sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Curta e grossa: chat

Enquanto isso, no escuro do castelo...


- Oi Mi, tudo bem?
- Eda, tudo bem? Que bom te ver no facebook!
- E como vai indo a convivência com o Luis?
- Depende do dia... Hoje, por exemplo, tenho vontade de botar arsênio na comida dele!
- He he, mas isso é normal. Convivência é algo muito difícil mesmo, rs.
- Vai me dizer que você nunca teve vontade de matar o seu marido?
- Umas 5 ou 6 vezes, e olhe que só tenho 7 meses de casada.
- Mas 5 ou 6 vezes por dia ou por semana?

sábado, 17 de setembro de 2011

Primeiro Amor

Para ser exata, foram três tentativas e sempre no mesmo lugar, no paredão da escola. Cada vez que seu rosto se aproximava de meus lábios, a voz da minha mãe soava como um funk desproporcionado, berrando palavras incoerentes em um momento pouco oportuno: JAMAIS QUERO TE VER BEIJANDO AQUELE ESQUISITINHO. De certa forma, concordava com a minha mãe, ele era meio esquisito. Mas era dele que eu gostava, o primeiro menino que eu me apaixonei.


O Ministério dos Blogs Adverte: este texto será um dos mais clichês que tenha lido na vida. Mas que história de amor não o é? (A leitura só será válida, se acompanhada dos 2 áudios, hehe)


 

Outro dia, sonhei com algumas amigas do tempo da escola. Estávamos indo a uma festinha, super animadas, exceto por mim, que não parava de questionar se o tal Diogo – por quem fui apaixonada dos 12 aos 15 anos – estaria na tal festa. (O que mais revolta nos meus sonhos é que eles são sempre fiéis à realidade, não tendo sequer a criatividade de inventar uma historinha mais feliz). Hunf, então, lá estava eu no mundo dos sonhos, angustiada para variar, igualzinho ao que vivi no mundo real...

Diogo não era exatamente bonito. Tampouco tinha uma inteligência ou humor que compensasse. Caminhava feito um orangotango manco, usava um sistema de comunicação incompreensível e nós dois passávamos a maior parte do tempo brigando. Inclusive, ele rompeu um protocolo gravíssimo: leu o meu diário completo, inclusive sobre os meus sentimentos por ele.
Conheci o garoto ajudando-o a não repetir de ano, dando-lhe aulas intensivas de ciências e matemática – isso, porque eu estava na sexta série e ele... na sétima! Mas o coração não atua em conjunto com a mente, enfim... logo após à minha boa ação, caí de amores e ele reprovou. No ano seguinte estudamos juntos e, por ter sido a minha primeira experiência com o amor, foi muito difícil lidar com a situação que, cá entre nós, foi bastante cômica. Até hoje, isso é motivo de piada nas reuniões de reencontro de amigos, e não foi diferente quando comentei com minhas amigas o sonho que havia tido.

O engraçado é que ando nostálgica. E novamente, voltei a sonhar com o Diogo. Curiosa, comecei a buscá-lo pelas redes sociais da vida, algo que não existia na nossa adolescência. Teria sido interessante ter postado no meu twitter Diogo da Silva Ribeiro, seu infeliz, devolva o meu diário! Por sorte, não precisei de grandes habilidades jornalísticas para encontrar evidências do tal moço. Achei fotos, vídeos, um recurso audiovisual incrível que resgatou uma série de lembranças deliciosas. Outras nem tanto, mas de qualquer forma, devo tudinho disso a ele.

Diogo gostava de mim. Fingia que não, mas tão boba eu não era. Tá bem, eu era uma boba ao quadrado, porque todas às vezes que ele se aproximava de mim, eu dava um jeito em espantá-lo. Muito provavelmente, eu criava esse mecanismo de auto-defesa apenas para evitar o sofrimento. Pura bobagem, de certo, mas o que se pode esperar de uma adolescente de 12 anos? E foi numa relação de amor e ódio que estudamos juntos, que fiquei ainda mais apaixonada e pior, quando senti as primeiras dores da rejeição. Pois como eu não dava bola, tempo ele não perdia, e buscava outras meninas para sair. Recordo quando ele beijou na minha frente uma de minhas melhores amigas!!! Foi muito doloroso e aquilo alimentou ainda mais a minha bronca e a vontade de tê-lo longe de mim.

