talvez ele esteja certo com sua atitude moderna de ser ou talvez nao moderna, mas correta de ver as coisas, mas com certeza é algo que choca um pouco. Eu diria q meu pai é um pouco parecido com esse homem e o lado moderno do meu pai, é visto por mim e meus irmaos de forma constrangida e ao msmo tempo hilária, que diga os genros e noras do meu pai q no final nao acreditam no sogro que tem jajaja.
é miche nao há que negar uma conversa msmo, podem sair coisas fantásticas e liçoes de vida.
tem mais estórias pra contar uai?rsrs
Nossaaaaa!!! Que loucura, vou começar a conversar mais com estranhos! Brigada pela visita lá no parafusos, você que escreve muito bem! Muito bem mesmo!
ResponderExcluirMi que otimo seu blog , adorei a historia do tiuzinho moderno , acho que serei assim tbm , nao tao vulgar com meus filhos mas acho que sinceridade é um bom caminho , minha mae sempre deu uns conselhos do tipo , sempre comprou camisinha pra mim desde que tenho 14 anos ( embora comecei a usar com 15) , acho bem melhor qdo a relacao é verdadeira e honesta doque hipocrita pois muitos pais pintam um mundo tao lindo com medo que a crianca se interece pelo lado feio . Sempre soube oque era certo ou errado e acho que isso gracas a um bom esclarecimento de mamae , afinal uma mae moderna é tudo de bom , ainda mais se tratando do vilarejo onde fomos criados , cheio de pais hipocritas .
ResponderExcluirPri:
ResponderExcluirValeu por sempre prestigiar o blog, ainda tão mirradinho de visitas, hehe.
Michele:
Obrigada pelo elogio, gostei muito que tenha gostado! Seu blog sim, é muito legal.
Luiz:
Muito obrigada e acho que você está certo, ser franco com os nossos filhos é o melhor exemplo de jogo limpo.
Beijoss
a tia nao precisava que o seu pài falase da camisinha. aos 14 anos nao hà nada que nao conheca uma crianca do que uma mulher de 50.
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