Mas certa vez, em um aniversário de um amigo nosso, estávamos os dois na festa. Eu já estava bastante decepcionada e disposta a esquecê-lo. Dizia coisas terríveis a ele, sem mostrar qualquer remorso (claro que depois me arrependia). Então, voltando à festa, havia começado a rodada de músicas lentas. Juro gente, no meu tempo dançávamos músicas românticas (tema internacionais de novelas, rs). Após muita insistência, fui dançar com um amigo e o Diogo ficou um bom tempo nos observando. Tenho que admitir galera, foi uma das cenas mais fofas da minha vida. Ele levantou, veio em nossa direção e delicadamente perguntou se podíamos dançar. Sinceramente, não tive tempo pra pensar e quando dei por mim, estava de rosto colado. Entre tremedeiras e preocupação (pois tive que levar meus irmãos à tal festa), confesso que quase fui às nuvens. Tá certo que esse episódio me rendeu muita chantagem, e durante uns 6 meses tive que pagar aos meus irmãos muita propina na forma de chocolates e chicletes, tudo para a minha mãe não ficar sabendo. Mas acho que valeu a pena. Foram duas músicas dançadas e todas as palavras que eu queria e precisava ouvir dele. Lógico que não nos beijamos ali. O primeiro beijo aconteceu quase dez anos depois, em uma praia de Florianópolis, longe de meus irmãos e do Diogo.

E se a mulher é tinhosa, posso afirmar que eu fui excessivamente. O paredão da escola foi prova disso. Três vezes a mesma cena: ele me abraçando, olhando nos meus olhos e um sorriso nos lábios repetido a frase: finalmente com você. Não sei por que ele falava isso, mas era uma espécie de abracadabra aos avessos, pois minha vontade de estar com ele esvanecia automaticamente. E a voz da minha mãe aparecia toda estridente no meu cérebro, JAMAIS QUERO TE...
Foram anos nessa indefinição, onde ambos saímos machucados. Depois soube que ele estava atrás de uma japaponesa dentuça. Oriental por oriental também era, só não tinha aqueles dentões exuberantes da Wendy! (Pasmem, a japa acabou se casando com o tio do meu primo...mundo pequeno este!). Enfim, o Diogo decidiu se afastar de mim em absoluto e aos poucos, eu também o esqueci. Nunca mais vi ou soube dele...

Embora tenha passado muitos anos, Diogo, onde quer que esteja, jamais esquecerei da cena de eu procurando o diário e você o exibindo com aquele sorriso tenebroso, balançando o pequeno livrinho em suas mãos, hahahahahaha. Só de lembrar me dá calafrios!
Agora falando sério, estranho ou não, você fez parte de uma época maravilhosa de minha vida e para mim, isso é motivo suficiente para jamais esquecê-lo. Muita luz na sua vida, meu querido!

Um beijo da Michele (que continua magrela, mas com alguns fios brancos e cheia de saudades)

Músicas que fizeram parte dessa sessão nostálgica:


  


 


Músicas dançadas com o Diogo na festa do Georgete (Disco "Bebê a bordo internacional", rs):


 


 







sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Maria do Bairro ou Paola Bracho?

Quem é que nunca teve uma crise? Financeira, existencial, no relacionamento, dos 30, 40...São tantas delas, que eu me sinto super normal quando vivo uma. Tá certo que é uma merda e ninguém gosta de estar deprimido e ver parte do seu mundo se perder em um buraco. Ou pior, ver todo o seu mundo ser tragado por um buraco. Assim que, entre chorar e espernear as desgraças da vida, prefiro me antecipar e acomodar um assento na primeira fila, ascender um charuto e gritar a plenos pulmões "CAIAAAA, CAIA BEEEM FUNDO, NO BURACÃÃÃO, MAS TENHA A CERTEZA DE QUE DELE SAIREI". 

Para ser sincera eu não tenho a fórmula da felicidade e se tivesse, certamente estaria enchendo o bolso de grana com ela. Sendo assim, me dou a liberdade de achar que em momentos de grande dificuldade na vida não serve para nada ser a vítima. No meu caso, ou melhor, no caso de uma amiga (juro que é uma amiga e não é imaginária), ela passou anos lamentando o fato do namorado não querer se casar, de ele não querer dividir um espaço juntos, enfim, de ele não querer ter os mesmos projetos que os dela. Foram anos entre rupturas e muito desgaste, até ela perceber que mostrar esse lado demasiado flexível de sua parte diminuía a sua autoestima, não solucionando absolutamente nada dos seus problemas, levando-a a uma crise pessoal muito maior. 

Um dia, ela estava aos soluços no banheiro da empresa e aquilo me gerou uma raiva tão grande que comecei a ler técnicas de lavagem cerebral na internet, para persuadi-la a deixar o tal homem. Mentira! Tudo o que fiz foi bater naquela porta, como boa intrometida que sou, e esperar que ela a abrisse, porque sequer amiga minha era. Ela abriu a porta e o coração e eu escutei tudinho o que ela tinha para falar. Resumindo a ópera, ela queria uma vida independente, ter sua casa, suas coisas, construir essa vidinha de conto de fadas junto com o namorado. Era tudo muito básico o que ela queria (é garotas, nós mulheres somos muito pobres de imaginação quando se trata do que desejamos de um homem). Com paciência japonesa herdada de meus ancestrais, fiz ela enxergar que aqueles eram projetos dela e não do namorado. E se aquele homem que ela escolheu não pudesse sequer compartilhar parte de seus projetos, então era o momento de buscar outro candidato. Não foi fácil e não é fácil pensar e agir assim tão friamente. Ela sofreu muito, teve outras novas recaídas, até finalmente perceber que ser a vítima não resolvia nada. Algumas semanas de isolamento fez com que ela compreendesse a crise em que vivia e a respeitar também qualquer decisão que tomasse.. Minha amiga, hoje ela é uma grande amiga, decidiu por um fim naquela relação de 4 longos anos e de refazer a sua vida. Sua missão a partir daquele instante foi a de escalar o buraco no qual havia caído.

Com esta história concluo, que nós mulheres gostamos de estender o nosso período de sofrimento sem sequer dar um tempo para entender o problema e solucioná-lo. Me pergunto será um capricho do sexo frágil? Não sei. Só sei que em momentos como este, quando tomamos a decisão de escalar o buraco no qual nos enfiamos ou que fomos enfiadas, é neste exato instante que decidimos o tipo de protagonista que seremos do nosso próprio drama: Maria do Bairro ou Paola Bracho.

A minha amiga decidiu ser a segunda personagem. Ela deu a volta por cima literalmente e hoje me enviou um e-mail contando que já estreou o seu novo apê e que está refeita para todas as boas coisas que estão por vir, inclusive para enterrar o filho da mãe que a fez sofrer tanto. 
Viu mulherada, é possível sim superar as crises, e as de amor também! Muitas felicidades pra você Euge, muitas felicidades para todas as mulheres guerreiras que amam, sofrem e que não têm medo de cair no buraco e sair dele quantas vezes forem necessárias. Felicidade a nós mulheres que adoramos um bom dramalhão mexicano...


 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tô me lixando pra você

Sinceramente, se você foi pedida em casamento, está grávida do seu primero filho ou fará um cruzeiro pelo Caribe, isso não me importa. E não espere de mim um ¨que maravilha, você merece¨. Simplesmente, porque a felicidade alheia me deixa de muito mau humor.

Mãe é sempre uma fábrica de boas notícias... Dos outros, é claro! Quando você está quase tragando uma caixa de valium por dia, lá vem ela com sua contribuição mortal, aumentando efetivamente a sua dose de infelicidade. "Fulana tem carro melhor que o seu. Beltrana está mais bonita que você...". Acho que ela não sabe, mas ela contribuiu severamente para que eu desenvolvesse um mecanismo muito efetivo dentro de mim, chamado desdém para as boas notícias alheias.

- Filha, a Cristina conseguiu entrar no Liceu, olhe que orgulho. E você, por que não consegue? Ou:
- Chela (ODEIO que me chame de chela), sua prima do interior, aquela que estudou odonto, está ganhando o dobro de você. Por que você não fez odonto também? Quando ela quer, pode ser ainda mais cruel, atuando como se realmente me odiasse:
- Lembra daquela sua amiguinha que ia com você no grupo de jovens? (Como não lembrar daquela desgraçada que me passou piolho num retiro, obrigando-me a cortar o cabelo igual ao da Adriana Calcanhoto?).
- Lembro mãe, e daí?
- Pois é, cê tá sabendo que ela casou com aquele menino que você era apaixonada na adolescência, do grupo de jovens também, aquele que nunca te deu bola...
- Tá mãe, lembro. Que saco, e daí? Certamente, ela conseguiu um emprego numa multinacional, teve um casal de gêmeos e a família é tão fofa, que devem ter sido chamados pra fazer comercial de margarina, né mãe?
- Dos gêmeos e da margarina eu não sei, mas ela foi para a Itália e os dois estão super felizes lá.
- Bom pra eles mãe. (Saco!)

No fundo, sei que ela não faz isso de propósito, até porque se eu desconfiasse disso, injetaria uma caixa de valium na veia dela (só não me pergunte como).

Outro antro de ¨boas notícias dos outros¨ é o trabalho. E bem naquele dia, em que você se sente mais inferior que uma cianofícia, vem aquela sonsa, que você não daria nada por ela, com a maldita frase,                        - Miiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, fui promovida.
- Porra!
- Quê?
- Porra!?
- Mas você não está feliz por mim?
- E por que deveria estar, se quem teve aumento de salário foi você e não eu? (Claro que não digo essas coisas, mas penso, ahhh se penso!).

Sendo assim queridos leitores, quando tiverem uma super boa notícia para me contar, tenham a gentileza de GUARDÁ-LOS PARA SI. E se isso não for suficiente, criem uma conta no Twitter e contem tudinho ali. Afinal, o meu eu não uso mesmo. E se ainda não está convencido das minhas dicas, preste atenção seu bosta, TÔ ME LIXANDO pro seu dinheiro, pra sua casa na praia ou pra sua festa de casamento em Veneza. E se me convidar pro teu noivado ou chá de bebê sua vaca, esteja certa que irei cuspir na sua bebida. E não brinque comigo!

sábado, 2 de julho de 2011

Michele e seu epitáfio

Quem é que não quer deixar algo de si para o mundo? Os mais atrevidos deixam descendentes, os criativos suas obras de arte, os infelizes deixam dívidas e os desocupados lançam textos sem sentido em seus blogs!

Já vou logo avisando que a ideia não foi minha. Até porque, jamais pensei que tivesse algo de interessante para deixar ao mundo. Mas tudo começou quando a Damaris fez o dela, estimulando a Carolina a criar um também. Ambos textos carregados de palavras doces e otimistas. E numa espécie de desafio, a Carol pediu a todos os seus leitores que elaborassem o seu epitáfio. Demorei meses pensando no meu. Então hoje, finalmente apresento a vocês uma carta, na qual nomeio a todos os que serão contemplados pela minha herança:


Bandos de filhos da mãe.

Quando os desejos expressos nesta carta forem de fato realizados, é certo que estarei morta. Isso gerará um pesar muito imenso dentro de mim, pois para muitos, a vida terá mais sentido com a minha ausência. Mas minha personalidade sádica encontrou uma forma para que eu descanse em paz. E isso se fará através de meus objetos, desejos e recordações que, desde então, farão parte de suas rotinas (risos macabros).

Comecemos pelos inimigos. Fabiano, Leonardo, Reginaldo, Valéria, Vanessa Souza e uns tantos outros filhos da puta que arruinaram a minha infância, acabando com a minha autoestima quando me chamaram de diabo loiro, bambu, vassoura do demônio e coisas a fim. Deixo a vocês as minhas capturas de imagem realizadas em seus respectivos Facebooks e Orkuts, comprovando suas obesidades, calvices, mal gostos e feiuras.

Aos familiares que detesto. Vilma, minha prima, a você deixo uma faixa confeccionada por mim, que diz ¨Miss Anta¨. Vai ficar bem fashion para quando for nessas suas festas country. E no verso da faixa, ainda haverá algumas descrições do tipo: ¨vaca peituda, burra¨. Tio João. Sinceramente, acho você um cretino, um desgraçado. Para você, fica a minha passagem para o inferno. Só que o seu vôo é sem escalas no purgatório. Tio Zeca. Você que gosta tanto de beber, ficam algumas garrafas de Campo Largo e Canção, para que você morra logo de uma cirrose fulminante e deixe de falar mal da vida alheia.

Aos familiares que detesto moderadamente. Soooooogra, querida! Você que é tão fina e elegante, ficam as roupinhas que comprei no Brás, na minha última viagem a São Paulo. E de lambuja, as que comprei em ¨Once, también¨. Ah, o seu pé de manjericão italiano não morreu por adaptação, conforme expliquei. Foi óleo quente, viu? Marisol, cunhada idiota, juntamente com a debiloide da sua irmã Paula, deixo a vocês um desejo. O desejo de que um dia sejam pobres, miseráveis e que aprendam que o dinheiro não é tudo nesta vida. Ah Paula, a sua orquídea morreu porque ela também foi batizada com óleo fervente.

Ex-namorados ou amores platônicos. Martin, te deixo um ¨vai se fuder, ao Fernando um ¨me esqueça que nunca fui pro teu bico¨ e aos outros que algum dia não me deram bola, um ¨vai tomar no cu, seus cretinos¨.

Síndica do Ouro Branco em Guarapuava. Gorda oxigenada, solteirona e infeliz. Deixo a você uma ocupação dos Sem-Teto no seu bloco, que é pra você ver o que é barulho e despesa com produtos de limpeza (super faturados). E a você, porteiro bigodudo e mal humorado, uma coleção de fitas do Beto Barbosa, para animar suas noites abaixo de zero, nesse lugar que é uma réplica de Varsóvia.

Ficam aqui expressos os meus mais sinceros desejos.
Ass: Desocupada que Lança Textos sem Sentido em seu Blog, vulgo Michele Mitsue.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O feijão e a preguiça mental

O feijão é o grande responsável por este momento tão improdutivo sofrido por este blog. Minha transição de um país a outro, somado à ingestão dessa leguminosa - que novamente está sendo incorporada na minha dieta, desviam os meus pensamentos para duas coisas: o Brasil é abençoado por ter no seu cardápio tamanha iguaria e o feijão é incrivelmente uma ameaça aos meus intestinos e à minha criatividade. Não consigo comer só uma concha, e por comer muito, fico preguiçosa.

Portanto pessoal, peço desculpas. Neste meu processo de readaptação, quero dedicar-me exclusivamente a comer feijão, e quando não houver nenhuma abobrinha interessante por essas bandas, peço a vocês que dêem um pulinho em outro blog que, como este, às custas de grandes esforços, tento manter atualizado:
http://ideiasnoraskunho.blogspot.com/

Viva o feijão!
Beijocas,
Mi

terça-feira, 5 de abril de 2011

Você se sente feia hoje?

Que vivemos num mundo cheio de rótulos, isso não é novidade. E que somos castigados por padrões que determinam como devemos ser, vestir, amar, etc, também não é nenhuma novidade. Tampouco é nova, a ideia de que a frustração do homem na era pós moderna é promovida por essa "filosofia" superficial que nos bombardeia diariamente pelos meios de comunicação, nas conversas com os nossos amigos, nos livros, revistas, cartazes, músicas e nos pacotes de cereais. Também acho uma loucura tudo isso, mas este é o mundo em que vivemos...

Nunca fui fiel à moda, até porque acho isso uma ridiculez. Não acho abominável ser mal vestido. Parece estúpido que uma pessoa viva a sua vida em função de ser uma embalagem bonitinha para agradar aos outros, sequer para si mesmo. No meu caso, onde trabalho, procuro esculachar a moda, mesmo estando em um universo de executivos da área da tecnologia e da comunicação, que no geral adora difundir a onda cool.

Hoje, no escritório, senti uma certa ponta de ofensa quando minha chefe quis insinuar que sou pouco  produzida. Tá bem, concordo, mas sinceramente, não tenho saco pra moda e prefiro investir o meu dinheiro em viagens, livros, porque isso sim é cool, na minha opinião. Confesso que a insinuação me deixou fora do ar por algumas horas. Até considerei a possibilidade de comprar uma dessas revistinhas patéticas ou até mesmo baixar um Sexy on the City e ver o que as garotas norteamericanas ensinam para estar bem vestida. Mas por sorte, este momento de insanidade durou o suficiente para eu me dar conta de como somos influenciáveis pelo o que os outros pensam e que é preciso ter pulso firme e fortes propósitos para não cair na armadilha de fazer o que todo mundo faz. 

Olhei para a minha chefe: bonita, nem tão bem vestida assim. Miúda por uma magreza exagerada, de semblante triste e descuidado. Corcunda, provavelmente pelo peso da tristeza que leva dentro de si. A mulher é um poço de competência, mas antes dos trinta já leva consigo um divórcio, é solitária, não tem amigos, solteira da silva. Eu, nem tão bonita assim e com a postura de ex bailarina clássica que sofre de dor coluna, pelo fato de ter dado duro na adolescência como voluntária de uma ONG dedicada à ajudar tribos indígenas, miseráveis e sem-teto, posso me considerar feliz. Acho que por me sentir de certa forma realizada e por poucas vezes ser afetada com a opinião alheia. Tenho poucos grandes amigos, mas esses são como verdadeiros irmãos. E não estou sozinha não. tenho um namorado que, embora me estressa bastante, sei que me ama e é um puta de um companheiro.
E fazendo essa autoanálise, pensei que ao invés de investir em cremes, acho bacana gastar o meu dinheiro em cursos na ONU para aprender sobre os conflitos africanos, árabes, humanos. Entender sobre as guerras, ajudar em boletins como voluntária na Anistia Internacional e sonhar, quem sabe um dia, em trabalhar numa grande organização mundial ajudando outras pessoas. Que linda que sou! E olha, não estou pregando que devemos ser descuidados, pouco vaidosos, nada disso. Só penso que, depois desta autoanálise, reforço que devemos prestar menos atenção ao que vem de fora e tentar cultivar o que está de melhor dentro da gente. Buscar um certo aperfeiçoamento a cada dia, não nas marcas de roupas que usamos, mas sim, no que aprendemos e no que deixaremos para as futuras gerações.

Se como eu em algum momento você se sentiu feia hoje, pense nas coisas bonitas que você já fez nesta vida, inclusive para outras pessoas. E se ainda não o fez, faça! Pois este é o melhor tratamento de beleza que a sua alma poderá receber de você.
Beijos!

terça-feira, 22 de março de 2011

A eterna busca

Quando nascemos, entramos a um mundo onde tudo já pertence a alguém. Você quando nasce, pertence aos seus pais, que pertence a uma família e a uma sociedade que, ano pós ano durante o seu desenvolvimento, faz você sentir o compromisso de que um dia certamente alguém te pertencerá. Ou que você pertencerá a alguém. E a nossa vida passa em função desta incrível, incessável e solitária busca que na maioria dos casos, faz a gente se sentir fracassado, pois nos decepcionamos com o que encontramos para nos pertencer.

Nós, principalmente as mulheres, sustentamos um forte desejo de ser de alguém. E se chegamos a ter "um dono", esperamos que nos cuide com a mesma dedicação com a qual realizamos a árdua busca, simplesmente porque ela não é fácil. Digo isso porque assim como eu, todas as mulheres que conheço idealizam o amor, achando que uma vez terminada a busca, a missão está cumprida. Mas acontece que cada um de nós somos um universo e a perspectiva das pessoas mudam conforme os olhos que a enxergam. Então, não importa o quanto e como você dê, porque para cada indivíduo, no seu universo, o recebido nunca estará coerente com o que achar merecido. E outro segredinho é que quase sempre não percebemos o que o outro deseja de nós. E é aí que começam os desentendimentos, porque esperamos nos sentir especiais, amados e se não é assim, nos frustramos, nos tornamos exigentes demais, e a relação vai se deteriorando a ponto de acreditarmos que o encontro de tal busca foi um erro.

Esses desentendimentos podem estar associados ao fato de que somos seres de pouco auto-conhecimento, não em nível de indivíduo, mas em nível de espécie. E como crianças bobas, geramos expectativas absurdas, sonhamos uma realidade incoerente onde quase sempre, apenas uma das partes a vive. E aí, aparece de novo a frustração, por notar que a coisa não é recíproca. Então, o que bate é a sensação de desamparo, e que nos equivocamos de dono, restando apenas a possibilidade de refazer as malas e escapar pra buscar de novo.

Estando preparado ou não, recomeçar é muito difícil. Pois o recomeço por si só é ranso e é inevitável sermos  zombies ressentidos e desacreditados, porque ficamos desesperançosos e que investir no final das contas, é um erro certeiro.
Então gente, descobri que existem três verdades absolutas nesta vida: ninguém é de ninguém - pois nada é para sempre, tudo tem seu ciclo; Se as relaçoes não funcionam, é porque na maioria dos casos um dos donos esqueceu de cuidar da sua propriedade, assim como de demonstrar o quão valioso essa propriedade é para o seu dono; E todo mundo, por pior que seja, quer ser amado. Se não reconhecemos essas três verdades, sinceramente, estamos condenamos a uma eterna e frustrada busca...


domingo, 20 de março de 2011

Ressentimento no dia de São Patrício

Minha mãe já dizia que o homem da sua vida não pode ser encontrado numa noite de bebedeira. Concordo, exceto se ambos forem alcólotras e não tiverem problema algum com isso...
Eu não tenho problema com as bebidas, ao contrário. Elas me deixam mais soltinha, desinibida, simpática mesmo. E como esta semana foi o tal dia de São Patrício aqui em Buenos Aires, e eu jamais havia presenciado a celebração, me mandei pra gandaia.

Me desiludi um pouco com a festa, porque sequer gandaia havia. Nem gente bêbada. Havia sim, alguns alterados, mas nada de muita pegação, micos e afins. Só um bando de gente de 30 pra cima, curtindo um som dos anos 80. Minha amiga, a que teve a brilhante ideia de ir ao pub em que fomos, logo achou um cara bonitinho para se amassar. Inveja dela, porque não tenho tanta facilidade para me envolver com alguém. Sou muito exigente, mesmo alcolizada.

A sorte é que o bonitinho da minha amiga tinha um bonitão de companheiro. E que homem! Alto, olhos azuis (olha que nem gosto de olhos claros), engenheiro... meu número. Vi que a teoria da minha mãe finalmente caía por terra, porque, além de perfeito, o cara estava interessado na pessoa que vos escreve. E conversa vai e conversa vem, tentativas de beijo e nada. Não porque o engenheiro não quisesse. Era insistente até demais pro meu gosto, mas percebi que ainda tenho problemas para beijar um desconhecido, por mais lindo e rico que seja. Investi no álcool a ponto de não importar que a cerveja tivesse uns 35 graus. Mão na minha cintura, palavras de estímulo e eu nada, estava mais copenetrada no We are the champions do Queen que outra coisa.

Certa vez, meu irmão disse que quando estamos embriagados, mostramos o nosso verdadeiro eu, e puta que pariu, o meu verdadeiro eu é sem dúvida uma virgenzinha pudica. E o cara era tão fofo... dizia que eu era linda, que tinha olhos exóticos maravilhosos...me abraçava com tanto carinho que quase me apaixono, de tão carente que ando. E ele estava ali de bandeja para eu degustar, só que havia algo que me inibia.  Sério gente, naquele instante pude experimentar a sensação de um homem broxa, porque era incapaz de tocar meus lábios nos dele. Minha amiga estava em altos amassos, enquanto eu e o bonitão - de mãos dadas feito dois colegiais, olhávamos a pegação dos nossos amigos. Consciente de que não ia rolar nada mesmo, fiz o pior que uma mulhr pode fazer. Me despedi com um beijo no rosto e desejei boa sorte ao infeliz  com um "você é um querido e espero que sua noite termine bem, você merece". Tá certo gente, entendo a frustração do cidadão, mas eu só quis ser gentil ante esse mundo tão cruel! E sabem o que recebi? Sabem? Sabem? "Vai pra casa sua velha amarga, pode deixar que vou terminar a minha noite muiiiito bem, melhor que a sua, com certeza!".

Hunf, depois dizem que nós mulheres somos as ressentidas! Hahahaha

quinta-feira, 3 de março de 2011

A menstruação

Hoje tive um momento filosófico com a minha menstruação. Enquanto olhava o sangue denso se desfazer na água, lembrei de mim alguns anos antes. Desejava profundamente não ter óvulos, evitando assim as cólicas e a desagradável sensação de estar usando fraldas.

Mas hoje foi diferente. Enquanto o vermelho se convertia em translúcido naquela água desolada, senti o pesar do desperdício, como se estivesse perdendo algo precioso. O sarcasmo foi inevitável e com uma ponta de tristeza pensei "quanto tempo me resta para encontrar o espermatozóide herói que fará desses óvulos uma continuidade do meu ser?"

É deprimente, eu sei, mas não esperem muito de mim pessoal, foi pura filosofia de banheiro, mesmo.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ano novo, vida nova?

Depende. Acho que as grandes mudanças que tanto esperamos para um novo ano, na verdade é uma invenção que criamos para poder sobreviver a realidade que vivemos. E não está mal criar essas mentirinhas. Até penso que elas nos ajudam a refletir uma série de coisinhas que passam em branco na maior parte do tempo. Por exemplo, quando é que a gente leva a sério que estamos acima do peso? que devemos deixar de fumar? trocar de namorado? ou fazer algo que a gente realmente gosta? Pensamos nessas questões "existenciais", apenas quando um ano está prestes a começar, e o mais triste disso é que elaboramos uma lista enorme de metas que nunca são cumpridas.

No meu caso, adoro empurrar com a barriga as coisas que me incomodam ou renuncio o que realmente quero fazer, porque estou pensando nas outras pessoas. Percebi, que isso foi gerando um desgosto tão impossível dentro de mim, que nem eu mais me suportava; puro resultado de ter sido corrupta comigo mesma, de me prometer coisas e não cumpri-las. Exemplo disso, é a minha grande frutração de não poder viajar e conhecer outros países porque o meu namorado ainda está estudando a graduação dele. Coitado, ele realmente não pode me acompanhar em grandes viagens, e por não me animar a viajar sozinha, fico ressentida e frustrada. Até que percebi que o problema estava em mim, na incapacidade de fazer realizar situações que me faziam bem, neste caso, uma viagem interessante. Cheia de culpa e remorso, elaborei um plano de viagem que incluía deserto, montanhas e lugares exóticos com esportes radicais. Chamei um amigo para me acompanhar, e nos mandamos para o norte argentino, seguindo pela Bolívia e Chile. Jamais, em sã consciência, teria feito tamanha maluquice. Ir sozinha, pior, com um amigo ao deserto de Uyuni e Atacama foi o meu grande grito de rebeldia. Naquele momento não reconheci, mas hoje, vejo que isso foi um prêmio mais que merecido. Tive que enfrentar o ciúmes, a reprovação e os meus próprios fantasmas, mas confesso que tudo saiu maravilhoso e estou orgulhosa de mim! Eis o motivo da desatualização deste singelo blog que você lê neste momento.

Com esta experiência, aprendi que a decepção mais dolorosa acontece quando vem de nós mesmos. Se você está a fim de fazer algo por você, não crie barreiras, vá e faça. Vamos cair na filosofia de bar de que a vida é curta, mas é mesmo meu amigo. Por isso, invista nos seus desejos para fazer do novo ano uma vida novinha em folha. Você se redescobrirá numa dessas. Vai por mim!
Related Posts with Thumbnails